O fim de semana que antecedeu o GP do Brasil de F1 foi bastante especial para os fãs de Ayrton Senna.

Para começar, no sábado, a principal categoria do automobilismo mundial realizou um evento em São Paulo para homenagear o tricampeão. Apesar de um problema ou outro, a apresentação deu bastante certo e exibiu a Toleman usada por Senna em sua estreia na F1, em 1984, e também a Lotus do seu primeiro triunfo na categoria, no ano seguinte.

Foi, ainda, a oportunidade de ver de perto várias gerações do automobilismo brasileiro reunidas, como Emerson Fittipaldi (bicampeão da categoria), Pietro Fittipaldi (que pode ser considerado o representante do país mais próximo de uma vaga na F1), Caio Collet (apontado como uma das principais revelações brasileiras da atualidade) e Felipe Massa (último piloto do país a correr no campeonato).

Não é por acaso que os brasileiros ganharam esse mimo da F1. O Brasil é o país do mundo onde a categoria tem a maior audiência, sendo que o número de pessoas que acompanha o campeonato cresceu no ano passado, mesmo após a saída de Massa.

Neste ano, a Globo registrou recordes de audiências em alguns GPs, como o da Bélgica e o da Itália, então a F1 sabe que não deve nos ignorar.

Talvez só tenha faltado Bruno Senna no evento. O sobrinho de Ayrton não esteve presente porque no mesmo fim de semana disputou as 4 Horas de Xangai, terceira corrida da temporada 2019-2020 do WEC, realizada do outro lado do mundo.

Bruno Senna no WEC 2019-2020

Senna, aliás, foi o ganhador da prova, ao lado do francês Norman Nato e do americano Gustavo Menezes.

Essa foi a segunda vitória da Rebellion nas duas últimas temporadas, mas a primeira em que de fato os carros da Toyota foram derrotados. No outro triunfo, em 2018-2019, os dois veículos da montadora japonesa tinham sido desclassificados por não terem sido aprovados na vistoria técnica.

De quebra, Senna se tornou o primeiro piloto da história a triunfar no WEC em cada uma das quatro divisões – LMP1, LMP2, GTE Pro e GTE Am.

O segredo da conquista do fim de semana não foi uma melhora da Rebellion, mas um regulamento polêmico que passou a ser adotado nesta temporada do Mundial de Endurance, chamado success ballast.

Success Ballast no WEC

De uma forma resumida, significa que os carros que tiverem melhor desempenho, portanto mais sucesso, vão receber lastro (ballast, em inglês) para ficarem mais devagar e permitir que outros competidores possam ganhar corridas.

Essa não é uma medida exclusiva do WEC. Certames como o BTCC (campeonatos de carros de turismo do Reino Unido) e o Super GT (o equivalente japonês ao DTM) também usam essa regra. É por isso que esses campeonatos, quando chegam ao fim de suas temporadas, costumam divulgar que tiveram um monte de ganhadores diferentes ao longo do ano.

Muitas vezes, o lastro usado nesse regulamento é apenas o aumento do peso do carro mais rápido. Mas a Toyota, por ser a única montadora do WEC, é tão superior à Rebellion e também à Ginetta (a outra marca da divisão LMP1), que ainda foi penalizada com a diminuição do quanto pode gastar de combustível entre cada parada nos boxes e também na redução do fluxo do combustível para o motor.

Por causa dessas penalizações, os Toyota eram 2s7 por volta mais lentos que em situações normais. Como resultado, a Rebellion não teve nenhuma dificuldade para ganhar a corrida.

A expectativa é que o restante da temporada do WEC seja esse perde-ganha da Rebellion, da Toyota e também das Ginetta, com base no lastro e nas demais punições aplicadas a cada uma delas . Então é bem possível que vejamos Bruno Senna mais vezes no degrau mais alto do pódio. Lembrando que o success ballast não será usado nas 24 Horas de Le Mans, etapa que encerrará a temporada 2019-2020 do WEC, em junho do ano que vem.

Você pode clicar aqui para ver os resultados completos das 4 Horas de Xangai, do WEC, assim como os das principais categorias do automobilismo mundial no fim de semana.

foto do topo: josé mario dias/rf1/divulgação

foto de Bruno Senna
Bruno Senna levou o carro da Rebellion à vitória nas 4 Horas de Xangai do WEC – foto: tim hearn/adrenalmedia.com/wec/divulgação
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