Desde que criei o World of Motorsport, lá em 2010, venho contabilizando as vitórias dos pilotos brasileiros pelo mundo praticamente todos os anos.

Com a lista de 2021 – que será postada nos próximos dias -, veio uma conclusão preocupante: não houve nenhum triunfo dos representantes do Brasil nas categorias de base da F1, ao olharmos da F-Regional para cima.

Aliás, Emerson Fittipaldi Jr e Roberto Faria foram os dois únicos jovens brasileiros que fizeram o Ouviram do Ipiranga tocar no continente europeu em 2021. Só que ambos tomaram parte de campeonatos mais alternativos, que não costumam atrair quem integra as academias juniores das equipes da F1.

Faria correu na GB3 – antiga F3 Inglesa -, um campeonato bastante competitivo e que nos últimos anos tem revelado um monte de pilotos para categorias de GT, protótipos e provas de longa duração. Por lá, já passaram nomes que tentam se firmar no cenário internacional, como Clément Novalak, novo companheiro de equipe de Felipe Drugovich na F2, e Linus Lundqvist, terceiro colocado na Indy Lights. O brasileiro levou a melhor em uma das etapas de Spa-Francorchamps.

Já Fittipaldi estava na F4 Dinamarquesa, que não é uma F4 oficial da FIA. Esse campeonato tem regras modificadas (como, por exemplo, aceitando diversos tipos de equipamento) para que pilotos a partir dos 14 anos de idade possam correr. Nos torneios da FIA, a idade mínima é 15. Foi justamente esse limite etário mais baixo que atraiu o filho de Emerson Fittipaldi.

Ao longo das 18 etapas do ano, o brasileiro terminou na primeira colocação em uma das baterias em Jyllandsenring e outra em Padborg Park. Também foi vitorioso na divisão para carros de F4 e uma terceira corrida em Padborg Park, mas nessa cruzou a linha de chegada atrás de um competidor da divisão chamada F5.

De resto, os pilotos brasileiros passaram o ano em branco nas categorias de base da Europa.

A falta de vitórias brasileiras nas categorias de base da F1

Os motivos para esse desempenho abaixo do esperado foram muitos. O primeiro é que para alguns representantes do país não houve continuidade do trabalho que estava sendo feito em 2020. Igor Fraga e Gianluca Petecof, por exemplo, perderam patrocinadores, o que complicou na hora de achar alguma vaga para competir. Enzo Fittipaldi tinha decidido seguir carreira nos EUA e, de última hora, resolveu voltar para a Europa, tanto que correu em três categorias diferentes em 2021. Já Dudu Barrichello ainda estava fazendo a transição do automobilismo americano para o europeu.

Houve, ainda, aqueles que estavam estreando em uma categoria, mas por um time menos competitivo, como era o caso de Caio Collet (de MP na F3) e Gabriel Bortoleto (FA, na F-Regional), além das dificuldades encontradas por Felipe Drugovich e pela UNI Virtuosi, na F2, principalmente nas classificações.

A última razão para a falta de vitórias dos brasileiros em 2021 talvez seja a mais preocupante de todas: não houve brasileiros correndo de F4 da FIA neste ano, o que pode indicar problemas para o país revelar novos pilotos em breve. Nos últimos anos, não só o Brasil se acostumou a ganhar provas na F4, como também constantemente via alguns de seus representantes lutando por título.

O lado bom é que, para 2022, Rafael Câmara já está confirmado na F4 Italiana pela Prema, e Fittipaldi Jr participou das atividades de pós-temporada da categoria pela Van Amersfoort. Além disso, haverá a estreia da F4 Brasil, com regras oficiais da FIA, e que já tem 13 pilotos confirmados.

Como os campeonatos europeus da base só começam entre o início de abril e maio, ainda restam muitas confirmações sobre onde os brasileiros vão correr em 2022. Mas a tendência é que o desempenho seja melhor que o deste ano, uma vez que Drugovich, Collet e Bortoleto devam permanecer, respectivamente em F2, F3 e F-Regional e são fortes candidatos a vitórias.

Sucesso brasileiro nas categorias de base dos EUA

Agora, se na Europa o ano de 2021 não teve destaque para os brasileiros nas categorias de base, o mesmo não pode ser dito dos EUA. Por lá, Kiko Porto foi o campeão da USF2000, que abre o programa Road to Indy, com quatro triunfos ao longo da campanha. E isso sem falar na história quarta vitória de Helio Castroneves nas 500 Milhas de Indianápolis, em um campeonato profissional.

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Roberto Faria conquistou uma vitória na temporada 2021 da GB3 – foto: jakob ebrey/adl/divulgação
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