Você sabia que a Formula E deu um empurrãozinho para que Daniel Serra estreasse na Blancpain GT America (antiga Pirelli World Challenge), no último fim de semana, em Watkins Glen, quando conquistou duas vitórias?

Esse é um bom exemplo de como as negociações no automobilismo muitas vezes acontecem por acaso, e é muito importante para qualquer piloto estar no lugar certo e na hora certa.

Tudo começou quando a Formula E divulgou o calendário para a temporada 2019-2020 com três choques de datas com o WEC, o Mundial de Endurance.

Pela proposta original, as corrida de carros elétricos em Seul e na China (ainda sem local definido), além da de 14 de dezembro, também sem uma praça estabelecida, aconteceriam nas mesmas datas que as provas do Bahrein, de Sebring e de Spa-Francorchamps do campeonato de longa duração, respectivamente. Fazendo um parêntese, até agora só a etapa belga mudou de dia para desfazer o conflito.

Por causa desse problema de agenda, alguns pilotos que tinham contrato para correr em ambas as categorias decidiram se desfazer de um dos acordos e focar somente um dos campeonatos.

No caso de Sam Bird, que competia pela Ferrari no WEC e pela Virgin na Formula E, a opção foi rescindir o vínculo que tinha com Maranello e permanecer apenas nos carros elétricos.

Como a temporada 2019-2020 do Mundial de Endurance começou no último fim de semana, em Silverstone, a equipe de fábrica da Ferrari precisava de um substituto para Bird. E o escolhido foi Miguel Molina, ex-piloto da Audi no DTM e que já defendia equipes clientes da montadora italiana.

Só que o espanhol tinha começado o ano na Blancpain GT America pela equipe R.Ferri. E aí houve novo choque de datas, uma vez que o WEC em Silverstone coincidia com a rodada dupla do certame americano em Watkins Glen.

E olha que nem dá para colocar a culpa em Molina. No começo do ano, o planejamento era que ele realmente disputasse toda a temporada da Blancpain GT America. O problema foi o WEC ter passado a adotar o calendário bianual, começando em setembro e terminando em junho do ano seguinte. Ou seja, seu mercado de pilotos se torna bastante ativo no momento em que praticamente todos os demais certames estão no meio de seus cronogramas.

Como o piloto espanhol já era bem avaliado na escuderia de Maranello, era praticamente inevitável que fosse o escolhido para entrar na vaga de Bird.

Sua transferência de categoria, porém, abriu espaço na R.Ferri na Blancpain em Watkins Glen. E a escuderia chamou Daniel Serra.

Daniel Serra nos EUA

O histórico do brasileiro em corridas de longa duração fala por si só. A bordo de outros modelos da Ferrari, cravou a pole para corridas como as 24 Horas de Daytona24 Horas de Daytona, as 12 Horas de Sebring e a Petit Le Mans, além de ter integrado o time campeão da divisão GTE-Pro das 24 Horas de Le Mans deste ano.

O único porém é que Serra nunca tinha andado pela Blancpain GT America.

E qual foi o resultado? Ao lado do veterano Toni Vilander, o brasileiro ganhou as duas corridas realizadas na etapa e marcou a pole para uma delas. Com esse desempenho, o finlandês disparou na liderança da tabela, com 198 pontos, 28 a mais que o Bentley de Álvaro Parente e Andy Soucek, o segundo colocado.

Após os triunfos nos EUA, as atenções de Serra se voltam para a Stock Car, onde busca o tricampeonato.

Você pode clicar aqui para ver os resultados completos da Blancpain GT America em Watkins Glen, assim como os das principais categorias do automobilismo mundial no último fim de semana.

foto do topo: joão filipe/adrenalina media/wec/divulgação

foto Daniel Serra
Daniel Serra saiu do pódio da Stock Car direto para varrer a etapa da Blancpain GT America em Watkins Glen – foto: duda bairros/vicar/divulgação