Sabe aquele meme “Galvão? Fala, Tino”? Ele muito bem poderia ser aplicado neste momento à Toyota Racing Series (TRS), categoria mais conhecida por ser o primeiro campeonato disputado no ano.

Se ao longo da década a TRS praticamente não teve concorrentes – e atraía pilotos de todo o mundo para correr na Nova Zelândia em janeiro e fevereiro -, de dois anos para cá, a categoria sentiu o golpe de enfrentar competidoras.

Uma deles foi o campeonato de inverno da F3 Asiática, que reuniu em 2019, nos mesmos meses de janeiro e fevereiro, um grid de cerca de 15 pilotos, muitos deles com currículos bastante promissores.

Correram no certame asiático Rinus Veekay (campeão da Pro Mazda em 2018), Alessandro Ghiretti (vencedor da F4 do Sudeste Asiático) e Amaury Cordeel (que ficou com a taça na F4 Espanhola), além de Christian Lundgaard, Victor Martins, Ye Yifei e Max Fewtrell, todos da academia da Renault, e Jack Doohan, do Red Bull Junior Team. Isso sem falar em Dan Ticktum, que começou a temporada de olho nos pontos da superlicença, mas descobriu que a categoria não daria ponto algum e deixou a disputa no meio.

Com exceção de Ticktum, o que atraiu esses pilotos era o campeonato de inverno da F3 Asiática ser disputado com o mesmo equipamento usado no restante do ano pela categoria principal e por F-Renault Eurocup, F-RegionalW Series.

A Toyota Racing Series, por outro lado, tinha um carro diferente que o da F3, menos potente (o motor de 1,8 L contra o de 2,0 L), mas oferecia um pacote melhor aos pilotos interessados: 15 corridas ao longo de cinco fins de semana consecutivos, um intensivão para quem queria se preparar para a temporada europeia. Não por acaso Lance Stroll, Lando Norris e Daniil Kvyat, correram no certame da Nova Zelândia em algum momento de suas carreiras antes de chegarem à F1.

Isso sem falar que toda a logística é inclusa no pacote oferecido pela TRS – basta chegar ao aeroporto, que a organização cuida de todo o resto.

Mesmo com essas vantagens, a TRS começou a perder espaço para suas concorrentes. O número de participantes caiu. Até 2017, a categoria costumava atrair, em média, 19 pilotos. Foram 13 em 2018 e 16 em 2019. Aí a organização percebeu que estava na hora de mudar.

Para o ano que vem, a categoria anunciou que terá um novo equipamento – justamente o mesmo usado no campeonato de inverno da F3 Asiática e na F-Regional. O objetivo, claro, é copiar a concorrente asiática vinha fazendo e usar o veículo para atrair pilotos, em um momento que testes na Europa são proibidos.

E há uma vantagem da TRS com relação ao torneio de inverno – vale pontos na superlicença. O campeão leva sete, enquanto os cinco primeiros são premiados.

Na apresentação, o novo carro da TRS foi pintado com as mesmas cores usadas pela Toyota em seus demais programas de fábrica (como o WEC e o WRC) no esporte a motor – sinal de que a montadora pode estar mais envolvida do que nunca na categoria de base.

Agora é preciso esperar até o fim do ano para vermos se as mudanças na Toyota Racing Series vão significar um grid mais forte em 2020.

foto do carro da Toyota Racing Series
Novo carro da Toyota Racing Series, que será usado a partir de 2020 – fotos do post: toyota racing series/divulgação

 

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