Com Nyck de Vries tendo conquistado por antecipação o título da temporada 2019 da F2, resta ao brasileiro Sérgio Sette Câmara lutar pelo prêmio de consolação, que é a superlicença, documento obrigatório para correr na F1.
Para obtê-lo, os pilotos são valiados pela FIA ao final de cada temporada e recebem pontos pelo desempenho que tiveram. São necessários 40 desses pontos para poder tirar a superlicença.
Como terminou a temporada 2018 da F2 em sexto, Sette Câmara já tem dez pontos. Caso finalize o atual campeonato entre os quatro primeiros colocados, o brasileiro obterá os 30 que faltam e, assim, estará apto para subir à F1 – onde já é piloto de testes da McLaren.
O que ainda está em jogo na F2 2019
Faltando apenas a etapa de Abu Dhabi para o fim da F2 2019, Sette Câmara é justamente o quarto colocado na tabela, mas somente seis pontos na frente do britânico Jack Aitken, o quinto
Por outro lado, pode-se argumentar que não há pressa para o brasileiro. É que, mesmo que conquiste a superlicença, as vagas na F1 estão distantes dele. Neste momento, Red Bull, Toro Rosso, Williams e Alfa Romeo são as escuderias que ainda podem mudar suas duplas para 2020. E Sette Câmara não é especulado em nenhuma delas.
Além do mais, o brasileiro ainda não mostrou na pista que mereceria uma promoção à F1. Em três temporadas na F2, ainda não venceu uma corrida principal, a realizada no sábado, tendo sido beneficiado pela regra do grid invertido em seus dois triunfos até agora. E tem duas poles em 33 classificações disputadas até agora. Ou seja, para subir à principal categoria do automobilismo mundial, ele precisaria pagar – e muito – pela vaga.
Como pelas regras da FIA um piloto pode levar até três anos para acumular os pontos necessários, então mesmo que ele acabe ultrapassado por Aitken na classificação final, ele ainda poderia voltar à F2 novamente no ano que vem para buscar a superlicença – de olho em correr na F1 em 2021.
E aí chegamos em um dos principais pontos fortes do brasileiro: o tempo está a favor dele.
É que, apesar de estar terminando sua terceira temporada completa na F2, Sette Câmara é um dos pilotos mais jovens do grid, com 21 anos e 4 meses.
Todos os seus concorrentes na luta pelo título deste ano já passaram dos 24. Aitken, por exemplo, acabou de fazer aniversário no dia 23 de setembro. Luca Ghiotto, o terceiro na tabela, tem 24 anos e 7 meses. Nicholas Latifi, parceiro de Sette Câmara na Dams, tem 24 anos e 3 meses, enquanto De Vries tem 24 anos e 8 meses.
Isso quer dizer que o brasileiro poderia ficar mais três anos na F2 para igualar seus rivais de 2019 – tempo suficiente para obter a superlicença.
Ou então usar sua juventude – e o espaço que tem para evoluir como piloto nos próximos anos – para convencer alguma equipe (seja da F1, seja de outro campeonato grande) a contratá-lo.
Por isso que nada está perdido para Sette Câmara, apesar de a temporada 2019 ter ficado abaixo do esperado, com uma única vitória conquistada e possivelmente fechando o ano longe do título e atrás de seu companheiro de equipe.
Você pode clicar aqui para ver os resultados completos da F2 na Rússia, assim como os das principais categorias do automobilismo mundial no fim de semana.
foto do topo: fiaf2/quick comunicação/divulgação

O penalty para ele continuar na F2 é que muito provavelmente ele não estará num time top no próximo ano. A fila precisa andar e pode acabar sobrando para ele uma vaga numa MP da vida. Não dá para fazer muito. Tivesse ele um caminhão de dinheiro, assim como o Latifi, talvez tivesse chance em algum time desesperado por dinheiro, como a Williams. Achei o desempenho dele esse a o muito abaixo do que ele apresentou no ano passado. Contra o Norris, ele foi mais batalhador.
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Muitos equívocos nas decisões sobre a carreira e a culpa é do Max Verstappen, todo mundo achava que poderia fazer igual ao holandês e já estrear na F-3, pulando etapas como F-4 e F-Renault, acabou que o Câmara apesar de jovem, se queimou, já sendo um veterano na F-2.
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Até seria possível imaginar que uma equipe de F1 contrataria um piloto que precisou de 4 temporadas pra ser campeão.
Ou que foi demitido da RB.
Ou que tenha ficado atrás do companheiro de equipe.
Ou ainda que ganhou duas corridas em três temporadas, com o grid invertido.
Mas o Câmara é tudo isso junto.
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Nicholas Latifi: 5 campeonatos na F2 e não foi campeão. Jamais passou por programa de jovens pilotos (quanto mais ser demitido). Terminou atrás do companheiro de equipes em todas as temporadas, menos a atual. Ficou de 2013 a 2016 sem ganhar corridas. É favorito para a vaga na Williams.
Pierre Gasly: ficou quase três anos (de 2013 a 2016) sem vencer qualquer corrida. Terminou atrás do companheiro de equipe em 2015 na GP2 (antigo nome da F2). Estava no terceiro ano na GP2 e quase perdeu o título para o companheiro de equipe que era novato.
Alex Albon: venceu uma única corrida em seus quatro primeiros anos no automobilismo. Foi demitido do programa da Red Bull e também do da Lotus nesse período. Terminou atrás de companheiros de equipe. Hoje é titular da Red Bull e tem sido elogiado.
Acho que você está certo no seu ponto. Até agora, Sergio Sette Câmara não mostrou muita coisa para justificar ir para a F1. Mas é aí que entra o que escrevi no meu texto. Ele é muito jovem, ainda mais na comparação com os rivais da F2 deste ano, então ainda tem tempo para evoluir e melhorar, independentemente de um dia ir para a F1 ou para alguma outra categoria grande.
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Concordo.l
Mas ainda me fica a impressão de que se ele for campeão, a F1 vai achar que ele é um De Vries mais novo.
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