Todos os anos publico aqui no World of Motorsport uma lista de cinco jovens pilotos para ficarmos de olho nos próximos 12 meses.
A ideia é evitar nomes mais óbvios, como Theo Pourchaire , Dennis Hauger e Enzo Fittipaldi, todos favoritos ao título da F2 em 2023, e, sim, destacar quem ainda está começando.
De vez em quando, eu acerto. Dos três novatos da F1 em 2023, Nyck De Vries apareceu no meu top-5 de 2013, há dez anos, enquanto Logan Sargeant estava na lista de 2018.
Antes de falarmos dos cinco escolhidos, menção honrosa para Enzo Deligny, kartista francês que estourou em 2022 e deve subir para a F4 Espanhola; Kas Haverkort, favorito à taça na FRECA pela experiência acumulada no campeonato, e Ugo Ugochukwu, que deve brigar pelo título na F4 Italiana.
Dito isso, vamos aos cinco pilotos em que devemos ficar de olho em 2023:
5) Pedro Clerot

O primeiro campeão da história da F4 Brasil vai migrar para o automobilismo europeu em tempo integral em 2023. Vai disputar a F4 Espanhola pela equipe MP, a mesma que levou Felipe Drugovich ao título da F2 e que já conquistou o campeonato ibérico em cinco oportunidades.
Essa será a chance de o brasileiro se comparar em relação a alguns dos pilotos mais promissores de outros países e verificar o quanto realmente fazer um primeiro ano no Brasil é favorável a quem está saindo do kartismo. Lembrando que Clerot já tomou parte das primeiras corridas da F4 Italiana de 2022.
Por causa das últimas etapas da F4 Brasil, Clerot não participou de todos os treinos da pós-temporada na Espanha. Mas, quando esteve presente, foi bem, liderando uma das sessões em Barcelona.
Em 2023, terá concorrência pesada. Além do já mencionado Deligny, nomes fortes do grid da F4 Espanhola incluem o colombiano Jerónimo Berrío, vindo da F4 Francesa, e o italiano Valerio Rinicella, um dos destaques da última temporada, seus companheiros na MP. Isso sem falar no dinamarquês Noah Stromsted.
BÔNUS: Hailie Deegan

Quem acompanha a Nascar talvez torça o nariz ao ver a americana de 21 anos nesta lista dos mais promissores.
Afinal, ela vai para seu terceiro ano na Truck Series e pouco mostrou até agora. Nas duas temporadas anteriores, disputou 45 provas, terminou somente três vezes no top-10, e sua melhor posição na classificação final foi um 17º lugar em 2021.
Só que nesse período nunca teve um equipamento tão bom à disposição. A equipe DGR, pela qual competia, jamais classificou algum de seus pilotos aos playoffs, por exemplo.
Agora, estará na Thorsport, esquadra que levou Matt Crafton e Ben Rhodes ao título nos últimos anos. Na DGR, Deegan foi mal, mesmo levando em consideração o nível da esquadra, mas agora poderá contar com um ambiente mais arrumado no qual poderá se desenvolver e mostrar que é capaz de brigar por vitórias da mesma forma como fazia em divisões menores da Nascar.
4) Louis Sharp (e Freddie Slater)
Há 12 meses, ninguém na Europa conhecia Sharp, piloto neozelandês que estava se destacando na F-Ford de seu país.
Apesar de ser menos badalado que Alex Dunne, Ugochukwu e Daniel Guinchard, Sharp foi um dos grandes destaques da F4 Inglesa em 2022. Competindo pela Carlin, perdeu a primeira etapa, pois ainda não tinha completado 15 anos, a idade mínima para correr, mas depois disso obteve duas vitórias e outros dez pódios, fechando em quarto na classificação final, apenas 18 pontos atrás de Ugochukwu.
A chave de ouro veio na preliminar do GP de Abu Dhabi da F1, quando ganhou as duas baterias da F4, derrotando Dunne. Como vai permanecer na Carlin para 2023, já é considerado superfavorito ao título e possivelmente o próximo grande nome da Nova Zelândia no ocidente.
Olho também em Freddie Slater, campeão mundial de kart em 2020, na divisão OKJunior, que deverá ser um dos companheiros de Sharp na Carlin. O problema é que o britânico só faz 15 anos em agosto e, até lá, não poderá estrear nos monopostos.
3) Noah Stromsted
A F4 Dinamarquesa não costuma ser o campeonato mais importante das categorias de base, mas em 2021 foi cercada de expectativas por causa da presença da fenômeno Juju Noda e do brasileiro Emerson Fittipaldi Jr.
Mas quem roubou a cena foi Stromsted. O piloto da casa só estreou na terceira etapa, quando completou a idade mínima de 14 anos, mas a partir daí esteve imbatível: disputou 12 corridas, venceu nove, foi segundo em outra e conquistou todas as poles possíveis.
Em 2022, também por não ter a idade necessária, participou apenas das duas últimas etapas da F4 Espanhola. Mesmo assim, obteve uma pole e dois top-5. Para 2023, renovou contrato com a equipe Campos e é favorito absoluto ao título. Hora de mostrar que é o fenômeno que todos esperam dele. Cuidado, Pedro Clerot!
2) Zak O’Sullivan

Não tem sido uma época muito fácil para pilotos britânicos entrarem na F1. Com George Russell e Lando Norris estabelecidos entre os principais nomes do campeonato — isso sem falar em Lewis Hamilton, obviamente — há pouco interesse político e de empresas para que o Reino Unido tenha mais representantes no grid.
Mas O’Sullivan, que integra a academia da Williams, vem fazendo de tudo para mostrar que cabe mais um. Vice-campeão da F4 Inglesa em 2020 — em uma decisão para lá de polêmica — e tendo conquistado o título da GB3 no ano passado, o piloto brilhou ao liderar a Carlin na F3 em 2022.
Apesar da esquadra ser conhecida como a pior equipe da F3, o competidor conseguiu abocanhar uma pole, correndo em casa em Silverstone, e pódios tanto no Reino Unido quanto em Zandvoort. Na classificação final, foi o 11º.
O’Sullivan esperava subir para a F2 em 2023 pela Carlin, mas a escuderia já confirmou Enzo Fittipaldi em um de seus carros e deverá ter Zane Maloney, vice da F3, no outro. Com isso, o britânico acabou escolhendo voltar à F3 por mais uma temporada, na qual defenderá as cores da Prema. Já é o favorito.
1) Arvid Lindblad

Durante toda a temporada de 2021, o kartismo internacional foi dominado praticamente por três pilotos: Andrea Kimi Antonelli, Rafael Câmara e Arvid Lindblad.
Os dois primeiros fizeram a transição para a F4 em 2022, com o italiano conquistando o título na Itália e na Alemanha.
Lindblad, que defende o Red Bull Junior Team, só completou 15 anos de idade em agosto e não teve tempo de seguir seus antigos adversários. Dedicou-se ao kartismo no primeiro semestre e ainda precisou se recuperar de uma lesão.
A aguardada estreia na F4 Italiana aconteceu em setembro. Nas nove corridas de que tomou parte desde então, pontuou em três, com um sétimo lugar em Monza como melhor resultado. Pode não parecer um início promissor, mas lembre-se de que ele corria pela Van Amersfoort num campeonato em que a Prema geralmente colocava vários de seus representantes no top-5.
Fazendo-se valer da máxima “se não pode vencê-los, junte-se a eles”, Lindblad se transferiu para a Prema para a F4 Italiana em 2023. Desde já, é um dos mais cotados a ser camepão, mas terá concorrentes complicados, como Ugochukwu e James Wharton, da Academia da Ferrari, ambos com mais experiência em carros de fórmula.
Para 2023, a expectativa é ver se o britânico vai se confirmar como o fenômeno que muitos esperam dele. E, quem sabe, um dia o veremos reeditar sua rivalidade com Câmara e com Antonelli. Talvez até na F1.
Você concorda com as minhas escolhas? Se achar que eu esqueci algum nome, basta deixar um comentário abaixo.
Quero aproveitar e tbm me despedir. Vou sentir falta do site e suas análises. Mas mto obrigado acima de td pelo baita trabalho feito todos esses anos. Um abraço!
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