Antes do início da temporada 2021 da F2, da qual se sagrou campeão, Oscar Piastri não era uma unanimidade. É verdade que ele vinha de títulos seguidos na F3 e na F-Renault Eurocup, mas esses campeonatos tiveram decisões atípicas, e faltava ao australiano convencer que era um piloto completo, pronto para voos maiores.

Na F3, por exemplo, a taça do ano passado veio depois de ele não largar nenhuma vez na primeira fila em toda a temporada. Na última rodada de 2020, em Mugello, seu desempenho na sexta-feira foi ainda pior. Classificou-se em 16º, enquanto seus principais adversários ficaram dentro do top-5.

O título só veio porque Logan Sargeant, então seu companheiro na Prema, bateu no início da última bateria do ano. Já Theo Pourchaire, da ART, precisava fechar no top-2, mas acabou a prova decisiva em terceiro.

Na F-Renault de 2019, Piastri contou com o regulamento para derrotar Victor Martins.

Uma das provas de Hungaroring daquele ano foi realizada debaixo de muita chuva. As condições eram tão ruins que o australiano abandonou ao rodar ainda na volta de apresentação. Martins venceu, mas levou somente 12,5 pontos (em vez de 25), porque a disputa foi interrompida após três voltas.

Como a diferença entre ele e Piastri no fim do campeonato foi de 7,5 pontos, caso a corrida tivesse a pontuação toda sendo distribuída, a taça poderia ter mudado de mãos.

E o próprio australiano sabia que precisava convencer. Em uma entrevista após o título da F2, concordou que, nos anos anteriores, teve como principal mérito permanecer na pista e somar pontos de forma consistente enquanto seus adversários se acidentavam.

Os números de Oscar Piastri na F2 2021

Só que, caso houvesse alguma dúvida sobre o talento do australiano, ela acabou após a F2 em 2021. Correndo prela Prema, Piastri teve um desempenho dominante. Se o título da F3 veio sem largar nenhuma vez da primeira fila, na F2 foram cinco poles consecutivas, marca que na história da categoria só foi superada por Charles Leclerc (com seis) em uma só temporada.

Quatro dessas primeiras colocações no grid foram convertidas em vitória, e Piastri ainda somou outros dois trunfos em provas com o grid invertido, no Bahrein e em Jeddah.

Terminou a temporada com 252,5 pontos, 60,5 a mais que Robert Shwartzman, seu companheiro de equipe e considerado um dos favoritos a ficar com a taça.

O único problema é que Piastri agora se depara com uma indefiniçaõ sobre seu futuro. Acabou sem vaga na F1 em 2022, porque a Alpine renovou os contratos de Esteban Ocon e Fernando Alonso para o ano que vem muito cedo, talvez nem acreditando na rápida ascensão do australiano. E, por ter sido campeão, não pode retornar à F2 para defender o título.

A Alpine já anunciou que Piastri ocupará a função de reserva em 2022, na esperança de ser promovido ao posto de titular em 2023.

Agora resta ver de qual formo o ano sabático poderá afetar o australiano. Se cortará o bom momento e o embalo que ele está vivendo ou se vai servir de motivação para chegar voando na F1 no futuro.

Só tomara que seja uma realidade diferente da vivida por Robin Frijns, holandês que ficou conhecido por também vencer três títulos seguidos (F-BMW, F-Renault e World Series by Renault) no início da década passada. Sem patrocinadores mesmo com as conquistas, não conseguiu nem sequer se firmar na F2 (ou GP2, como o campeonato era chamado na época) e jamais disputou um GP de F1. Hoje é um dos principais nomes da Audi na Formula E e nos campeonatos de GT.

Você pode clicar aqui para ver os resultados completos da última etapa da F2 2022, assim como os das principais categorias do automobilismo mundial no fim de semana.

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Oscar Piastri obteve cinco poles e seis vitórias na campanha do título da F2 2021 – foto: prema racing/divulgação