Caiu! Mattia Binotto não resistiu à pressão pela queda de desempenho da Ferrari na segunda metade da temporada 2022 da F1, pelos erros de estratégia e pelos problemas de confiabilidade do carro e deixou o cargo de chefe de equipe da escuderia italiana.
Para quem não acompanha a F1 de perto nem assiste às corridas com frequência, é difícil explicar os motivos da saída do dirigente.
Afinal, em 2022, a Ferrari terminou com o vice-campeonato tanto do mundial de pilotos quanto de construtores e teve seus melhores resultados desde 2019.
A evolução, em todos os aspectos, era visível. Em comparação, em 2020, os competidores da equipe italiana não ganharam nenhuma corrida, subiram ao pódio em somente três oportunidades — lembrando que foi um campeonato mais curto por causa da pandemia — e ficaram com a sexta colocação nos Construtores, o pior resultado da marca na F1 desde o início da década de 1980.
Já no ano passado o time dava sinais de melhoras, com cinco pódios e com Charles Leclerc quase vencendo o GP da Inglaterra após o polêmico acidente entre Lewis Hamilton e Max Verstappen no início da prova. No campeonato entre equipes, ficaram atrás somente de Red Bull e Mercedes.
Em 2022, na estreia do novo regulamento, a Ferrari até deu pinta que poderia ser campeã. Logo na abertura da temporada, no Bahrein, encerrou, com Leclerc, o jejum de vitórias que já durava desde 2019. Ganhou mais três vezes no ano e seus representantes subiram ao pódio em outras 16 oportunidades. Ainda superaram a Mercedes no Mundial de Construtores.
Isso tudo com a possibilidade de continuidade no que vem dando certo. Afinal, tanto Leclerc, o principal piloto, quanto Carlos Sainz Jr., por ora o número 2, têm contrato até o fim de 2024.
Mas, se tudo parecia estar dando certo, por que Binotto foi sacado?
Foi porque a maneira como a Ferrari perdeu o campeonato causou uma pressão muito grande no dirigente.
Por que Mattia Binotto deixou a Ferrari na F1?
Não é que ser derrotada por uma Red Bull quase imbatível (que conquistou 17 vitórias em 22 GPs em 2022) fosse uma vergonha. Mas, enquanto o carro da equipe rubro-taurina foi evoluindo ao longo do ano, a Ferrari se perdia em problemas mecânicos e em erros dos pilotos (como o acidente de Leclerc em Paul Ricard) e do time (a parada em momento errado que custou a vitória em Mônaco, entre muitos outros).
Se de um lado havia a pressão de imprensa, torcida e dirigentes para que a Ferrari colocasse um ponto final nos erros e voltasse a brigar por vitórias, do outro o time constantemente cometia novas falhas e não dava nenhuma solução prática para elas (como a troca do estrategista).
Para piorar, após o acidente de Leclerc em Paul Ricard, Binotto deu uma entrevista dizendo que a escuderia italiana tinha condições de ganhar as dez corridas que naquele momento faltavam para o fim da temporada. O time, claro, não venceu mais nenhuma, o que pegou mal na cúpula da Ferrari.
Falando no comando da montadora, essa talvez tenha sido o catalisador da saída de Binotto.
O italiano tinha sido promovido ao posto de chefe de equipe pelo saudoso Sergio Marchionne, CEO da Ferrari que morreu de forma repentina em 2019. Seu sucessor, Louis Camilleri, também era um apoiador de Binotto e acreditava que a Ferrari estava no caminho certo para se reerguer na F1. Só que ele também deixou a fabricante de maneira repentina em 2020.
Já o atual CEO, Benedetto Vigna, não tem a mesma simpatia por Binotto. Para ele, o segundo colocado é o primeiro perdedor. Ou seja, não tinha por que insistir na continuidade de seu chefe de equipe. Seria melhor contratar alguém em que confie.
Aí é que está a grande incerteza sobre o futuro da Ferrari. Binotto era mais pragmático e racional em suas decisões. E grande parte do momento de sucesso da esquadra italiana foi justamente quando teve dirigentes mais frios em seu comando, como Ross Brawn e Jean Todt na era Schumacher. Resta ver ser esse será o perfil do próximo chefe de equipe ou desembarcará em Maranello alguém mais caloroso.
