Desde que comecei a contabilizar as vitórias dos pilotos brasileiros, lá em 2010, uma das minhas descobertas foi que os representantes do país costumam ter bom desempenho em janeiro.

Em todos esses anos, brasileiros ganharam corridas logo no primeiro mês do ano, apesar de esse ser o período com menos provas acontecendo.

Em 2020, não foi diferente. Levou somente quatro dias no novo ano para que um representante do país subisse no degrau mais alto do pódio. Pela segunda temporada consecutiva, a façanha aconteceu na Imsa Prototype Challenge, categoria que faz a preliminar dos treinos das 24 Horas de Daytona e é disputada com modelos LMP3, protótipos menos potentes que os usados no WEC e na própria Imsa.

Jonatan Jorge, brasileiro radicado nos EUA, onde trabalha como coach e gerenciando a carreira de jovens pilotos (incluindo alguns com passagem pela Indy), levou a melhor na corrida de três horas de duração da Imsa Prototype Challenge, em Daytona, ao lado dos americanos Joel Janco e Kyle Kirkwood.

Janco e Jorge são considerados uma das duplas mais fortes na divisão Bronze da categoria, destinada apenas a pilotos amadores, aqueles que têm outro trabalho fora das pistas. Mas os dois não costumam ir tão bem na classificação geral das provas, porque outros times contratam jovens pilotos, muitos deles com passagem pelas categorias de acesso da Indy ou por F3 e F4, que são mais rápidos que os amadores.

Para Daytona, dá para dizer que o jogo virou. Como a etapa é mais longa que as demais do calendário, com três horas de duração, a dupla chamou Kirkwood, que neste ano deve disputar a Indy Lights pela Andretti, para andar junto com eles.

Fazendo um parêntese, Kirkwood é um fenômeno no automobilismo norte-americano. Nos últimos três anos, ele foi campeão da Indy Pro 2000, da USF2000, da F3 Americas e da F4 USA. Segundo um levantamento feito pela imprensa americana, de 2008 para cá, a cada três corridas que ele participou, ganhou duas.

E o desempenho de Kirkwood foi fundamental para o triunfo em Daytona. Com menos de 30 minutos para o fim da prova, a bandeira amarela foi acionada, reagrupando o pelotão. E o jovem piloto americano do time de Jorge e Janco ocupava a quarta colocação.

Em dez minutos, ele ultrapassou os três adversários que restavam e recebeu a bandeira quadriculada na frente, com uma vantagem de 8s8 para o segundo colocado.

Esse também foi o primeiro triunfo na classificação geral da Imsa Prototype para Jorge e para Janco. No resto do ano, eles devem voltar a andar em dupla, e a expectativa que voltem a dominar a divisão Bronze.

Abaixo, você pode ver a lista completa de pilotos brasileiros que venceram em janeiro, de 2010 para cá. E muitos outros nomes ainda podem se juntar a elas. É que neste primeiro mês de 2020, Caio Collet e Igor Fraga vão disputar a Toyota Racing Series, na Nova Zelândia, Pietro Fittipaldi corre na F3 Asiática, Lucas di Grassi e Felipe Massa participam da Formula E, e ao menos sete representantes do país estarão nas 24 Horas de Daytona.

As vitórias do Brasil em janeiro

2010: André Negrão (Brazil Open) e Lucas Foresti (Toyota Racing Series)
2011: Lucas Foresti (Brazil Open) e Vinicius Perdigão (USF2000 Winterfest)
2012: Lucas Foresti (Brazil Open) e Oswaldo Negri (24h de Daytona)
2013: Felipe Guimarães (Brazil Open), Bruno Bonifacio e Pipo Derani (Toyota Racing Series)
2014: Felipe Guimarães e Leandro Florenzo (Brazil Open) e Christian Fittipaldi (24h de Daytona)
2015: Tony Kanaan (24h de Daytona)
2016: Pedro Piquet (Toyota Racing Series), Pietro Fittpaldi (MRF Challenge) e Pipo Derani (24h de Daytona)
2017: Pedro Piquet (Toyota Racing Series)
2018: Christian Fittipaldi (24h de Daytona)
2019: Leo Lamelas (Prototype Challenge) e Augusto Farfus (divisão GTLM das 24 Horas de Daytona)
2020: Jonatan Jorge (Prototype Challenge)

E você pode clicar aqui para ver os resultados completos deste fim de semana em Daytona.

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