Felipe Nasr campeão
Foi legal ver o título de Felipe Nasr no carro de cor de banana, mas agora é hora de pensar nos próximos passos rumo à F1

A grande notícia deste domingo, dia 4, no mundo do automobilismo foi o título de Felipe Nasr na F3 Inglesa com duas rodadas de antecipação. Como prometido, ao longo dessa semana, farei uma série de posts aqui no blog sobre a conquista do brasileiro.

Antes de começar, caso você não saiba como Nasr chegou ao título em Rockingham, basta clicar aqui para ler o texto da primeira corrida do final de semana (vencida por Pietro Fantin), aqui para saber como foi a segunda e, por último, aqui para se inteirar sobre a prova decisiva realizada na tarde deste domingo.

Além disso, você também pode clicar aqui e ver o histórico de posts do World of Motorsport que fala sobre o brasileiro e, portanto, ver como foi o ano de 2011 dele.

Nessa série sobre Felipe Nasr, o primeiro texto não fala da conquista em si, mas, sim, sobre onde o brasileiro vai correr em 2012 e quais são as melhores opções para ele. Afinal, vai ser na World Series by Renault ou na GP2?

Carlin World Series
Felipe Nasr pode escolher seguir com a Carlin e tentar o título da World Series by Renault em 2012

World Series by Renault:

Indo direto ao ponto, a maior possibilidade é que Felipe Nasr realmente corra na World Series by Renault. Recentemente, vi uma entrevista do brasileiro elogiando a categoria em detrimento da GP2. Não quer dizer muita coisa, mas é um indício do que ele pode fazer.

Na WSR, a Carlin tem um equipamento dominante. Conquistaram o título da temporada passada com Mikhail Aleshin e podem repetir a dose este ano com Robert Wickens e Jean-Eric Vergne. Na GP2, por outro lado, a equipe inglesa não conseguiu engrenar. Somou poucos pontos com Max Chilton, enquanto o segundo carro viu um rodízio de competidores. No meio desse ambiente, pode ser que o brasileiro tenha visto mais vantagem em ir para a categoria menos badalada.

Claro que uma ida para a WSR não significa necessariamente se manter na Carlin. Há outras boas equipes como a Tech 1 e a ISR, com condições de disputar o campeonato. Vale lembrar que o certame estreia um novo carro em 2012, o que deixa todos os times em condição de igualdade, mas na mesma proporção em que a experiência de um piloto passa a ser fundamental.

Como Nasr planeja chegar à F1 em 2014, talvez esse não seja o melhor passo. É muito difícil imaginar que ele possa pular direto para a F1 se ficar no certame por duas temporadas. Não que seja impossível, mas sem o suporte de uma equipe grande – como os pilotos da Red Bull têm – o brasiliense poderia acabar precisando recorrer a um time pouco competitivo como Virgin ou Hispania. A transição World Series by Renault, GP2, F1 também é difícil, pois obriga o brasileiro a ter um bom desempenho na GP2 já na temporada de estreia.

No outro extremo, a grande vantagem da World Series é poder treinar com a Renault no final do ano em caso de título, algo que pode adiantar a mudança para a F1 em caso de bom desempenho.

Novo carro da GP2
O novo carro da GP2 é caro, mas pode estar esperando por Felipe Nasr em 2012

GP2:

Há um sério problema em ir para a GP2. Precisa de muito dinheiro e vimos o brasileiro durante o ano de 2011 todo com o macacão praticamente sem patrocinadores. No entanto, ainda que seja óbvio que Felipe precise que alguém pague a ida dele para a categoria direta de acesso à F1, pouco importa se o dinheiro vier de patrocinadores, do manager ou da família.

Falando sobre a categoria, na GP2, o buraco é mais embaixo. Apenas a ART e a Addax têm carros competitivos e, a menos que não haja nenhuma reviravolta, só há uma vaga livre nessas equipes (a que foi de Giedo van der Garde no time espanhol) para 2012.

Apesar disso, não é de todo ruim estrear por Racing Engineering, iSport ou Arden, ou ainda Dams e Rapax se forçar um pouco mais. Dito isso, vale o que coloquei acima, quanto melhor a vaga, mais cara ela é e Nasr precisa de alguém que banque.

Ir para a GP2 em uma boa equipe é um bom passo na carreira do brasileiro. Por exemplo, se ele estreia pela Arden e vence algumas corridas, pode significar um passaporte para Addax, ART ou alguma nova grande na temporada de 2013. Em uma situação um pouco mais rara, ele pode estrear pela ART – time que tem um relacionamento longo com os campeões da F-BMW – e ganhar o campeonato a exemplo de Nico Hülkenberg.

Alguém pode dizer que estou sendo cruel em comparar Nasr com Hulk, afinal um acabou de ganhar a F3 e o outro sempre foi considerado um fenômeno. Ok, em 2014, você acha que o brasileiro vai com quem para entrar na F1? Com todo mundo, evidentemente, não importando a experiência nem a idade.

Valtteri Bottas
Talvez um estágio na GP3 possa ser considerado por Nasr

GP3:

Ir para a GP3 só vale a pena se for para conquistar o título e garantir um acesso mais fácil à GP2. O caminho óbvio seria entrar na ART no lugar de Valtteri Bottas, conquistar o título e se manter na equipe no ano seguinte, quando tentará ganhar a GP2.

É improvável que isso aconteça. Nasr foi sondado para competir na F3 Euro Series pela ART quando foi campeão da F-BMW e, se optou por ir à F3 Inglesa naquela época, por que mudaria de escolha agora?

Além disso, o grande atrativo da GP3 é a facilidade para chegar à GP2 e a possibilidade de correr em frente ao paddock da F1. No caso de Felipe, não há tanta diferença entre competir na GP3 ou na World Series em termos de acesso à GP2. Quanto à visibilidade, ele teve bastante quando venceu a F-BMW e certamente está em alta nesse momento, mesmo correndo longe.

F2:

Lembra quando falei sobre a relação entre dinheiro e GP2? Pois aqui o caso é o oposto. A F2 serve para quem não tem dinheiro. Portanto, escolher participar dessa categoria somente é válido em caso de falta de perspectiva financeira melhor.

O grid da F2 costuma ser fraco, e o futuro dos pilotos nunca é brilhante de imediato. Revelando gente para a World Series ou para a AutoGP e afins, seria uma boa alternativa à F3, portanto, mas não à GP2.

No entanto, os prêmios da F2 são muito bons. O campeão ganha um treino com a Williams, enquanto o segundo colocado pode testar com a GP2. Claro que é em uma equipe menor do campeonato de acesso, mas a chance de avanço seria similar a de estar correndo na World Series by Renault.

A favor da F2 contra a World Series pesa o orçamento muito menor, além da maior facilidade para ser campeão ainda no primeiro ano. No entanto, é quase impossível que esse seja o caminho escolhido pelo brasileiro.

F3 Japonesa:

Essa talvez seja a possibilidade mais absurda de todas, mas há algumas vantagens caso seja a escolhida. O primeiro, óbvio, é abrir a possibilidade de contar com um patrocinador do mercado japonês na tentativa de chegar à F1. A Petronas, por exemplo, está amplamente envolvida com a categoria ao patrocinar os carros da TOM’S. A Panasonic está longe da F1 desde o fim da Toyota e esses são só alguns exemplos.

Você pode não saber, mas Adrian Sutil, Pedro de la Rosa e Ralf Schumacher correram no Japão e foram praticamente direto para a F1. Outros pilotos com sucesso na F3 Inglesa também tentaram a sorte no Oriente recentemente. Os outrora badalados Oliver Jarvis, Marko Asmer e Marcus Ericsson são bons exemplos.

Como plano B, Nasr abriria a possibilidade de fazer carreira no Japão, ao melhor estilo JP de Oliveira. Acho que é mais fácil você ganhar na loteria que ele escolher essa categoria.