Grid da GP3
Se as mudanças na GP3 não derem certo, o grid da categoria em 2013 pode ficar assim vazio

A GP3 terá uma cara nova em 2013. A categoria anunciou na manhã desta terça-feira, dia 5, um novo carro, que estreia já na próxima temporada. Os detalhes ainda não estão muito claros, já que a organização do campeonato pretende fazer um lançamento oficial durante a etapa de Monza, em setembro.

No entanto, algumas informações já foram divulgadas pela categoria. O novo modelo terá a aerodinâmica completamente refeita, com novos bico, sidepods e tampa do motor – para ficar mais parecido com um carro da GP2 –, vai seguir com pneus Pirelli e terá um motor aspirado de 400hp.

Não é nenhum absurdo pensar que a implantação do novo equipamento – embora já estivesse agendada – seja um contra-ataque à F3. O sucesso da categoria de Bruno Michel durou apenas o ano de criação, em 2010, e desde então começou perder pilotos para as diversas F3, que é considerado um produto muito mais atrativo para os competidores.

Vale lembrar que na F3 o piloto tem a possibilidade de mexer no carro – que também conta com uma aerodinâmica mais desenvolvida –, além de ter todas as oportunidades do mundo de adquirir quilometragem, já que os treinos privados são liberados e a programação do final de semana não fica ensanduichada com a F1.

Assim, Bruno Michel espera reencontrar o sucesso a partir dessas mudanças. A previsão do dirigente é que os novos carros sejam 4s ou 5s mais rápidos que os atuais. Estes, por sua vez, são 2s em média mais velozes que o novíssimo F312 da F3. Ou seja, de fato haverá uma diferença grande entre a potência e velocidade das duas categorias.

Só que a chegada do novo equipamento acontece em um momento que a GP3 não vai bem. Em 2012, a categoria penou para fechar um grid com 26 participantes, sendo que boa parte dos competidores tem habilidades questionáveis. Gente que chegou à categoria muito mais pelo dinheiro da família ao invés do talento mostrado nos demais campeonatos de base. E também não devemos esquecer que a Europa vive um momento de crise econômica, em que os patrocínios automotivos não são prioridade para as empresas.

Assim, um novo bólido significa necessariamente aumento de custos. A GP3 já tratou de avisar que o preço dos carros será muito parecido com o atual, mas as equipes serão obrigadas a descartar o equipamento antigo e adquirir o novo para recomeçar o trabalho do zero. Adivinha para quem essa conta vai ser repassada? Claro, para os pilotos.

No entanto, a categoria começou a dar alguns passos para mudar esse cenário. O primeiro deles foi um anúncio que passou batido devido à apresentação do carro: o processo de inscrições para as equipes foi reaberto. Isso quer dizer que a GP3 sabe que muitos dos times do certame estão ali apenas para honrar o contrato – e a pesada multa. Antes mesmo de 2012 começar, a Tech 1 e a Addax anunciaram a venda de suas operações para a Ocean e para a Trident, respectivamente. Fora a RSC Mücke, que abandonou o campeonato sem maiores explicações.

Para evitar esse tipo de coisa, a GP3 escancarou a porta de saída. Assim, os times que não quiserem mais permanecer no certame estão liberados para irem embora. No lugar, a categoria promete escolher nove equipes e tentar construir um grid com no máximo 27 competidores no ano que vem.

Portanto, o pulo do gato da GP3 está diretamente ligado aos pilotos que a categoria conseguir atrair a partir das modificações técnicas. Em um período de crise econômica, mudar o carro geralmente significa um tiro no próprio pé. Mas para um campeonato que já estava decadente após apenas três anos de existência, essa mudança pode dar certo.