Enquanto a maior parte das categorias do automobilismo mundial ainda nem foi à pista para a temporada 2021, duas das maiores promessas do esporte a motor do Brasil, Julia Ayoub e Antonella Bassani, já tiveram um começo de mês de março bastante movimentado.
As duas pilotas ganharam destaque mundial no fim do ano passado quando chegaram à decisão do programa Girls on Track, organizado pela FIA e que valia uma vaga na Academia da Ferrari. Elas acabaram derrotadas pela holandesa Maya Weug, mas se firmaram como futuras promessas do país.
Neste mês, Bassani, de 14 anos de idade, dominou a etapa da Copa São Paulo de Kart, realizada na Granja Viana, na divisão Rotax Junior Max, que equivale à OK dos campeonatos da FIA.
A pilota marcou a pole-position para etapa, venceu as duas corridas e, de quebra, assumiu a liderança do campeonato. Agora se prepara para fazer a transição para os monopostos. Ela está inscrita na versão Sul-Brasileira de uma categoria chamada Fórmula 1.4, que existe no país há quase uma década e antes já foi chamada de Fórmula Junior.
Pela F-Junior já passaram pilotos como Pedro Cardoso e Gabriel Robe, que estão na Stock Car, e Bruna Tomaselli, da W Series.
Já Ayoub, que também está nesse momento ir para os carros de fórmula, iria fazer sua estreia na Fórmula Delta (da foto do topo), categoria-escola para quem está começando no esporte a motor e que integra a programação do Paulista de Velocidade.
Julia Ayoub na Formula Delta
Iria porque a etapa do Paulista foi cancelada como consequência da fase vermelha no estado de São Paulo.
Além de Ayoub, o grid da F-Delta conta com mais pilotos de destaque como Antonio Leite, que fez carreira no kartismo da França e também está no momento de ida aos monopostos, e Pedro Burger, atual campeão da categoria e filho de Sergio Burger, dono do centro técnico Weissach, que há anos faz parte do esporte a motor no Brasil.
Fica assim a expectativa para ver se Ayoub vai fazer parte da F-Delta quando o campeonato for retomado.
Do lado negativo, pode parecer bom termos no Brasil campeonatos como a F-Delta e a F-1.4 destinado a quem está no começo da carreira, mas a verdade é que são categorias com grid enxutos (muitas vezes não passa de dez carros) e/ou formado por gentleman drivers.
Seus organizadores têm todos os méritos de conseguir colocar os campeonatos funcionando em uma época em que praticamente não houve nenhum interesse das confederações competentes para desenvolver o automobilismo de base do país. São ótimas iniciativas. Mas não era para termos duas pilotas que estavam na boca de entrar para a Academia da Ferrari e apontadas como as mais talentosas de sua geração andando neles. É nessas horas que a gente percebe a falta que faz uma F4 ou F3 por aqui.
Porque, enquanto Maya Weug vai correr na F4 Italiana, as brasileiras não têm nem um equipamento similar à disposição. Isso sem nem falar em coisas como pontos na superlicença.
Mas lembrando que neste ano Ayoub e Bassani podem novamente participar do Girls on Track e disputar a vaga na Academia da Ferrari em 2022. Nesta primeira etapa da seletiva, são as associações nacionais (a CBA, no caso do Brasil) que indicam as participantes, antes de qualquer avaliação física e de desempenho.
foto do topo: beepress/divulgação
