Uma das tarefas mais chatas, nos últimos cinco anos, para quem produz conteúdo sobre automobilismo era escrever o preview para as 24 Horas de Le Mans.
Dava para resumir com a seguinte frase: “se não houve acidente nem problema mecânico, esqueça briga pela vitória, porque a Toyota vai ganhar“.
De fato, a Toyota levou o penta. Nesse período, a corrida mais “apertada”, se é que podemos chamar assim, foi a do ano passado, quando a vantagem da montadora japonesa para a Alpine foi de quatro voltas (em torno de 14 minutos). Situação bem diferente das 24 Horas de Daytona deste ano, em que, com um pacote de regras diferentes, os quatro primeiros foram separados por menos de seis segundos.
Não que Le Mans um dia vá ter corridas tão apertadas assim. Mas a tendência é que o marasmo dos últimos cinco anos esteja para acabar.
A nova fase das 24 Horas de Le Mans em 2023
Para começar, já na próxima etapa do WEC, em Monza, a Toyota ganhará a concorrência da Peugeot, que enfim vai estrear seu hipercarro, o 9×8 (da foto do topo), dono de um polêmico visual quase sem asa traseira.
A previsão era que o “72” ganhasse as pistas no começo de 2022 e corresse em Le Mans, mas uma série de atrasos provocados pela pandemia e pelos problemas globais de logística fez com que a montadora optasse pela cautela e não trabalhasse a toque de caixa para estar na tradicional prova francesa a qualquer custo.
Afinal, como a Nissan já mostrou no passado, um péssimo desempenho em Le Mans pode até mesmo significar a saída de uma marca das corridas de longa duração.
Além da estreia da Peugeot, os próximos meses devem ser marcado pelos lançamentos e anúncios envolvendo Ferrari, Porsche e Cadillac, que vão disputar a principal divisão do WEC a partir do ano que vem, de olho, é claro, na vitória em Le Mans.
A Porsche, que fechou uma parceria com a Penske, é quem está mais adiantada no projeto. O carro passou por um extensivo programa de testes na Europa, com a participação do brasileiro Felipe Nasr, e deve continuar a ser avaliado nos EUA. Tanto que Roger Penske não descarta a estreia do equipamento na última etapa do WEC neste ano para acumular mais quilometragem.
A Cadillac estará presente no grid das 24 Horas de Daytona no início do ano que vem, mas também deverá ter (ao menos) um protótipo participando de todas as etapas do Mundial de Endurance de 2023 — esse é um requisito para a marca poder correr em Le Mans.
Já a Ferrari está no início de testes do seu hipercarro e, na última semana, divulgou um pequeno teaser sobre o modelo.
Isso tudo sem falar na BMW. Originalmente, a marca alemã pretendia tomar parte somente da Imsa em 2023. Mas, com o cancelamento do protótipo da Audi (que vai se dedicar somente à F1), há boatos sobre equipes negociando para inscrever o equipamento da BMW na Europa no ano que vem. Resta ver se esses rumores sairão do papel.
É claro que a Toyota terá alguma vantagem em relação às concorrentes por já ter estreado seu hipercarro lá em 2021 e por disputar o WEC de forma integral há mais de dez anos. Mas que a presença de Ferrari, Porsche, Peugeot, Cadillac e talvez BMW deve tornar as corridas mais animadas, isso deve mesmo acontecer.
E olha que nem estamos falando de 2024, quando a Alpine terá seu novo protótipo à disposição, a Lamborghini também estreará o seu e montadoras menores como a ByKolles também pretendem competir.
Você pode clicar aqui para conferir os resultados completos da edição de 2022 das 24 Horas de Le Mans, assim como os das demais principais categorias do automobilismo mundial no fim de semana.
