Não são muitas as críticas que dá para se fazer à Honda. Afinal, a marca japonesa levou um de seus pilotos à conquista do título da MotoGP em sete das últimas nove temporadas.

Mas a principal delas é que nos últimos anos a fabricante entregou o desenvolvimento de suas motos a Marc Márquez. Como resultado, o espanhol tem conseguido inúmeras vitórias, títulos e está se aproximando dos maiores recordes da categoria. Mas do ponto negativo a moto se tornou um equipamento difícil de ser guiado, que apenas Márquez é capaz de domar.

Basta ver como foi o desempenho de seus companheiros nas últimas temporadas. Em 2018, Dani Pedrosa foi o 11º no campeonato. Já Jorge Lorenzo, no ano seguinte, foi ainda pior: 19º na tabela e jamais tendo fechado uma prova entre os dez primeiros.

Como consequência dessa estratégia, a Honda se tornou ultra-dependente de Márquez. Se não puder contar com o espanhol, as chances de conquistar um bom resultado praticamente desaparece.

E é justamente esse o pesadelo que a fabricante japonesa está vivendo neste momento. Com Márquez tendo sofrido um forte acidente e quebrado o braço na etapa de Jerez de la Frontera, que marcou o retorno da categoria após a pausa provocada pelo novo coronavírus, as chances de bons resultados para a marca diminuíram bastante.

Seu companheiro de equipe é o próprio irmão, Álex Márquez, que passou longe de ser competitivo na estreia na MotoGP. Largou em 21º – na penúltima colocação no grid – e terminou um pouco melhor, em 12º. Ou seja, não dá para esperar que ele suceda o irmão e brigue pela vitória já neste fim de semana.

E a situação não está muito melhor na LCR, a equipe satélite da Honda. O veterano Cal Crutchlow, que já triunfou três vezes na MotoGP, também se acidentou em Jerez e precisou ser operado. Mesmo que ele compita na segunda etapa do ano, não estará nas condições físicas necessárias para liderar a montadora.

Já Takaaki Nakagami, parceiro de Crutchlow na LCR, tem evoluído na categoria e passou boa parte da temporada passada entre os dez primeiros colocados. Mas ainda está muito distante de um dia poder lutar por pódios e vitórias.

Pior resultado da história da Honda na MotoGP?

Com Marc Márquez e Crutchlow machucados e Álex Márquez e Nakagami ainda evoluindo, a Honda pode ter neste fim de semana, na segunda parte da etapa de Jerez (chamada de GP da Andaluzia), uma de suas piores exibições na história da categoria.

Talvez isso explique a pressa para ter Marc Márquez de volta o quanto antes. O espanhol, inclusive, vai tentar participar da prova, menos de uma semana após ter sido operado.

Do lado competitivo, essa pressa faz todo sentido. Somente ele tem sido capaz de alcançar bons resultados para a fabricante. Além disso, por essa temporada ser mais curta por causa da pandemia, qualquer corrida perdida vira um prejuízo muito maior. Depois pode não dar tempo de se recuperar e tirar a diferença que o separa dos líderes.

Por outro lado, sempre existe o risco de agravar a lesão em um novo acidente, o que acabaria de vez com o ano da Honda.

Enquanto Márquez ainda não sabe se corre em Jerez e a Honda vive seu pesadelo, ao menos parte do problema tem solução. A fabricante já anunciou a contratação de Pol Espargaró para 2021. E caberá ao atual piloto da KTM dividir com Marc Márquez a responsabilidade de andar na frente enquanto Álex Márquez e Nakagami anda tentam se firmar na MotoGP.

foto do topo: gold & goose/red bull content pool

Honda MotoGP machines RC211V, RC212V and RC213V
No momento em que poderia liderar a Honda da MotoGP, Cal Crutchlow também está machucado – foto: honda/divulgação
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