Quando Felipe Nasr decidiu correr na Imsa, pouco mais de um ano após ter deixado a F1, era uma escolha arriscada. O campeonato na época não costumava atrair os grandes nomes do automobilismo mundial, como é o caso do brasileiro, nem tem a fama de pagar salários gigantescos.
Mas, afinal, quanto ganham os pilotos da Imsa?
Antes de falar dos valores em si, é preciso explicar que neste início de 2022 e de 24 Horas de Daytona, a Imsa está passando por uma profunda transformação. Até o ano passado, ao menos para o bolso dos competidores, a GTLM que era a divisão principal. Era nela onde as montadoras faziam seus principais investimentos e alinhavam alguns de seus principais pilotos de fábrica.
Só que 2022 é um ano de transição na Imsa. A GTLM não será mais disputada e para o lugar dela entra neste ano a GTD Pro, que são os carros GT3, mas com investimentos feitos pelas fabricantes.
Além disso, partir de 2023, chegará a divisão GTP (antiga LMDh), aqueles protótipos que vão poder correr tanto na Imsa quanto nas 24 Horas de Le Mans. Até o momento, Porsche, Acura, BMW e Cadillac já estão confirmadas, com possibilidade de a Lamborghini também disputar a modalidade iniciando em 2024.
Essa mudança deve afetar o quanto ganham os pilotos, como Nasr, que recentemente assinou contrato para defender a Porsche na nova divisão, apesar de ainda não estar confirmado se ele vai competir na Imsa ou no WEC.
Enquanto os GTP/LMDh ainda não estreiam, os protótipos DPi é que devem brigar pela vitória nas 24 Horas de Daytona e pelo título da Imsa.
O salário dos pilotos da Imsa
Segundo uma reportagem do site da revista Racer, que ouviu donos de equipe, pilotos e empresários, os salários na principal divisão de protótipos em 2022 variam de US$ 250 mil (R$ 1,3 milhão) a US$ 400 mil (R$ 2,1 milhões) por temporada, dependendo da montadora e do currículo do competidor.
A revista, porém, faz uma ressalva que alguns pilotos recém-chegados à divisão DPi aceitaram ganhar menos neste ano de olho em serem contratados pelas montadoras quando a nova geração de protótipos estrear em 2023. A expectativa para o ano que vem é que os salários ganhem um acréscimo de US$ 200 (R$ 1 milhão) mil a US$ 300 mil (R$ 1,6 milhão) por temporada.
Continuando entre os protótipos, tanto a divisão LMP2 quanto a LMP3 são disputadas no formato Pro-Am, com cada dupla sendo formada por um piloto amador e um profissional. De uma maneira geral, o amador é quem leva patrocinador e paga o orçamento da escuderia, enquanto o profissional é o “responsável” por ganhar corridas.
Quanto mais famoso ou mais vitorioso for o currículo do piloto Pro, maior o salário dele.
Ainda segundo a Racer, na LMP2, os ganhos dos profissionais variam de US$ 200 mil a US$ 300 mil, enquanto na LMP3 podem ir de US$ 70 mil (R$ 380 mil) a US$ 200 mil.
Além disso, na LMP3 é comum que alguns pilotos sejam contratados para somente uma corrida ou outra. Para isso, ganham de US$ 10 mil (R$ 55 mil) a US$ 15 mil (R$ 81 mil) por prova, com o valor dobrando no caso das 24 Horas de Daytona.
Nas categorias de GT, os competidores costumam ser contratados pelas montadoras, por isso os salários são maiores. Geralmente, eles também tomam parte de outros campeonatos por essas marcas, principalmente na Europa, além de participar de eventos corporativos e publicitários.
Na GTD Pro, que terá carros de Porsche, BMW, Lexus, Ferrari, Corvette, Mercedes, Aston Martin e Lamborghini em Daytona, os salários variam de US$ 350 mil (R$ 1,9 milhão) a US$ 400 mil, dependendo de cada marca e podendo aumentar conforme o piloto seja requisitado para as atividades do parágrafo anterior.
A GTD, assim como acontece na LMP2 e na LMP3, também é no formato Pro-Am. Nesse caso, o salário do profissional varia bastante. Alguns times preferem empregar veteranos do automobilismo norte-americano, enquanto outros recebem um piloto de fábrica da montadora que defendem como parte do acordo para a aquisição do equipamento (e esses competidores são pagos pelas fabricantes).
Um bom exemplo desse último caso é Patrick Long, que recentemente se aposentou da Imsa, mas por mais de uma década foi piloto de fábrica da Porsche e ainda recebia bônus por ser embaixador da marca por tanto tempo de serviço prestado.
Assim, os ganhos na GTD vão de US$ 80 mil (R$ 430 mil) a US$ 350 mil, com um competidor ou outro embolsando até US$ 450 mil (R$ 2,4 milhões). Mas a média é em torno de US$ 150 mil (R$ 800 mil).
Com esses salários, dá para entender por que hoje em dia tem tanto piloto buscando repetir o caminho de Nasr e se firmar na Imsa.
Todos os salários deste post equivalem ao pago aos pilotos por temporada, valendo a cotação de 27 de janeiro de 2022.
