Quem foi o melhor piloto de 2021 no automobilismo mundial? Às vezes é melhor esperar até a última volta (ou até o Latifi bater) para responder essa pergunta.

Talvez por isso tradicionalmente eu coloco a lista dos melhores do ano do World of Motorsport sempre no dia 31 de dezembro. Para não correr o risco de nenhuma corrida de última hora me fazer mudar de ideia.

Mas não seria justo comparar quem corre de endurance e divide o carro com outros dois ou três competidores com quem está dando os primeiros passos no esporte a motor. Por isso, a lista abaixo é divida nomeando os melhores em seis categorias: revelação/surpresa do ano, melhor piloto de categorias de turismo, kartista, de GT, protótipos e endurance, das categorias de acesso e de monopostos.

Lembrando que em cada prêmio há dois vencedores: o piloto que mais se destacou no mundo (podendo ser brasileiro ou não) e um representante do Brasil ou que correu por aqui durante o ano.

Vamos aos premiados:

Os melhores pilotos de 2021

Revelação/surpresa do ano: Grégoire Saucy

A nova F-Regional by Alpine era uma das categorias de base da F1 que mais prometiam para 2021. Afinal, contava com pilotos das academias de Ferrari, Mercedes e Red Bull, além de protegidos de Nicolas Todt e de Fernando Alonso. Contra um plantel tão forte assim, quais as chances de um competidor de 21 anos de idade, que militava nas categorias de base desde 2015 e jamais tinha vencido uma corrida? Grégoire Saucy, que jamais figurou entre os favoritos de 2021, arrematou oito triunfos nas primeiras 14 provas do ano e assegurou o título com uma rodada de antecipação. Será o suíço o caso de um piloto que acordou tarde para o automobilismo ou a F-Regional é um campeonato que premia a experiência? A resposta fica para 2022. Menção honrosa para Liam Lawson, que só foi derrotado em sua primeira temporada no DTM devido ao jogo de equipe da Mercedes na prova final.

No Brasil: Não teve nenhum brasileiro que tenha surpreendido em 2021 a ponto de ser considerado uma revelação. Ainda assim, alguns conquistaram resultados melhores que o esperado. Sergio Sette Câmara foi constantemente mais rápido (ao menos nas classificações) que seus companheiros de equipe da Formula E, enquanto Gabriel Bortoleto pontuou em seis das últimas oito corridas da F-Regional (com direito a um pódio) após ter fechado no top-10 somente uma vez nas 14 primeiras provas. E Gabriel Gomez foi o pole no Mundial de Kart.

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Grégoire Saucy ainda não tinha ganhado uma corrida antes de 2021, agora foi campeão contra alguns dos jovens mais badalados do mundo - foto: f-regional by alpine/divulgação

Melhor piloto de turismo: Kyle Larson

Em um ano em que a Hendrick dominou a Nascar, Larson, recém-contratado para substituir o heptacampeão Jimmie Johnson, sobressaiu. Conquistou dez vitórias (fora a da All Star Race), incluindo quatro nas últimas cinco provas da temporada, e seis segundos lugares para ficar com a taça. Foi, também, o único dos campeões das três principais divisões da Nascar que não teve maiores sustos em Phoenix. A campanha vitoriosa veio um ano após ele ter sido suspenso pela categoria, em 2020, por ter falado uma expressão racista durante uma corrida online no período de isolamento social. Menção honrosa para Ash Sutton, tricampeão do BTCC, e Shane van Gisbergen, que dominou a Supercars.

No Brasil: Gabriel Casagrande. Desde que surgiu no automobilismo, em 2012, o paranaense nunca escondeu que preferia seguir carreira no Brasil em vez de pagar quantias cada vez maiores para correr na Europa. Por isso, fez a transição para os campeonatos nacionais até que cedo, aos 18 anos de idade. Desde então, já defendeu a própria equipe e também alguns dos times mais tradicionais da Stock Car. A taça veio em um ano com apenas duas vitórias, mas uma regularidade impecável de outros 12 pódios, no primeiro ano de parceira entre Casagrande, Mauro Vogel e a família Mattheis.

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Kyle Larson voltou à Nascar em 2021 com tudo - foto: chris owens/hhp/chevy racing/divulgação

Melhor piloto de GT, protótipos ou endurance (sportscar): Alessandro Pier Guidi

Nos últimos 15 meses, poucos pilotos rechearam tanto o currículo quanto o italiano de 38 anos de idade. Principal nome da equipe de fábrica da Ferrari nos carros GT, foi bicampeão do GTWC Europe (antiga Blancpain), foi campeão do WEC (apesar de uma polêmica na última corrida envolvendo um toque com um Porsche), ganhou a divisão GTE Pro das 24 Horas de Le Mans e triunfou na classificação geral das 24 Horas de Spa-Francorchamps. Na Bélgica, a primeira colocação veio com uma ultrapassagem nos minutos finais, na pista molhada, em cima de um Audi. Menção honrosa para Ye Yifei, que em seu primeiro ano no endurance foi campeão da Asian Le Mans Series, da ELMS e liderou a divisão LMP2 em Le Mans até a abertura da última volta (quando o carro quebrou).

No Brasil: Felipe Nasr teve uma tarefa das mais complicadas para garantir o bicampeonato da Imsa. Correndo ao lado de Pipo Derani, enfrentou problemas mecânicos nas 24 Horas de Daytona e um acidente nas 12 Horas de Sebring. A partir daí, a dupla esteve imbatível. Nas oito corridas restantes, só uma vez ficou fora do pódio (com um quarto lugar em Watkins Glen). Nas demais, foram três vitórias e três segundos lugares, suficientes para assegurar a taça após uma batalha emocionante com Ricky Taylor, que durou até a última volta da Petit Le Mans, a corrida decisiva do campeonato. O ex-F1 recentemente foi anunciado pela Porsche e será um dos líderes do programa LMDh da montadora a partir de 2023.

Se a Ferrari está longe das vitórias na F1, no GT, Alessandro Pier Guidi tornou a marca imbatível - foto: gabi tomescu/adrenalmedia.com/fiawec/divulgação

Melhor kartista: Andrea Kimi Antonelli, Arvid Lindblad e Rafael Câmara

Na F1, Max Verstappen, Lewis Hamilton e Valtteri Bottas quebraram o recorde de pilotos que mais vezes dividiram o pódio. Já no kartismo aconteceu algo parecido, com Antonelli, Lindblad e Câmara formando os três primeiros colocados nas principais competições do ano na divisão OK. Nenhum deles foi dominante. O brasileiro começou 2021 forte, com os títulos da WSK Champions Cup e da WSK Super Master Series, mas depois levemente caiu de rendimento, sendo vice do Europeu e abandonando a final do Mundial quando brigava pela ponta. Antonelli foi vice nas primeiras competições, triunfou no Europeu, mas nem sequer correu o Mundial. Já Lindblad foi o mais frequente, com poucos títulos, é verdade, mas o único que subiu ao pódio no Mundial. Antonelli faz parte da academia da Mercedes, Câmara assinou com a da Ferrari e Lindblad vai integrar o Red Bull Junior Team. Sinal que eles devem se encontrar muito no futuro. Menção honrosa para Freddie Slater, campeão Europeu e vice Mundial na OKJunior.

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Rafael Câmara esteve entre os principais nomes do kartismo em 2021 - foto: manuela nicoletti/ferrari promo/divulgação

Melhor piloto das categorias de acesso: Oscar Piastri

Não tem muito o que argumentar aqui. Os feitos de Piastri falam por si só. Neste ano, o australiano conquistou sua terceira taça consecutiva, ao terminar a F2 na frente. Antes, já tinha sido campeão da F3 e da F-Renault. Se antigamente ele era conhecido pela regularidade, mas deixava a desejar pelo arrojo, o campeonato deste ano veio após uma sequência de cinco poles e quatro vitórias em corridas longas. Os veteranos Guanyu Zhou e Robert Shwartzman (seu companheiro de equipe na Prema) não tiveram a menor chance. Incrivelmente, Piastri não estará na F1 em 2022. Dá para enteder?

No Brasil: Kiko Porto. Único brasileiro a conquistar um título de divisão de base em 2021, na USF2000, e um dos poucos a ganhar corridas, o pernambucano vai se consolidando nos EUA. Porto era um dos favoritos deste ano, mas pesava contra ele competir pela DEForce, equipe que jamais tinha levado um de seus representantes à taça. Com quatro vitórias e uma regularidade impressionante, o brasileiro deixou os temores para trás e assegurou o troféu e também a bolsa para disputar a Indy Pro 2000 em 2022, mantendo a parceria com a DEForce.

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Oscar Piastri dominou a F2 em 2021 - foto: prema/divulgação

Melhor piloto de monopostos: Max Verstappen

Max Verstappen ou Lewis Hamilton? Quem deveria ter sido o campeão da temporada 2021 da F1? Independentemente da sua resposta, não podemos negar que o holandês teve um campeonato histórico, ao ter liderado mais de 50% das voltas, vencido dez vezes e ter sido primeiro ou segundo em todas as provas que terminou (com exceção do GP da Hungria, quando foi coletado no acidente da largada). A Red Bull talvez nem fosse o melhor carro do grid, mas Verstappen conseguiu fazer a diferença, como Fernando Alonso deixou claro com suas caretas ao acompanhar a volta do holandês na classificação do GP da Arábia Saudita (que terminaria no muro). Por falar em Jeddah, lances como a devolução de posição para Hamilton na penúltima prova do ano e a disputa lado a lado na Curva do Lago, em Interlagos, levantaram a polêmica se o holandês estava passando dos limites e deveria ser punido. Mesmo com os 5s e 10s que levou, terminou como campeão.

No Brasil: Helio Castroneves. O veterano correu pouco na Indy neste ano. Foram só seis etapas. Mas em uma delas, justamente na estreia, conquistou a histórica quarta vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, se juntando a Al Unser, A.J. Foyt e Rick Mears entre os maiores ganhadores da prova. Tudo isso pela Meyer Shank, equipe que ainda tenta se firmar na Indy.

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