Um dos maiores pilotos da história da F1, Christian Fittipaldi se aposentou das pistas neste domingo, dia 27, logo após a disputa das 24 Horas de Daytona.

Talvez você que esteja lendo ache um exagero eu chamá-lo de grande estrela da F1. Mas essas não são palavras minhas. São de um estudo feito pela Universidade de Sheffield, do Reino Unido, em 2016, que elegeu o brasileiro como o 11º melhor piloto que já passou pela categoria, na frente, por exemplo, de Nico Rosberg, Niki Lauda e outros campeões.

Nesse estudo, os pesquisadores pretendiam acabar com a importância do equipamento na hora de definir quem é o melhor. Ou seja, lutar pelo título – e perder – andando por uma equipe grande valia menos que pontuar constantemente por escuderias pequenas. A íntegra da pesquisa, aliás, você pode ler clicando aqui.

E Fittipaldi se sobressaiu nesse segundo caso. Ele chegou à F1 em 1992 cercado de grandes expectativas, afinal, nos dois anos anteriores, tinha sido campeão da F3 Sudamericana e da F3000 (atual F2). Mas sua carreira na principal categoria do automobilismo mundial foi por times minúsculos. Defendeu a Minardi por duas temporadas antes de se transferir, em 1994, para a Footwork.

Mesmo assim, não fez feio. Foram dois quarto lugares pela Minardi – escuderia pela qual costumava chegar constantemente entre os dez primeiros – e mais um pela Footwork. E mesmo não te classificado para três GPs em seu ano de estreia não foi um problema, já que era o esperado para alguém que andasse pelo pequeno time italiano.

Antes de continuar, vale aqui uma explicação. No começo da década de 1990, era muito mais comum os carros da F1 quebrarem ou um piloto sair da pista, ir parar na grama ou na brita e não conseguir voltar para a prova. Então, quem andava por equipes menores tinha mais chances do que hoje em dia – nesta época de quebras raras e circuitos com largas áreas de escape – de terminar entre os ponteiros.

E calhou que, pela metodologia do estudo, Fittipaldi é que foi beneficiado.

Mas a pesquisa também faz a imaginação voar. E se o brasileiro tivesse estreado na F1 por uma equipe melhor que Minardi? Será que ele teria condições de repetir o tio Emerson e lutar por pódios e vitórias?

Talvez a resposta pudesse ter vindo em sua passagem pela Indy, onde ficou de 1995 a 2002. Na categoria americana, andou pela Walker, um time médio em sua temporada de estreia, e depois se transferiu para a gigante Newman-Haas, em 1996.

Mas quem esperava a afirmação de Fittipaldi como estrela mundial pode ter ficado decepcionado. Em 135 corridas, venceu duas vezes e obteve uma pole, subindo ao pódio em 20 oportunidades. Seu melhor resultado foram dois quintos lugares na tabela de pontos, apesar de ter perdido diversas etapas, em duas temporadas diferentes, por causa de lesões em decorrência de acidentes.

Depois da Indy, o brasileiro passou pela Nascar e teve inúmeras idas e vindas entre campeonatos do Brasil e dos EUA. Se de um lado era respeitado por onde quer que passasse, faltava algum resultado digno das expectativas depositadas nele no começo da carreira.

Christian Fittipaldi em Daytona

Foi aí que, em 2014, surgiu a United Sportscar (hoje conhecida como Imsa), a fusão da Grand-Am com a ALMS, dois campeonatos de corridas de longa duração dos EUA.

Com a experiência de quem já tinha ganhado as 24 Horas de Daytona em 2004, Fittipaldi descolou uma vaga na Action Express, uma equipe com um ótimo equipamento – o Corvette DP – mas que ainda tentava se firmar entre as grandes da recém-criada categoria.

E, ao lado do português João Barbosa, o brasileiro sobrou no início da United Sportscar. Foram bicampeões em 2014 e 2015, com direito a mais uma vitória em Daytona no período.

A terceira conquista na principal corrida de longa duração dos EUA veio no ano passado, já a bordo do Cadillac DPi. Foi um triunfo bastante comemorado, já que no ano anterior o primeiro lugar escapou em nas voltas finais, em uma polêmica manobrara de Ricky Taylor em cima de Filipe Albuquerque.

Desde essa vitória, Fittipaldi já estava ensaiando a aposentadoria. Em 2018, tomou parte apenas das quatro corridas de longa duração da Imsa – Daytona, Sebring, Watkins Glen e Petit Le Mans – e decidiu que a despedida viria nas 24 Horas deste ano.

Só que um problema elétrico no começo da corrida fez com que o Cadillac número 5 ficasse mais de dez voltas na garagem, acabando com as chances de tetracampeonato.

Apesar de agora a carreira de piloto ter acabado, o brasileiro continua na Action Express, cuidando da parte técnica. E especula-se o retorno da equipe Fittipaldi à Stock Car, como uma forma de reviver a antiga Copersucar.

Você pode clicar aqui para ver os resultados completos das 24 Horas de Daytona, assim como os das principais categorias do automobilismo mundial no último fim de semana.

Christian Fittipaldi, F1, Fórmula 1, Minardi, 1993
Christian Fittipaldi, de Minardi, no GP da Inglaterra de F1 em 1993 , – foto: Martin Lee, de London, UK – C CC BY-SA 2.0

foto do topo: josé mario dias/fgcom/divulgação

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