Qual é o tamanho da crise no automobilismo brasileiro?

Não é um absurdo dizer que pode ser a maior da história. Em 2018, o país encerrou uma sequência de quase 50 anos, que durava desde 1970, com ao menos um representante no grid da F1.

Na Indy, restam dois brasileiros, mas ambos andando por uma das piores equipes – senão a pior – da categoria.

E os poucos momentos de glória nos campeonatos profissionais têm vindo na Formula E nas provas de longa duração nos EUA e na Europa, como as 24 Horas de Le Mans.

Para piorar, desde o ano passado, o país parou de formar pilotos. A F3 Brasil, por falta de interessados, deixou de ser disputada, e a única opção para quem quer seguir carreira no esporte a motor é ir para a Europa ou para os Estados Unidos assim que sair do kart.

Depender de um piloto vingar assim equivale a fazer um planejamento financeiro contando que se vá ganhar na loteria. É muita sorte envolvida e tudo pode acontecer.

Uma F4 no Brasil em 2020?

Por isso, a notícia de que o país pode ter uma F4 a partir da próxima temporada é tão positiva. Segundo reportagem publicada nesta terça, a empresa F/Promo Racing, que também promove a Fórmula Vee no Brasil, pretende importar 12 carros de F4 para começar uma categoria aqui no país, em 2020, inclusive distribuindo pontos para a superlicença. O preço para uma temporada deve ser de R$ 470 mil.

É claro que uma F4 não vai mudar a situação do país no esporte a motor da noite para o dia. Talvez nenhum dos pilotos que passarem por ela um dia chegue à F1.

Mas ter uma categoria no Brasil é importante para quem está no kartismo saber qual é o próximo passo da carreira. E também facilita muito a vida desses jovens pilotos, já que não vão precisar comprometer os estudos para se mudarem para a Europa ou para os EUA desde o começo da adolescência.

Além disso, nem tudo é F1. Ter um campeonato de base, como a F4, no país, é importante renovar a presença brasileira em outras grandes categorias do automobilismo mundial

Basta pegarmos como exemplo a F-Renault, que foi disputada aqui no Brasil de 2002 a 2006, sendo promovida pelo ex-piloto Pedro Paulo Diniz. No primeiro ano, três pilotos chegaram à etapa decisiva com chances de serem campeões: Allam Khodair, que depois fez carreira na Stock Car, Lucas di Grassi, campeão da Formula E e com passagem pela F1, e Sérgio Jimenez.

E foi justamente Jimenez que terminou com a taça. Ele teve um ano bastante esquisito, para falar a verdade. Não ganhou nenhuma corrida, mas terminou no pódio em sete das dez etapas, para garantir o título.

Avançando 17 anos no tempo, Jimenez voltou a ser campeão no último fim de semana, na etapa inaugural do Jaguar eTrophy, categoria de SUVs monomarca que faz a preliminar da Formula E.

Sérgio Jimenez campeão do Jaguar eTrophy

Foi o primeiro título do brasileiro desde a conquista da F-Renault. Antes, ele mostrou bom desempenho tanto na GP2 quanto na A1GP (campeonato rival da F1 em que cada equipe representava um país), mas nunca teve oportunidade de dar continuidade ao seu trabalho, correndo apenas em poucas etapas.

Nos últimos anos, esteve na Stock Car, até assinar com a equipe brasileira do Jaguar eTrophy. Em um campeonato em que havia apenas cinco piloto profissionais (os outros quatro eram Cacá Bueno, Bryan Sellers, Katherine Legge e Simon Evans), os representantes do país sobraram.

E foi justamente a consistência que novamente levou Jimenez à taça. Se não contar a etapa decisiva em Nova York, o brasileiro tinha conquistado uma única vitória, mas subiu ao pódio em todas as corridas, com exceção da prova em Sanya.

Com a taça, a expectativa é que a equipe do Brasil renove contrato para participar da próxima temporada do eTrophy, quando se espera um grid mais competitivo.

Você pode clicar aqui para ver os resultados completos do Jaguar eTrophy em Nova York, assim como os das principais categorias do automobilismo mundial no último fim de semana.

foto do topo: jaguar/divulgação

F4 Francesa
Brasil pode ter uma F4 oficial a partir de 2020 – foto: F4 Francesa/divulgação
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