Apesar de a Indy ter duas fornecedoras de motores – Honda e Chevrolet -, é um erro pensar que há equilíbrio entre elas.
Enquanto a Honda já conquistou vitórias em 2019 com quatro equipes diferentes (Andretti, Ganassi, Harding e RLL), tudo o que a Chevrolet tem é a Penske.
É verdade que essa equipe já chegou na frente sete vezes na atual temporada, além das duas últimas edições das 500 Milhas de Indianápolis. Mas às vezes ela falha. Seus pilotos, especialmente Will Power e Simon Pagenaud, são conhecidos pelos altos e baixos frequentes, o que acaba abrindo espaço para a montadora rival.
Foi assim que a Honda levou Scott Dixon ao título da Indy em 2018 e tem Alexander Rossi na luta pela taça deste ano, apenas 14 pontos atrás de Newgarden, da Penske.
Além disso, todo o meio do pelotão é formado por times com o equipamento japonês. Da Chevrolet, resta apenas a Carpenter (que anda bem somente nos ovais), a Foyt (considerada a pior equipe do grid) e a Carlin (sem nenhum piloto disputando a temporada completa).
Por essa razão, quando a McLaren tentou participar das 500 Milhas deste ano, só podia formar uma aliança técnica com os times do fim do grid, uma vez que a Honda proibiu que suas escuderias trabalhassem com a equipe da F1. O motivo, claro, foi a conturbada separação na principal categoria do automobilismo mundial, em que Fernando Alonso e Zak Brown não poupavam críticas ao equipamento nipônico.
Como a McLaren anunciou que vai disputar a temporada completa da Indy a partir de 2020, a única forma é com o motor Chevrolet. Assim, a esquadra costurou uma fusão com o time de Sam Schmidt (atualmente cliente da Honda) para que juntos, a partir do ano que vem, usem o motor americano.
Dessa forma, em 2020, a McLaren SP fará parte do grid da Indy e dará à Chevrolet uma segunda equipe grande, que poderá somar pontos importantes – e até brigar por vitórias – nos momentos em que a Penske falhar (o que tem sido até que frequente).
Quem vai correr pela McLaren na Indy?
Claro que vai depender de quem serão os pilotos da nova escuderia. Marcus Ericsson tem contrato só até o fim deste ano, e James Hinchcliffe é patrocinado pela Honda do Canadá, então por causa do acordo da McLaren com a Chevrolet, sua permanência pode se tornar inviável.
E não há muitos competidores disponíveis no mercado. Depois que Alexander Rossi renovou contrato com a Andretti, o melhor nome é Colton Herta, ganhador da etapa de Austin pela Harding.
Mas Herta é ligado à Andretti. Correu por ela na Indy Lights e seu pai, o ex-piloto Bryan Herta, é um dos sócios da esquadra. Assim, pode ser difícil que outro time – principalmente um que usa motores Chevrolet – consiga contratá-lo.
Ou seja, caso não consiga atrair nenhum piloto experiente, pode ser que a McLaren, neste primeiro ano de seu retorno à Indy, ainda não brigue pelas primeiras colocações.
Já a Honda, para 2020, perde uma de suas escuderias mais organizadas, a de Sam Schimdt, mas que não está no primeiro escalão. Desde que Pagenaud se transferiu para a Penske, no fim da temporada 2014, a esquadra só venceu três vezes desde então – sempre com James Hinchcliffe.
E, caso não tenha mais nenhuma baixa, a montadora nipônica vai continuar com um batalhão formado por Andretti, Ganassi, RLL, Harding e Dale Coyne. Nem tudo está perdido para ela, portanto.
foto do topo: carey akin/originally posted to flickr as DSC_6736/CC BY-SA 2.0
