Para Helio Castroneves, a idade é só um número. Aos 46 anos, o brasileiro acaba de vencer pela segunda vez seguida as tradicionais 24 Horas de Daytona, corrida que abre a temporada 2022 da Imsa.
O triunfo vem em meio a uma onda de as equipes das principais categorias do mundo buscarem por pilotos cada vez mais jovens. O maior exemplo dessa tendência é Max Verstappen, recém-coroado campeão mundial da F1 aos 24 anos de idade. Ele corre contra Lando Norris (22 anos), George Russell (23), Charles Leclerc (24), entre outros.
Na Indy, que sempre foi dominada por veteranos, Alex Palou (24) derrotou Pato O’Ward (22) para ficar com a taça de 2021, enquanto Chase Elliott (26) já é considerado o principal nome da Nascar.
Castroneves está no sentido oposto. Assim como a bebida que dá título a este post, quanto mais idade, melhor. É só ver que nos últimos 15 meses ele foi campeão da Imsa, ganhou duas vezes as 24 Horas de Daytona e obteve uma histórica quarta vitória nas 500 Milhas de Indianápolis. Em comparação, de 1991, quando iniciou nos monopostos, a 2019, seus principais títulos eram as três vitórias anteriores na Indy 500 e só. Mais nenhuma outra taça nesse período.
No post que escrevi aqui no World of Motorsport fazendo o preview das 24 Horas de Daytona de 2022, apontei que o brasileiro não era o favorito para a corrida, mas seria um absurdo, com um retrospecto recente tão vitorioso, não considerá-lo na briga pelo primeiro lugar. “Só um maluco neste momento descartaria Castroneves da luta pela vitória.”
Não estou dizendo aqui que cravei o resultado de Castroneves alguns dias antes. Nada disso. O argumento era mostrar que não é coincidência todo carro em que ele senta começar a ganhar.
Veja só. Tanto o título da Imsa quanto as duas vitórias em Daytona vieram por três equipes diferentes (Penske, Wayne Taylor e Meyer Shank). A deste domingo, inclusive, foi segurando Ricky Taylor, seu antigo companheiro na Penske e na WTR.
Já a Meyer Shank não era uma equipe historicamente ganhadora. No ano passado, o time disputou 11 corridas e obteve somente dois pódios. O último triunfo do time nas 24 Horas de Daytona tinha sido há dez anos.
Na Indy, não seria um absurdo dizer que tem pelo menos cinco ou seis esquadras mais fortes que a Meyer Shank. Mesmo assim, foi só contratar Castroneves que o time começou a vencer.
Provavelmente o brasileiro não tenha sido o piloto mais rápido ou o mais arrojado na pista nessas últimas suas conquistas. Mas ele está levando para as equipes um pacote que é muito difícil de ser derrotado: uma mescla de velocidade ainda alta, reflexos em dia e pelos menos 30 anos de experiência, que, inclusive, o ajudam a reconhecer quando a melhor estratégia é ter outro piloto no carro e não ele.
Para o restante de 2022, Castroneves vai disputar a temporada completa da Indy – pela primeira vez desde 2017. É um forte candidato à quinta vitória nas 500 Milhas e nas demais etapas em ovais. Sua outra principal tarefa será, ao lado de Simon Pagenaud, tornar a Meyer Shank uma das grandes esquadras da Indy.
Felipe Fraga vence as 24 Horas de Daytona de 2022
Enquanto Castroneves comemorou seu segundo triunfo em Daytona, dá para dizer que Fraga fez as pazes com a tradicional corrida.
Por um problema no visto para entrar nos EUA, ele não participou da prova do ano passado, quando a equipe Riley, para a qual compete, levou a melhor na divisão LMP3.
Neste ano, sem problemas burocráticos, ele levou a Riley ao bicampeonato, garantindo seu primeiro relógio Rolex, prêmio dado aos vencedores da etapa.
Felipe Nasr vence as 24 Horas de Daytona de 2022
Apesar do bicampeonato da Imsa, Nasr havia batido na trave em suas participações anteriores nas 24 Horas de Daytona. Seu melhor restospecto tinha sido em 2019, quando ficou com o segundo lugar, após a corrida ter sido encerrada mais cedo, pouco depois de ter sido ultrapassado por Fernando Alonso.
Neste ano, o brasileiro trocou a divisão DPi, dos protótipos, pela GTD Pro, uma vez que assinou contrato com a Porsche.
E o início dessa nova parceria não poderia ter sido melhor. A montadora germânica dominou nas duas divisões destinadas a carros GT. Na Pro, faltava só ver qual equipe ficaria com a vitória: a Pfaff, defendida pelo brasielrio, ou a KCMG.
Nas duas últimas horas da prova, os dois carros se tocaram diversas vezes, até que o veterano Laurens Vanthoor, da KCMG, conseguiu ultrapassar o francês Mathieu Jaminet, da Pfaff, com menos de cinco minutos para o fim.
Duas voltas depois, Jaminet deu o troco e retomou a liderança. No último giro, os dois se tocaram quando estavam lado a lado na entrada da bus stop. Vanthoor levou a pior, e Jaminet, o grande nome desta edição das 24 Horas de Daytona, recebeu a bandeirada e assegurando o triunfo dele, de Nasr e do neozelandês Matt Campbell.
Entre os demais brasileiros, Pipo Derani ficou na quarta colocação na divisão DPi, Daniel Serra foi o segundo na GTD Pro e Augusto Farfus enfrentou problemas em sua BMW também na GTD Pro.
Você pode clicar aqui para ver os resultados completos das 24 Horas de Daytona de 2022, assim como os das principais categorias do automobilismo mundial no fim de semana.
