Qual era a função de Charlie Whiting na F1? Nos últimos anos, ele acumulava o trabalho de diretor de provas com o de responsável da FIA pela parte técnica – tanto para definir o regulamento quanto para vistoriar os carros – e também com a de homologar as pistas que desejavam receber uma etapa da principal categoria do automobilismo mundial.
Por exercer todas essas atividades é que a FIA teve um enorme desafio ao encontrar um substituto para Whiting, que morreu repentinamente, em março, justamente no começo da atual temporada.
Para a função de diretor de provas, o convocado foi Michael Masi. O australiano, que faz o mesmo trabalho na Supercars de seu país, já atuava como interino e era preparado por Whiting para um dia substituí-lo — só que ninguém esperava que fosse tão cedo.
Como a Supercars é uma categoria de turismo, onde toques acabam sendo inevitáveis, vez ou outra aparecia alguma polêmica em que os pilotos consideravam que a direção de prova foi muito dura ao aplicar alguma punição ou então, pelo contrário, que foi leniente demais e deveria ter penalizado um adversário.
Mas no geral Masi se saiu bem. Em um dos casos mais complicados, na última corrida da temporada 2017, em Newcastle, o diretor de provas levou cerca de um minuto para anunciar que Scott McLaughlin havia sido punido por causar um acidente com Craig Lowndes no começo da última volta.
Sem a punição, McLaughlin teria sido o campeão. Com a penalização, quem herdou a taça foi Jamie Whincup, que pôde comemorar o caneco – o sétimo de sua carreira – imediatamente.
Michael Masi no comando da F1
Na F1, por outro lado, não é raro que investigações de acidentes levem horas, até pela maneira como tudo é avaliado pelos comissários. Caso a Supercars tivesse optado por essa metodologia em Newcastle, seriam horas de espera e um anticlímax tremendo até conhecermos quem seria o campeão.
Mas por se tratar de dois campeonatos tão diferentes, era natural que na F1 o australiano demorasse um pouco até se adaptar e começar a deixar sua marca.
E aos poucos já está começando a era Michael Masi na categoria. Durante o GP da Bélgica, a direção de prova mostrou a bandeira branca e preta para Pierre Gasly, como sinal de advertência – o equivalente a um cartão amarelo no futebol.
O francês estava sendo alertado por ter mudado a tangência bruscamente durante uma freada, prática que não é ilegal, mas costuma ser condenada pelos competidores. Caso Gasly repetisse a dose, poderia ser punido.
Apesar de a bandeira branca e preta não ser uma novidade na F1, fazia mais de dez anos que ela não era usada. A última vez tinha sido em 2010, quando foi mostrada para Lewis Hamilton.
Charlie Whiting não tinha o costume de usar a bandeira. Preferia falar diretamente com as equipe e alertar pilotos que pudessem ser punidos. Já Masi preferiu resgatar a regra antiga e dar a advertência pública para os competidores. Nesse caso, não há uma maneira melhor, nem uma pior. São só estilos diferentes de comandar um GP.
Mas fica a expectativa para ver quais outras mudanças a F1 terá em seus processos internos com a transição para a era Michael Masi. Ainda mais depois de punições, como a dada a Sebastian Vettel no GP do Canadá e a que não foi aplicada (ainda bem) em Max Verstappen no GP da Áustria, marcaram a primeira metade da temporada 2019.
Você pode clicar aqui para ver os resultados completos do GP da Bélgica da F1, assim como os das principais categorias do automobilismo mundial no último fim de semana.
foto do topo: daimler/divulgação
