A BMW foi campeã das 24 Horas de Daytona, na divisão GTLM, pelo segundo ano consecutivo.
Mas o curioso é que apenas o brasileiro Augusto Farfus – além do dono da equipe, o ex-piloto Bobby Rahal – é que de fato venceu tanto em 2019 quanto em 2020. Os demais integrantes da esquadra triunfaram somente em uma das oportunidades.
O motivo é que a equipe RLL inscreve duas BMW na temporada completa da Imsa: a de número 24 e a de número 25.
Em 2019, foi a 25 que cruzou a linha de chegada na frente em Daytona, enquanto dessa vez foi a 24 que levou a melhor.
Mas a pergunta que fica é: por que Augusto Farfus foi o único piloto que mudou de carro para a edição deste ano da tradicional prova americana?
Farfus e o vai-e-vem na BMW
Tudo começou no fim da temporada 2018, quando a BMW vinha de uma temporada não tão boa na Imsa. A marca tinha ganhado duas corridas naquele ano, mas ficado longe da luta pelo título. Uma de suas duplas terminou o campeonato com a sexta colocação, enquanto a outra foi a oitava (entre oito competidores). Para piorar, os dois carros passaram em branco em Daytona, Sebring e na Petit Le Mans, as principais etapas do calendário.
A partir daí, a montadora promoveu uma pequena reformulação. Em primeiro lugar, o britânico Alexander Sims deixou a esquadra para se dedicar apenas à Formula E.
Para o lugar dele, a BMW trouxe Tom Blomqvist, com passagem pelo DTM e que defendia a montadora no WEC. O britânico foi colocado ao lado do americano Connor de Phillippi, enquanto o também americano John Edwards e o finlandês Jesse Krohn foram mantidos no outro carro.
A mudança também afetou os pilotos que eram chamados apenas para as corridas de longa duração. O veterano Bill Auberlen foi sacado e substituído pelo austríaco Phillip Eng que começava a se destacar no DTM. Já Nicky Catsburg, de saída para a Hyundai no WTCR, deu lugar a Colton Herta, que preparava para estrear na Indy (e se tornar o ganhador mais jovem da história da categoria).
Em Daytona, é comum as equipes inscreverem um quarto piloto em seus carros. E a cereja do bolo da BMW para 2019 era a presença de Alessandro Zanardi. Depois de obter um quinto lugar na etapa em que participou do DTM no ano anterior, o bicampeão da Indy era uma das presenças mais aguardadas para a tradicional prova.
E onde que entra Augusto Farfus nisso tudo?
O brasileiro não estava originalmente inscrito para correr pela BMW em Daytona no ano passado. Eram dois os motivos. O primeiro é que seu principal programa na montadora era a disputa do IGTC, campeonato com cinco etapas em cinco continentes diferentes. E o segundo era o acerto do piloto com a Hyundai para o WTCR, diminuindo o espaço que ele tinha dentro da marca alemã.
Só que, às vésperas das 24 Horas de Daytona de 2019, Blomqvist teve um problema com o visto e não pôde viajar aos EUA. A solução da BMW foi convocar Farfus de última hora. Decisão mais do que acertada, já que o brasileiro venceu a corrida ao lado de De Phillippe, Herta e Eng.
Pulando no tempo para este ano, a BMW teve mudanças menores em seu plantel. A primeira delas é que a participação de Zanardi tinha sido confirmada somente para a corrida de 2019, abrindo espaço em um dos carros. E a segunda foi a demissão de Blomqvist para a chegada de Bruno Spengler, que deixou o DTM contra sua própria vontade.
Assim, Spengler foi colocado na parceria formada por De Phillippe, Herta e Eng, ganhadora em Daytona em 2019. Como ele vai disputar a temporada completa da Imsa, a escolha óbvia era que ele competisse pelo mesmo time com o qual vai andar no resto do ano.
Com a saída de Zanardi, abriu uma vaga no outro carro – que foi para Farfus, afinal no ano anterior ele mostrou que merecia mais uma chance em Daytona. E para 2020 o brasileiro foi escalado ao lado de Edwards, Krohn e do australiano Chaz Mostert, que compete na Supercars e tem ganhado cada vez mais espaço na marca alemã.
O resultado, a essa altura, você já sabe. Krohn ultrapassou o Porsche de Nick Tandy faltando cerca de uma hora para terminar a corrida e garantiu o triunfo da BMW pelo segundo ano consecutivo. E Farfus foi o único piloto a guiar os dois carros da marca e a vencer tanto em 2019 quanto em 2020. Isso sim é ser pé quente.
Você pode clicar aqui para ver os resultados completos das 24 Horas de Daytona de 2020, assim como os das principais categorias do automobilismo mundial no fim de semana.
