Pietro Fittipaldi é a maior surpresa no grid da rodada de abertura da nova temporada da F3 Asiática, que começa neste fim de semana em Sepang.
O espanto se dá porque o brasileiro já teve passagens por categorias profissionais, como o DTM, a Indy, o WEC e a Super Fórmula, do Japão, além de ser o atual piloto de testes da Haas, na F1, e agora vai competir em um torneio destinado a quem está no começo de carreira e acabou de deixar a F4.
Mas por que Fittipaldi resolveu descer tanto, até a F3, neste momento?
A resposta pode ser o fato de a F3 Asiática distribuir pontos para obter a superlicença, documento obrigatório para correr na F1. O campeão levará 18 pontos, o vice ficará com 14, e até o nono colocado receberá ao menos um ponto.
Segundo as contas do próprio Fittipaldi, ele tem 36 desses pontos, sendo que são necessários chegar aos 40 para obter a superlicença. Ou seja, pela matemática dele, caso termine a F3 Asiática em sexto, receberá o restante e estará liberado para um dia correr na F1.
E, apesar de todas as vagas para a temporada 2020 da principal categoria do automobilismo mundial já estarem ocupadas, a própria permanência do brasileiro na Haas pode depender de obter o documento.
Fittipaldi já afirmou, em algumas entrevistas, que gostaria de ampliar suas funções na escuderia americana em 2020, se tornando o piloto reserva do time – atualmente, o trabalho dele acontece principalmente no simulador.
Como o reserva é que é chamado para correr caso aconteça alguma coisa com os titulares, como um forte acidente nos treinos livres ou acordar doente num domingo de GP, é obrigatório que o dono dessa função tenha uma superlicença válida.
E Fittipaldi já tem concorrência para assumir esse cargo. Robert Kubica, que foi o titular da Williams em 2019 e, portanto, já tem uma superlicença, negocia com a Haas para ser o reserva no ano que vem, de olho em eventualmente substituir Romain Grosjean ou Kevin Magnussen na temporada 2021 da F1.
Assim, mais do que nunca o brasileiro está pressionado para obter a superlicença e se manter na Haas. E como a F3 Asiática começa neste fim de semana e termina em fevereiro, é a chance de ele conquistar os quatro pontos, que segundo suas contas, faltam para obter o documento.
E, caso a descida do brasileiro para esse certame seja justamente para obter os pontos da superlicença, será a primeira vez que o piloto terá uma estratégia mais agressiva para consegui-los. Antes, ele tinha preferido se dedicar a campeonatos como o DTM e a Super Formula, onde chances de acumular esses pontos eram baixas.
Dan Ticktum na F3 Asiática
Mas não dá para achar que a superlicença já está no papo. Dan Ticktum, o polêmico britânico que foi demitido do Red Bull Junior Team no começo de 2019, tentou estratégia parecida e disputou a temporada anterior da F3 Asiática.
Só que o desempenho dele foi tão ruim que estava longe de conseguir os resultados necessários. E a situação ficou ainda pior quando, no meio da campanha, descobriu que a F3 não distribuiria ponto algum.

Pietro tem uma carreira extremamente curiosa nos monopostos. Será que agora a SL virá?
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