Nelsinho Piquet conquistou um título inédito para o automobilismo brasileiro. Depois de já ter sido campeão de categorias de base da F1 e também da Formula E, o brasileiro levou a melhor no Lamborghini Super Trofeo Grand Finals, realizado no fim de semana em Portimão.
Mas aí fica a pergunta: Nelsinho foi campeão mundial de Lamboghini Super Trofeo como muitas notícias disseram?
A resposta é que depende. Na teoria não, mas na prática foi.
Para ser campeão mundial, é preciso primeiro ganhar um campeonato mundial. Pode parecer uma constatação óbvia, mas é essa definição que vai responder a questão deste post.
O que é um campeonato mundial?
No automobilismo, a FIA é a única entidade que pode dar status de mundial a uma categoria. Para isso, é necessário cumprir alguns requisitos, como ter corridas disputada em ao menos três continentes e a participação oficial de diversas montadoras.
A F1, por exemplo, compete na Oceania, na Ásia, nas Américas e na Europa e conta com Ferrari, Mercedes e Alpine, entre outras. Já a Formula E, que recentemente se tornou um Mundial, passa por Europa, Ásia, Américas e pela África.
A exceção acaba sendo o Mundial de Kart, que acontece somente somente em um fim de semana na Europa, mas por uma questão de custos. Na época em que Nyck de Vries e Alex Albon eram promessas do esporte a motor, a entidade até tentou que os karts tivessem etapas em diversos continentes. Mas o número de participantes tomando parte da todas as corridas foi muito baixo, fazendo com que o projeto fosse abandonado.
No caso do Grand Finals da Lamborghini, a competição segue mais ou menos os mesmos moldes do Mundial de Kart. Também acontece em um fim de semana, reunindo os pilotos que disputaram o Super Trofeo dos Estados Unidos e da Europa ao longo do ano.
Na verdade, a última etapa de cada campeonato regional do Super Trofeo acontece na mesma pista das finais, mas alguns dias antes. Isso quer dizer que a corrida decisiva do torneio dos EUA de 2022 foi em Portugal. Estranho para os padrões geográficos que estamos acostumados.
Como resultado, o requisito da FIA de ter corridas em ao menos três continentes não é cumprido — e, por se tratar de uma disputa envolvendo principalmente gentlemen drivers, nem se pode alegar corte de custos, como no caso do kartismo.
Assim, oficialmente, Nelsinho não foi campeão mundial de Lambroghini Super Trofeo, porque o torneio que ele ganhou não é oficialmente um mundial. Era uma corrida extracampeonato que juntava pilotos de diferentes continentes em um só fim de semana.
Por outro lado, se não olharmos para os requisitos da FIA, mas avaliarmos as características de outros mundiais esportivos, isto é, reunir competidores de alto nível de diferentes países em um mesmo local, além de investimento na organização e em marketing, a Grand Finals teve todas elas.
Aliás, na semana anterior foi realizada a Ferrari Challenge Finale Mondiale, um evento semelhante ao da Lamborghini, mas organizado pela escuderia de Maranello. Também se trata de uma prova extracampeonato para quem disputou os diferentes campeonatos da Ferrari Challenge no ano.
Da mesma forma, não é um mundial oficial da FIA, apesar de ter o Mondiale no nome.
E olha que o Grand Finals da Lamborghini tem até mais qualidade que alguns campeonatos da FIA. A corrida vencida por Piquet teve quase 30 participantes. Em comparação, a última etapa do WTCR reuniu somente 12, na França.
Por isso, não está errado dizer que Piquet foi campeão de um mundial, apesar de ao pé da letra não se tratar de um.
Você pode clicar aqui para conferir os resultados completos do ~ Mundial ~ de Lamborghini Super Trofeo, assim como os das demais principais categorias do automobilismo mundial no fim de semana.
