Quem acompanha as corridas de carro GT se acostumou, nos últimos anos, a ver alguns nomes como sinônimos da Audi. Mas, para 2023, a montadora alemã está passando por uma profunda reformulação e está vendo seus principais representantes encontrando novas casas para a próxima temporada.
Tudo começou com a decisão da marca germânica de entrar na F1 a partir de 2026, quando o novo regulamento para motores e combustíveis estará em vigor.
A popularidade da principal categoria do automobilismo mundial decolou nos últimos anos — principalmente nos EUA — fazendo com que muitas empresas resolvessem participar do campeonato. Uma delas foi o Grupo Volkswagen, que durante muitas décadas sondou a F1, mas preferia focar suas atividades em corridas de longa duração, provas de carros GT e protótipos.
Mas, para poder aterrissar na F1, a Audi decidiu por cancelar ou diminuir seu investimento em outros campeonatos. Um dos projetos encerrado foi o desenvolvimento de um protótipo LMDh para seu retorno às 24 Horas de Le Mans — na qual competiu até 2016 – e ao endurance.
Como o protótipo estava quase a ponto de iniciar os testes de pista, pilotos e equipes já haviam sido contratados, o que levou a um efeito cascata dentro da montadora.
Onde vão correr os pilotos da Audi em 2023
O primeiro a ir embora foi René Rast, que seria um dos representantes da marca em seu retorno a Le Mans. Pela fabricante, foi tricampeão do DTM e ganhou importantes corridas em carros GT. O alemão ainda não anunciou totalmente seus planos para o ano que vem. Por ora, está assegurado na Formula E, pela McLaren, e deve retornar ao DTM, mas defendendo outra fabricante.
Nico Muller, duas vezes vice do DTM — foi derrotado por Rast em ambas — também está de casa nova. O suíço acertou com a Peugeot para guiar o hipercarro da marca no WEC — inclusive, já estreou na última etapa de 2022 — e estará na Formula E pela Abt. Assim como o alemão, Müller estava escalado para comandar o LMDh da Audi.
Aliás, a dupla também não tinham um clima bom com dirigentes da fabricante.
As perdas não se limitaram apenas aos pilotos. Após 13 anos, a equipe WRT, a principal da Audi no GT, encerrou sua parceria com a montadora.
A WRT era a escuderia que iria operar os protótipos da fabricante em Le Mans. Quando o projeto da Audi foi cancelado, o time começou a negociar com outras fabricantes e fechou com a BMW. Também vai defender a montadora bávara em campeonatos como o GTWC Europe e o IGTC.
Além disso, nos últimos anos, a principal dupla da WRT nessas categorias era formada pelos belgas Dries Vanthoor e Charles Weerts (filho do dono da escuderia), tricampeões do GTWC Europe, por exemplo. Ambos vão seguir com a esquadra nessa transição para a BMW.
Quem também deve permanecer na WRT é Valentino Rossi, que neste ano fez sua estreia nos GT.
É verdade que, de um lado, o italiano não é um dos históricos nomes da Audi. Mas, do outro, é o mais famoso, afinal conta com uma superbase de fãs desde sua época de glória na MotoGP e não deixa de ser uma perda para a marca alemã.
Há até um rumor de que Rossi pode, sim, integrar a escalação da BMW quando o protótipo da montadora estiver correndo nas pistas europeias a partir de 2024.
Apesar das saídas, aos poucos a Audi vai se reestruturando. Recentemente, fechou uma parceria para trazer de volta a equipe MarcVDS às corridas de carro GT — nas última temporadas a esquadra tinha preferido se dedicar somente à Moto2. E também ganhou o reforço da esquadra Comtoyou, que era o time de fábrica da montadora no TCR, mas que agora estará no GT3 com o fim do campeonato de turismo.
Agora, a ver se essas contrações serão o suficiente para manter a Audi no topo do GT3. Do contrário, pode ser que a montadora precise esperar começar a conquistar bons resultados na F1 para retomar seus dias de glória — seja lá quando isso acontecer.
