Com duas vitórias e um segundo lugar nas últimas quatro corridas, Max Verstappen é, sem dúvidas, o principal piloto da parte final desta primeira metade da temporada 2019 da F1.
Assim, fica a questão: será que ele ainda pode ser campeão?
Matematicamente, pode sim. Se Verstappen vencer todas as nove corridas que faltam na segunda metade da temporada e Lewis Hamilton chegar em segundo em todas elas, o holandês da Red Bull vai somar 225 pontos, 63 a mais que o britânico da Mercedes.
Como a diferença entre os dois neste momento é de 62 pontos, Verstappen, portanto, ainda pode ser campeão.
Antes de continuar, faço um parentese. Nas contas acima, não considerei o ponto extra dado ao autor da melhor volta de cada prova por dois motivos.
O primeiro é para simplificar o cálculo. O outro é que, se a decisão do campeonato eventualmente depender desse bônus, é provável que Mercedes e Red Bull usem a estratégia e sacrifiquem o resultado de Valtteri Bottas e de Pierre Gasly, respectivamente, para que eles façam paradas em fim das prova e sejam o autor da melhor volta, impedindo que o bônus vá para os que lutam pela taça.
Ganhando todas as corridas na F1 2019
Voltando ao mundo real, vencer todas as nove corridas finais é uma tarefa das mais complicadas, mas já aconteceu.
Foi em 2013, quando Sebastian Vettel, correndo pela mesma Red Bull em que hoje está Verstappen, chegou na frente em Spa-Francorchamps, Monza, Cingapura, Yeongam (Coreia do Sul), Suzuka, Buddh (Índia), Yas Marina, Circuito das Américas e em Interlagos.
Só que há alguns obstáculos para que o holandês consiga repetir o desempenho do atual titular da Ferrari.
O primeiro é que em 2013 a Red Bull tinha o melhor equipamento do grid, mas era um carro que desgastava demais os pneus. Como as outras equipes cuidavam melhor da borracha, Vettel só tinha vencido três vezes na primeira metade daquela temporada, com Fernando Alonso, Nico Rosberg, Kimi Raikkonen e Lewis Hamilton também chegando na primeira colocação.
Mas o GP da Inglaterra daquele ano foi marcado pelo estouro de diversos pneus. Por questão de segurança, na segunda metade da temporada, a Pirelli foi obrigada a trocar o composto que era oferecido às equipes para um mais resistente, acabando com a única fraqueza da Red Bull. Assim, Vettel pôde seguir rumo às nove vitórias consecutivas.
Outro problema para Verstappen é que a Mercedes, apesar de ter começado a ser ameaçada pela Red Bull neste ano, é conhecida por conseguir evoluir o carro mais rapidamente que as demais equipes.
Em 2018, a Ferrari foi para as férias de verão – período de um mês sem corridas entre os GPs da Hungria e da Bélgica – com o melhor equipamento do grid. Tanto que Sebastian Vettel só não era o líder na tabela de pontos por causa do acidente que sofrera enquanto liderava do GP da Alemanha.
Mas a Mercedes voltou para a segunda metade da temporada praticamente imbatível. E Hamilton conquistou vitórias em pistas muito diferentes, como o traçado de rua de Cingapura, que exige mais downforce, e Monza, onde é pé embaixo praticamente o tempo todo.
Aliás, o britânico fechou a temporada passada com seis vitórias em nove corridas. Perdeu para Vettel em Spa, foi terceiro no Circuito das Américas e quarto, no México, quando garantiu matematicamente a taça.
Por fim, há um último fator que pode beneficiar o britânico na luta pelo título contra Verstappen: o escudeiro.
No ano passado, a Mercedes prejudicou a corrida de Bottas inúmeras vezes para que Hamilton fosse beneficiado. O ponto mais gritante foi no GP da Rússia, quando de fato houve ordem para que o finlandês deixasse o companheiro passar e conquistar a vitória. Mas em outros casos, como na Itália, a estratégia era deixar o segundo piloto na pista, mesmo com pneus mais gastos, para que ele segurasse o ritmo das Ferrari, enquanto Hamilton voava.
Como Pierre Gasly não tem conseguido acompanhar o ritmo dos demais pilotos das equipes grandes neste ano – tanto que terminou o GP da Hungria uma volta atrás de Verstappen -, a Red Bull não poderá usar essa mesma tática para tentar ajudar o holandês. Assim fica difícil.
Com as férias de verão, a F1 para por quase um mês e só retorna às pistas em Spa-Francorchamps no dia 1º de setembro, quando o embate entre Verstappen e Hamilton continuará.
Até lá, você pode clicar aqui e ver os resultados completos do GP da Hungria de F1, assim como os das principais categorias do automobilismo mundial neste fim de semana.
