A McLaren surpreendeu e escolheu disputar a temporada 2020 da Indy com uma dupla formada por praticamente dois novatos: o americano Oliver Askew, atual campeão da Indy Lights, e o mexicano Pato O’Ward, que participou de sete etapas da categoria norte-americana neste ano antes de ser inexplicavelmente contratado pelo Red Bull Junior Team.

Como consequência, James Hinchliffe foi demitido da noite para o dia e corre o risco de ficar sem vaga na próxima temporada da Indy.

A equipe de Sam Schmidt, aliás, já não estava tão satisfeita com o desempenho dele e, no momento em que a escuderia acabou absorvida pela McLaren, aí já não fazia mais tanto sentido Hinchcliffe ficar para 2020. Isso sem falar que o piloto tem patrocínio da divisão canadense da Honda (fornecedora de motores da Indy, concorrente da Chevrolet, que equipará os carros do time britânico).

Dá até para argumentar que neste momento de transição de Sam Schmidt para McLaren seria bom a equipe ter um alguém mais experiente, como o canadense, o que normalmente significa garantia de bons resultados enquanto o time se estrutura. Mas o próprio Hinchcliffe não teve um 2019 bom. Subiu ao pódio apenas uma vez, em Iowa, e foi o 12º na tabela de pontos no fim da temporada.

Assim, não dá para dizer que ele era imprescindível nessa reestruturação.

E a opção da escuderia acabou sendo por uma dupla jovem, mas de bastante potencial com Askew e O’Ward. Então, mesmo que os resultados levem um tempo para chegar, a expectativa é vê-los brigando com Penske, Ganassi e Andretti pelas primeiras posições no futuro.

Mas tem um momento no qual a McLaren pode sentir a falta de um veterano em 2020: nas 500 Milhas de Indianápolis.

Askew nunca disputou a principal corrida do calendário, enquanto O’Ward não conseguiu se classificar para a edição deste ano, competindo pela Carlin.

A situação fica um pouco mais complicada se pensarmos que a McLaren pode ter um terceiro carro na Indy 500 de 2020 para Fernando Alonso, que segue em busca da Tríplice Coroa (como são chamadas as vitórias nas 500 Milhas, no GP de Mônaco e nas 24 Horas de Le Mans).

A McLaren na Indy 500

Se assinar com Alonso para a Indy 500, a McLaren vai para o mês de maio com três pilotos com pouca experiência nos ovais dos EUA. Aí corre-se o risco de entrar naquela bola de neve: a dificuldade em acertar o carro pode levar à falta de velocidade, o que obriga os pilotos a andarem além do limite, aumentando o risco de acidentes. E, se bater, aí é recomeçar do zero, com equipamento longe do ideal e com a confiança abalada.

Foi o que aconteceu com a Carlin em 2019, com O’Ward e Max Chilton não conseguindo se classificar para as 500 Milhas, e também com a McLaren, que viu Alonso ficar fora da prova.

E ter um veterano nas semanas que antecedem as 500 Milhas é importante, porque ele pode dar algumas voltas com os carros dos companheiros durante os treinos livres e apontar o que precisa ser modificado.

Em 2017, quando Alonso estreou na Indy 500 pela Andretti, o americano Marco Andretti foi o responsável por fazer o shakedown do equipamento do espanhol para garantir que estava tudo certo para ele.

Para encerrar, alguém até pode lembrar que a participação da McLaren nas 500 Milhas de Indianápolis de 2019 foi uma bagunça tremenda. Nos episódios mais bizarros, a equipe foi participar de um treino privado no oval do Texas e já estava montando o equipamento quando descobriu que o volante não tinha ficado pronto a tempo. E, em Indianápolis, só perceberam depois do acidente de Alonso que o carro reserva tinha sido pintado no tom errado de laranja, então não poderia ir à pista dessa maneira.

E, como para 2020 a McLaren absorveu a equipe de Sam Schmidt (que está na Indy desde 2011), a tendência é que esse tipo de erro bobo não se repita.

É verdade. Mas continuam existindo riscos para participar das 500 Milhas de Indianápolis. Basta lembrar que em 2018 Hinchcliffe não conseguiu se classificar para a tradicional prova pela mesma equipe de Sam Schmidt que hoje é a McLaren.

Assim, a falta de um veterano para uma eventual emergência na Indy 500 talvez tenha sido o único erro da escolha por Askew e O’Ward para 2020. Ou então, ter dois novatos pode ser sinal de que Alonso não faz mais parte dos planos da McLaren. E, se o espanhol quiser conquistar a Tríplice Coroa, que acerte com outra equipe.

foto do topo: mark sutton/sutton/chevy/divulgação

foto da McLAren
Em 2017, Fernando Alonso contou com o apoio dos veteranos da Andretti para brigar pela vitória na Indy 500 – foto: honda/divulgação
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