É sem saber o tamanho real do prejuízo que o WEC, o Mundial de Endurance, se reúne nesta semana, em Barcelona, para dois de treinos coletivos de pré-temporada.
Chamada de Prólogo, a atividade é obrigatória para todas as equipe que planejam disputar a temporada completa, o que dá uma boa ideia de como será o grid do próximo campeonato.
Só fazendo um parenteses, a partir de agora o WEC terá um calendário bi-anual, da mesma forma como acontece com a Formula E, com o futebol europeu ou a NBA. A temporada começará em 1º de setembro deste ano, em Silverstone, e terminará em junho de 2020, nas 24 Horas de Le Mans – e passando por São Paulo no meio do caminho.
E o campeonato de 2019/2020 será uma transição entre as regras atuais dos protótipos LMP1 e os hiper-carros, cuja estreia está prevista para o segundo semestre de 2020. Por enquanto, Toyota e Aston Martin são as duas montadoras já confirmadas no novo regulamento, embora se fale na chegada em algum momento de Ferrari e/ou McLaren.
Só que por se tratar de um ano de transição, o interesse de pilotos e equipes pela divisão LMP1, que vive seus últimos dias, desabou.
Em relação à temporada que acabou na edição das 24 Horas de Le Mans deste ano, a SMP anunciou a saída do WEC, enquanto a ByKolles só deve retornar ao certame a partir do segundo semestre de 2020, já com a chegada dos hiper-carros.
Para tentar aumentar a competitividade, mesmo com a saída dessas equipes, houve mudanças nas regras. Se no ano passado o regulamento impedia a Toyota de perder (salvo problema mecânico ou punição à montadora), dessa vez os carros terão uma espécie de lastro, que aumentará conforme forem obtendo bons resultados.
Na teoria, significa que a montadora japonesa até pode ser desafiada pelos seus adversários.
Mas a grande questão é: quais adversários?
Sobrou apenas a Rebellion. Mas a esquadra suíça já informou que apenas um de seus veículos disputará a temporada completa. O outro ainda precisa de patrocínio para tomar parte de todas etapas, e o mais provável é que ele esteja apenas em Le Mans e em Spa-Francorchamps (já que a etapa belga serve como preparação para a tradicional corrida francesa).
Nenhum piloto da Rebellion está oficialmente confirmado para a nova temporada, mas André Lotterer, Neel Jani e Thomas Laurent já se despediram do time. Os dois primeiros serão companheiros de Porsche, na Formula E, enquanto o último assumiu a função de reserva da Toyota e disputará a divisão LMP2 pela Signatech Alpine, mesmo time do brasileiro André Negrão.
Brasileiros no WEC 2019/2020
Aliás, falando nos pilotos do país, a tendência é que Bruno Senna continue na Rebellion. Apesar de o brasileiro não ter ido bem na última temporada, quando chegou até mesmo a perder a etapa de Silverstone por ter se machucado em uma batida, ele é considerado o líder do time. Então deve ser questão de tempo para ser confirmado.
Quem também está treinando em Barcelona pela esquadra suíça é Felipe Nasr. Atual campeão da Imsa, ele disse que foi chamado há algumas semanas pela equipe, mas ainda não decidiu onde vai competir no ano que vem. E caso ela escolha continuar nos EUA, não será impossível vê-lo no WEC ao menos em Spa e em Le Mans.
A última equipe inscrita na divisão LMP1 da nova temporada do Mundial de Endurance é a Ginetta, que não disputa uma prova da categoria desde as 24 Horas de Le Mans do ano passado. Por esse tempo afastado e por ainda estar desenvolvendo o equipamento, não dá para considerar a fabricante britânica como uma grande concorrente a vitórias.
Outra ausência que será sentida na nova temporada do WEC é a de Fernando Alonso. Depois de vencer as 24 Horas de Le Mans duas vezes, o espanhol deu adeus à categoria e foi substituído na Toyota por Brendon Hartley, diminuindo ainda mais o interesse pelo campeonato.
As últimas duas grandes ausências, que completam o prejuízo do WEC, estão na divisão GTE-Pro, já que BMW e Ford pararam de correr após Le Mans.
A saída da montadora americana já era esperada, uma vez que o planejamento era competir com o Ford GT por três anos – no fim, o carro ganhou uma extensão e ficou na ativa por quatro temporadas. Já a BMW não conseguiu ter bons resultados na categoria, questionou o BoP (a equalização) e se mandou.
Sem a marca alemã, Augusto Farfus também não estará mais no WEC. O brasileiro, por enquanto, vai se dedicar apenas às provas do WTCR, onde anda pela Hyundai, e do IGTC, no qual compete pela própria BMW.
E como Senna e Nasr ainda não estão confirmados pela Rebellion, por enquanto André Negrão, de contrato renovado na Signatech após a conquista do título da divisão LMP2 na temporada passada, é o único brasileiro garantido na nova temporada do Mundial de Endurance.
