A temporada 2022 da MotoGP começa neste fim de semana, no Qatar, com uma novidade que pretende mexer com o bolso dos pilotos: os super salários, tão comuns na época de Valentino Rossi, Jorge Lorenzo, Dani Pedrosa e grande elenco, acabaram.
Na verdade, há uma exceção no grid: Marc Márquez.
Dá até mesmo para dizer que é como se o piloto da Honda, seis vezes campeão do mundo da categoria principal, tivesse ganhado na loteria. O espanhol renovou o contrato com a montadora japonesa, até o fim de 2024, no início de 2020. Pouco antes, portanto, de o mundo entrar na situação em que está até hoje.
O super salário de Marc Márquez na MotoGP 2022
O quanto o piloto ganha em seu novo vínculo é 15 milhões de euros (cerca de R$ 84 milhões) para correr na temporada 2022, segundo uma reportagem publicada pelo site da revista Autosport.
Só que a situação do espanhol também não é tão tranquila. Desde que ele renovou seu contrato, não disputou mais nenhuma temporada completa. Em 2020, perdeu quase toda o campeonato devido a um acidente sofrido em Jerez. No ano passado, ganhou três corridas, mas ainda estava lidando com a recuperação da lesão e ainda ficou de fora das duas últimas etapas do ano devido a um problema na visão.
Tanto que ninguém sabe se ele terá condições físicas de pilotar a moto 100% em 2022.
Como ainda resta um tempo até que seu contrato acabe, ele precisará, até o fim de 2024, voltar a lutar por títulos para justificar seu supersalário. Do contrário, a Honda poderá argumentar que ele não está mais no auge na hora de propor um vínculo pagando menos.
Da renovação de Márquez para cá, o mundo enfrentou uma crise econômica, queda no valor dos patrocínios e vendas de motos abaixo do esperado, o que colocou em xeque os supersalários da MotoGP.
O caso mais emblemático é o de Andrea Dovizioso. Tendo sido vice-campeão do mundo de 2017 a 2019, o italiano enfrentou um impasse na hora de renovar com a Ducati em 2020. Ainda segundo a reportagem da Autosport, na época, ele ganhava cerca de 6 milhões de euros (R$ 34 milhões), mas recebeu uma contra-proposta de 2,5 milhões de euros (R$ 14 milhões). Recusou.
Resultado: passou boa parte de 2021 a pé e só voltou ao grid – pela equipe satélite da Yamaha – porque Maverick Viñales brigou com a fabricante japonesa. E, detalhe, ganhando menos do que a Ducati lhe havia oferecido.
A marca italiana tem apostado em uma estratégia diferente. Em vez de supersalários para seus pilotos (o que era comum na época de Rossi, Lorenzo, Casey Stoner etc.), tem direcionado o orçamento para o desenvolvimento da moto. Não por acaso, seu equipamento se tornou um dos mais competitivos do grid. Para comandá-lo, tem apostado em jovens pilotos, como Pecco Bagnaia, vice de 2021, com vencimentos menores que os das estrelas da MotoGP.
Dos oito pilotos com motos da Ducati neste ano, somente Jack Miller (27 anos) e Johann Zarco (31) passaram dos 25 anos, o que só reforça a estratégia de longo prazo da marca italiana.
Por fim, a reformulação na Yamaha também contribuiu para o fim dos supersalários na MotoGP em 2022.
Rossi se aposentou, depois de 22 anos na principal divisão da motovelocidade, enquanto Viñales, que era apontado como o futuro da fabricante e saiu brigado em meados do ano passado, já teve salários na casa dos oito dígitos, mas deve levar cerca de 4 milhões de euros (R$ 22 milhões) da Aprilia.
Resta ver agora até onde os rendimentos da nova geração de pilotos da MotoGP, como o atual campeão Fabio Quartararo, poderão chegar. Mas a tendência é que sejam distante dos supersalários de outrora.
