O virtual safety-car faz corrida ser mais baseada em sorte e em azar. A Ferrari apostou em Montreal e perdeu
O virtual safety-car faz corrida ser mais baseada em sorte e em azar. A Ferrari apostou em Montreal e perdeu

A F1 esteve em Mônaco, há duas semanas, e como se sabe ela não treina na sexta-feira. O dia é reservado às festas e à GP2, que tem sua principal prova do fim de semana.

Neste ano, a corrida teve um desfecho bizarro. Artem Markelov, que havia largado em 15º, foi o vencedor depois de se beneficiar duas vezes do virtual safety-car (VSC)

Explico. O VSC é acionado toda vez que há um incidente na pista, mas não tão grave a ponto de precisar do carro de segurança real.

Quando o virtual safety-car está em vigor, os pilotos precisam diminuir a velocidade o suficiente para atingir um tempo mínimo. O problema é se dois competidores estiverem em pontos diferentes do circuito.

Um carro que está em uma parte de alta, como em retas, por exemplo, precisa tirar o pé mais do que alguém que está num trecho lento, de baixa velocidade. Ou seja, ele perde mais tempo.

Foi o que aconteceu na GP2. Markelov estava entre o cassino e a entrada do túnel, curvas já feitas em baixa velocidade, então não precisou tirar muito o pé, perdendo, portanto, menos tempo.

Norman Nato, o segundo colocado, estava na parte rápida da pista, da piscina à St. Devote. Foi obrigado a baixar bem mais a velocidade que Markelov, deixando preciosos segundos pelo caminho e perdendo muito mais tempo no período.

Como resultado, apesar de o russo ter apenas 15s de vantagem antes do VSC, ele conseguiu parar nos boxes e voltar à frente de Nato para vencer a corrida. A Racing Engineering, equipe de Nato, protestou do resultado, mas viu que nada podia fazer, afinal essa é a natureza do virtual safety-car.

O safety-car normal não tem esse problema, porque obriga todos os pilotos a completarem o mesmo número de voltas em baixa velocidade. Alguém pode dizer que ele elimina as distâncias de um carro para o outro. É verdade, mas não altera as posições e a margem de o safety-car ser acionado quando o piloto está em um ponto ruim da pista (tendo acabado de passar da entrada dos boxes no meio de um dilúvio, por exemplo) é menor.

No caso da F1, Montreal é tudo reta, então o VSC prejudica de forma quase igual todos os pilotos.

Só que eles estão liberados para parar nos boxes nesse período. Como a velocidade do pit-lane está dentro do mínimo necessário que carro precisa atingir durante o virtual safety-car, o pulo da gato da Ferrari era fazer a troca de pneus de Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen e liberá-los à pista.

Como os outros competidores – leia-se Lewis Hamilton – estariam mais devagar por causa do VSC, os carros da Ferrari não perderiam muito tempo nos boxes com relação aos adversários na pista, voltariam muito próximos da Mercedes e com pneus mais rápidos e mais novos.

O problema para a escuderia italiana é que a bandeira verde foi acionada com o alemão já no pit-lane, mas sem ainda ter feito a parada. Como Lewis Hamilton podia acelerar, Vettel acabou perdendo quase todo o tempo normal de uma parada e voltando mais de 10s atrás do piloto da Mercedes, uma diferença a qual o tetracampeão jamais conseguiu tirar por completo.

A questão, portanto, é se a Ferrari como líder da corrida deveria ter aproveitado o VSC para tentar esse pulo do gato ou não.

Você pode clicar aqui para ver os resultados completos do GP do Canadá, assim como os das principiais categorias do automobilismo mundial neste fim de semana.