Bandeira do Brasil na F1
Felipe Massa acha que ver o Brasil na F1 vai ser tornar algo raro

Quem acompanha a F1 um pouco mais a fundo é bastante chato quando o assunto é a renovação dos pilotos brasileiros na categoria. Praticamente, com o fracasso de Nelsinho Piquet, Lucas Di Grassi e Bruno Senna até o momento, o país não tem nenhum grande nome nas competições de acesso que possa chegar ao campeonato principal.

Hoje, o aviso veio de alguém que sabe o que fala: Felipe Massa. O brasileiro foi entrevistado pelo Estado de São Paulo e confirmou o que os críticos dizem. Se continuar da forma que está, o Brasil não vai ter representantes na F1.

Apesar de ser algo recorrente e um consenso de certa forma, ainda acho essa previsão muito pessimista pois, se nada acontecer, Massa ainda está longe de acabar o ciclo na F1. Apostar em uma aposentadoria de Rubens Barrichello também é algo impossível, embora ele deva parar antes do compatriota da Ferrari.

Colocando aí uns cinco ou seis anos para Massa ainda, isso quer dizer que um menino de 15 anos, que correu de kart em 2010, pode chegar à F1 antes de o brasileiro parar. Além dos garotos que ainda estão dando os primeiros passos no automobilismo, o Brasil tem uma boa geração espalhada por F3, World Series by Renault e afins. Podem não ser pilotos brilhantes ainda, mas se algum tiver o incentivo certo ($$$) e demonstrar na pista bons resultados, não vejo porque descartar futuro na F1.

Rubens Barrichello
É impossível prever quando Rubens Barrichello irá se aposentar. Até Galvão já quebrou a cara em 2008

Além do mais, durante muitos anos Rubens Barrichello segurou sozinho a bandeira brasileira na categoria, já que os vários pilotos que chegavam ao campeonato não conseguiam permanecer por mais de duas temporadas. Dessa vez, o próprio Felipe pode exercer a função de ser representante único. Isso se Bruno Senna ou Lucas Di Grassi não conseguirem reestabelecer as carreiras.

Apesar de eu ser contrário ao que pensa o meu xará da Ferrari, o aviso dele é bastante importante. Afinal, ele próprio é o responsável por dirigir uma categoria – a F-Future – cujo o objetivo é justamente revelar novos talentos. Dizer que não vai ter brasileiro na F1, pode até ser entendido como uma insatisfação com os resultados da primeira temporada do certame, afinal esses pilotos podem chegar à categoria antes da aposentadoria de Massa.

O que não é nada improvável, aliás. Nos treinos de pré-temporada da F-Abarth, Nicolas Costa, campeão da F-Future, tem sido sempre o mais rápido – embora a equipe Jenzer, a mais forte do torneio, ainda não tenha treinado – e Francisco Alfaya, que terminou apenas um ponto atrás de Costa, treinou pela equipe do ex-piloto de F1, Vicenzo Sospiri, e colocou 0s5 no garoto que competia com ele. No entanto, Sospiri ainda não confirmou para 2011 o gaúcho, que também testou por outros times.

Francisco Alfaya 2011
O gaúcho Francisco Alfaya tem treinado com as principais equipes da F-Abarth buscando uma vaga na categoria

Em outro ponto, eu sou obrigado a concordar com Felipe. O xará disse que o automobilismo brasileiro está optando pelo turismo, o que tem atrapalhado a renovação do país na F1 (e também na Indy). Outros países, como os Estados Unidos e a Argentina, também escolheram construir o esporte a motor destinado ao turismo e veja como os representantes desses países têm se saído bem na Europa.

O México é outro bom exemplo. Embora alguém vá me lembrar de Sergio Pérez, Pablo Sanchez López e Esteban Gutierrez, eu diria que as chances desse país na F1 só ressurgiram por conta da ajuda literalmente mecênica de Carlos Slim, que criou a Escuderia Telmex e tem patrocinado pilotos durante toda a carreira. Caso contrário, é bem possível que Gutierrez não estivesse em uma situação tão diferente que Luiz Razia e Sergio Pérez fosse correr na Nascar Corona Series.

Para terminar, eu invoco um exemplo bem legal que é o da Alemanha. Apesar de o país ter categorias de turismo como o DTM, as montadoras – Audi, BMW e Mercedes – têm os programas de jovens pilotos voltados para os monopostos.

Os moleques correm de alguma categoria monomarca, passam pela F3 e, as vezes, caem na GP2. Quem se destaca as montadoras acabam levando para o DTM (ou para o WTCC como aconteceu com a BMW). Esse, por exemplo, foi o caminho de Paul Di Resta,  campeão da F3 Euro Series vencendo Sebastian Vettel, mas, que por ser piloto da Mercedes, acabou competindo no turismo alemão ao invés de seguir rumo à F1 como o histórico rival.