Kevin Harvick foi um dos poucos pilotos da Sprint Cup a vencer na Truck Series em 2012

Certamente você já ouviu essa estatística em algum lugar: nunca um início de temporada foi tão emocionante, já que sete pilotos diferentes venceram em sete etapas até agora. No entanto, você se engana caso pense que falo da F1. O recorde acima é da Nascar Truck Series, que não tem a mesma badalação dos carrinhos de Bernie Ecclestone, mas também está bastante animada.

Em sete corridas na divisão das caminhonetes da Nascar, em 2012, sete pilotos distintos terminaram na primeira colocação. Tudo começou com o até então desconhecido John King, em Daytona. Depois, Kevin Harvick, Kasey Kahne, James Buescher, Justin Lofton, Todd Bodine e Johnny Sauter também puderam comemorar no Victory Lane.

Aliás, King, Lofton e Buescher tiveram bons motivos para comemorar em dobro, já que eles também venceram pela primeira vez na carreira na categoria. E olha que tudo isso aconteceu sem pneu Pirelli se desfazendo, ou componentes curiosos como Kers, asa traseira móvel ou degrau no bico.

O segredo do aumento da competitividade da Truck Series começa justamente com a saída dos pilotos da Sprint Cup da categoria. Ano passado, além de Harvick e Kahne, Michael Waltrip, Kyle Busch, Clint Bowyer e Denny Hamlin também triunfaram. Fora a vitória de Mike Wallace, em Talladega, embora o veterano não participe da divisão principal há algum tempo.

Em outras palavras, das 25 etapas de 2011, 14 (15 com Wallace) tiveram um piloto da Cup como ganhador. Entre os recordistas, sem nenhuma surpresa, estavam Kyle Busch, com seis conquistas, e Kevin Harvick, com quatro.

Justin Lofton aproveitou a competitividade da Truck Series para vencer pela primeira vez no campeonato

Mas o destino quis que os dois pilotos deixassem a Truck Series. Ainda por conta da confusão na etapa do Texas, quando empurrou Ron Hornaday para o muro, Kyle Busch acertou com Joe Gibbs para diminuir o número de participações nos campeonatos de acesso, disputando apenas a Nationwide em algumas etapas. Harvick, por sua vez, decidiu vender a própria equipe para se dedicar à Sprint Cup e ao filho(a) que está para nascer.

Outro fator que aumentou a competitividade é a renovação natural do grid. Por exemplo, o atual campeão, Austin Dillon, deixou o certame para correr na Nationwide. Em 2011, o americano havia triunfado em duas oportunidades. Ron Hornaday, por sua vez, não conseguiu fechar um bom contrato após o fim da KHI e está penando na fraca equipe do milionário Joe Denette. O veterano havia vencido quatro vezes no último ano, mas só liderou cinco voltas até agora em 2012.

No final, acho que os torcedores agradecem essa soma de fatores. Ao contrário do que acontece na F1, onde alguns pilotos já reclamaram do excesso de imprevisibilidade, a competitividade da Truck Series parece estar agradando a todos. E olha que vários outros atletas estão dispostos a estender ainda mais a sequência de ganhadores distintos.

Nesse momento, chega até ser surpreendente pensar que gente como Ty Dillon, Nelsinho Piquet, Parker Kligerman e Joey Coulter ainda não ganhou na Truck Series. Além deles, Hornaday, Timothy Peters e Matt Crafton também querem repetir as idas ao Victory Lane.

Dito isso, não é bizarro pensar que o recorde pode aumentar para oito vencedores diferentes em oito provas, nove em nove, ou até mesmo dez em dez. Mas para terminar a temporada com 22 ganhadores distintos nas 22 corridas, já acho mais difícil. Para isso, John Wes Townley e Paulie Harraka precisam parar de encontrar o muro e acertar uma tática que lhes deixem perto da bandeira quadriculada.