Se tem um aspecto da Nascar que não dá para ser criticado é que a categoria americana não tem medo de tentar algo novo. Para seu aniversário de 75 anos, que acontecerá em 2023, realizará pela primeira vez uma etapa em circuito de rua. Vai acontecer no início de julho (feriado de Independência nos EUA) em Chicago, uma das maiores cidades do país.

Provas em circuito de rua não são exatamente uma novidade. Na verdade, é uma prática tão velha quanto o próprio automobilismo. As primeiras disputas da história, no finalzinho dos anos 1800 e início dos anos 1900, foram justamente em estradas. Autódromos só surgiram anos mais tarde, quando a modalidade já estava um pouco mais consolidada.

Mas circuitos de rua são uma tendência que vêm ganhando força nos últimos anos. Começou com a Formula E ignorando os autódromos tradicionais (geralmente mais afastados dos grandes centros) e levando seus carros elétricos a cidades como Londres, Nova York, Roma, Berlim (além de Paris, Beijing) e, futuramente, São Paulo.

A F1, cuja dona, a Liberty Media, também é acionista da Formula E, percebeu que essa era uma oportunidade de levar suas etapas a novos mercados sem demandar a construção de circuitos milionários, como os que foram feito na Ásia no início dos anos 2000.

Assim, a principal categoria do automobilismo mundial realizou em 2022 seu primeiro GP em Miami, com direito até a uma marina fake, e agora tem marcada para 2023 uma corrida em Las Vegas, uma das cidades turísticas mais famosas do mundo.

Aí chegamos à Nascar, que não é boba e quis entender como poderia aproveitar os circuitos de rua a seu favor. Assim, nasceu a ideia de disputar uma prova extracampeonato, o Clash, no Coliseu de Los Angeles, uma tradicional arena multiuso da cidade. Segundo dados da própria categoria americana, 70% das pessoas que comprar ingresso para o Clash jamais tinham ido a uma de suas etapas.

Só que para a prova do Coliseu foi montado um pequeno oval dentro do estádio. Chicago será a primeira corrida de rua de verdade, no formato que estamos habituados, com curvas para esquerda e para a direita.

A justificativa é a mesma do Coliseu: aproveitar que a cidade é considerada o terceiro maior mercado dos EUA, tem um gigantesco histórico esportivo e potencial para atrair novos fãs.

Além disso, é onde Michael Jordan fez história na NBA nos anos 1990. E hoje o ex-atleta é o sócio de Denny Hamlin na equipe 23XI. Não por acaso, Bubba Wallace, que pilota para a escuderia, guiou o carro de número 23 (mesmo número da camisa usada por Jordan em sua carreira) pelas ruas de Chicago antes do anúncio da nova etapa.

Como será a corrida da Nascar nas ruas de Chicago em 2023?

Só resta ver se o tiro não vai sair pela culatra. Com pilotos pouco acostumados a traçados mistos e com os muros muito próximos por se tratar de um circuito de rua, há quem preveja uma prova amarrada por muitos acidentes e entradas do safety-car. Daí, em vez de atrair novos fãs em Chicago, vai acabar os afastando da Nascar.

Mas isso só vamos saber quando os carros forem à pista em julho de 2023 para a primeira corrida em circuito de rua da história da categoria.

Carros da Nascar alinhados dois a dois para relargada no coliseu de los angeles
A Nascar abriu sua temporada 2022 com uma etapa no Coliseu, de Los Angeles – foto: andrew coppley/hhp/chevy racing/divulgação
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