A regra número 1 da W Series, controversa categoria destinada apenas para mulheres, é economizar dinheiro em tudo, absolutamente em tudo o que for possível operacionalmente.
O motivo é que, pelo campeonato ter sido criado neste ano, boa parte do dinheiro para pagar as contas sai do bolso de seus fundadores – incluindo os prêmios milionários dados às primeiras colocadas no fim da temporada.
Acordos de patrocínio e de direito de transmissão só foram fechados pouco antes de o certame ir à pista pela primeira vez, então apenas no balanço financeiro de 2020 é que dará para saber se foram o suficiente para sair do vermelho.
É por essa necessidade de economizar que o campeonato tem apenas seis etapas, mesmo que o DTM, que divide o calendário com a W Series, corra em nove rodadas neste ano (isso sem falar na prova extra-campeonato em conjunto com o Super GT, no Japão).
Também é o motivo para a categoria usar o mesmo equipamento da F-Regional (um passo intermediário entre as F4 e a F3 da FIA). A W Series preferiu não pagar para alguma fabricante, como Dallara ou Oreca, desenvolver um carro do zero. Então o jeito foi comprar o monoposto mais rápido disponível no mercado e produzido em grande escala.
Indy, F2 e Super Formula têm acordos quem impedem a Dallara – sua fornecedora de chassis – de vender os equipamentos para outros campeonatos. As multas são pesadíssimas se essa cláusula for quebrada, então restou o da F-Regional para o certame feminino.
E a economia é, ainda, a razão de os fins de semana da W Series terem apenas dois dias de atividade de pista – a sexta e o sábado. Em vez dos três tradicionais da maior parte dos campeonatos.
Grid invertido na W Series 2019
Mas a categoria já está estudando mudanças para a próxima temporada. Neste fim de semana, em Assen, uma segunda corrida será realizada no domingo, contando com a regra do grid invertido, assim como acontece na F2 e na F3.
Como essa prova não estava prevista no começo da temporada, não valerá pontos e terá transmissão liberada para o mundo todo pelos perfis da W Series nas redes sociais.
Apesar de não valer nada, é uma boa oportunidade para pilotas que têm brigado pelos primeiros lugares da W Series 2019, mas que ainda estão um pouco distante da vitória, de aparecerem para o mundo. É o caso de Miki Koyama, Sarah Moore, Fabienne Wohlwend e Tasmin Pepper, entre outras.
E também o de Emma Kimilainen. A veterana pilota da Finlândia, de 30 anos de idade, era apontada como uma das candidatas ao título, mas um acidente logo na primeira volta da corrida inaugural a deixou afastada das pistas até o começo do mês de julho.
Ela só retornou na última etapa, em Norisring, e foi bem. Terminou com a quinta colocação e com a volta mais rápida.
Aliás, falando em Norisring, a rodada passada trouxe uma novidade bastante criticada pelos seguidores da categoria.
É que antes do treino livre a organização da W Series disse que a canadense Megan Gilkes, a mais jovem do certame, estava com sua vaga ameaçada por causa do mau desempenho nas três corridas realizadas até então.
Assim, Gilkes e as reservas Sarah Bovy e Vivien Keszthelyi disputaram uma espécie de pré-classificação durante os treinos livres na sexta. A mais rápida das três participaria da tomada de tempos e da corrida do sábado. As outras duas ficariam a pé e seriam obrigadas a assistir à prova pela televisão.
Keszthelyi acabou o treino livre com o sétimo lugar e garantiu participação na corrida, enquanto Gilkes, que veio logo atrás, no oitavo posto, nem sequer pôde participar.
Foram duas críticas principais. Não era justo que a canadense, oitava mais veloz na atividade, ficasse de fora do resto do fim de semana. Por que não cortar quem ficou com as últimas colocações?
A outra é que a troca de pilotas e a pré-classificação não tinham sido divulgados antes do campeonato começar. E essa não é a primeira vez que faltou transparência para a W Series. O próprio processo que selecionou a 18 competidoras – além das duas reservas – foi cercado de mistério e de poucas justificativas sobre as eliminações.
Para Assen, a W Series informou que a pré-classificação não será disputada, e Gilkes voltará ao posto de titular.
Tomara que para o ano que vem a categoria mantenha as rodadas duplas, com corridas aos sábados e aos domingos. Uma prova é muito pouco. Já a pré-classificação pode ser interessante, mas desde que todas as competidoras saibam de antemão que não estão garantidas em todas as corridas.
