O ano de 2019 deve trazer muitas mudanças para todos, e as categorias menores do automobilismo não vão ficar de fora das novidades.

Disputada de 2012 a 2018, a F3 Euro deixará de existir, já que os direitos do nome Fórmula 3 foram vendidos pela FIA para a Liberty, dona da F1. A ideia dos americanos é copiar o que faz a Motovelocidade (com MotoGP, Moto2 e Moto3 competindo no mesmo fim de semana e sendo comercializadas como um pacote), mas com F1, F2 e F3, esta no lugar da GP3.

Os últimos sete anos não foram a primeira vez que a FIA organizou uma F3 na Europa. O campeonato já tinha acontecido entre 1976 e 1984. Naquela um época, o nome de maior destaque foi um francês chamado Alain Prost, campeão de 1979, que depois viria a ter uma carreira de bastante sucesso na F1.

Entre os outros revelados pelo certame estão os italianos Riccardo Patrese, Michele Alboreto e Ivan Capelli, além do argentino Oscar Larrauri.

Só o futuro dirá quem foi o principal destaque da nova versão da categoria, que acaba em 2018, mas ao menos por enquanto Mick Schumacher, atual campeão, é o sobrenome mais conhecido. Lando Norris e Lance Stroll, vencedores em 2016 e 2017, também chegaram à F1. Já Esteban Ocon e Max Verstappen, em 2014, deram início a uma rivalidade que perdura até hoje – Interlagos que o diga.

Mas qual das duas F3 Euro teve a principal geração dos pilotos brasileiros?

Essa é uma pergunta complicada de ser respondida. Em primeiro lugar, ainda está muito cedo para saber o que os atuais representantes do país vão alcançar no esporte a motor. Em segundo, os contextos de ambas são bastante diferentes.

Nas décadas de 1970 e 1980, a F3 Inglesa era o principal campeonato da modalidade no mundo e era para onde os brasileiros, como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna, iam correr. Só que uma vez por ano a F3 Euro visitava o Reino Unido, e recebia como convidados os competidores do certame britânico.

Assim, alguns pilotos que estavam na F3 Inglesa disputavam uma corrida ou outra do europeu. E não faziam feio. Lutavam  por pódios e vitórias.

Foram poucos os pilotos do país que disputaram a temporada completa do europeu, sendo Piquet, em 1977, o mais famoso.

A nova versão da F3 Euro, em 2012, foi recriada pelo ex-piloto Gerhard Berger como uma fusão forçada entre a F3 Euro Series e a F3 Inglesa. Ou seja, praticamente não havia outra escolha para quem quisesse seguir carreira no esporte a motor.

De 2012 para cá, Sergio Sette Câmara e Pedro Piquet disputaram duas temporadas completas, Pipo Derani fez uma e meia. Pietro Fittipaldi tomou parte de um ano completo, enquanto Felipe Guimarães ficou meio. Pietro Fantin esteve em seis corridas logo no campeonato de abertura, Felipe Drugovich, Matheus Leist e Felipe Nasr correram em uma rodada, cada um.

Drugovich andou no fim de 2017, após encerrar sua participação na F4 Alemã. Leist correu em 2016, substituindo um piloto lesionado de sua equipe, e Nasr precisou participar de uma etapa, em 2012, para se inscrever no GP de Macau do mesmo ano.

Coincidentemente, também foram nove os brasileiros da primeira versão: Nelson Piquet, Ayrton Senna, Roberto Pupo Moreno, Aryon Cornelsen-Filho, Chico Serra, Plácido Iglesias, Raul Boesel, Mario Pati e Fernando Jorge. Mas esse grupo tomou parte de somente 31 corridas somados, contra 226 GPs dos pilotos da nova geração.

Os resultados, contudo, foram melhores. Piquet obteve duas vitórias, enquanto Moreno e o saudoso Iglesias obtiveram uma cada um. O tricampeão da F1 também teve três poles, acrescidas de uma de Moreno e outra de Chico Serra, que lhe rendeu um pódio. Os pilotos do país, aliás, terminaram sete vezes entre os três primeiros.

Senna, no entanto, não ajudou a contribuir com os números. Alinhou em uma única etapa em 1983 – justamente na visita da F3 Euro ao Reino Unido, onde seria campeão no fim daquele ano. Abandonou a prova e nunca mais voltou à categoria.

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Ralt usada por Ayrton Senna em 1983, em Macau – foto: Morio, wikimedia commons, own work

Do geração 2010, ninguém venceu nem largou na posição de honra. Dos 226 GPs, oito terminaram em pódio e em apenas um deles um brasileiro teve a volta mais rápida.

O melhor desempenho foi, sem dúvidas, de Sergio Sette Câmara, com quatro pódios e a volta mais rápida em 66 corridas.

Os números do novo reserva da McLaren, aliás, poderiam ter sido ainda melhores. Em sua segunda temporada na F3, em 2016, foi punido diversas vezes por motivos que fugiram do controle dele – por troca de motor e pelo equipamento não ter passado na inspeção técnica. Foram três poles perdidas, além de outras boas posições de largada.

Mas a maior crítica feita a Sette Câmara em seu ano do Red Bull Junior Team era de ser capaz de marcar a pole para uma corrida e, no treino classificatório seguinte, realizado apenas horas depois, nem sequer figurar entre os dez primeiros. Da mesma forma, também não impressionou em fins de semana que não teve problemas.

Pipo Derani, no entanto, foi o brasileiro que chegou mais perto de vencer na nova versão da F3 Euro. Foi na etapa de Vallelunga de 2013. Na terceira bateria, o brasileiro tinha assumido a liderança na largada, mas algumas curvas depois Raffaele Marciello recuperou o primeiro posto. Nesse momento, o safety-car foi acionado por um acidente na parte de trás do pelotão, e o italiano foi considerado o líder da corrida. O brasileiro reclamou – e com razão – dizendo que a bandeira amarela já havia sido acenada antes da de perder a ponta, mas nada feito. Para ele, restou se conformar com o segundo lugar.

Derani ainda foi ao pódio em outras duas oportunidades naquele ano. E Pedro Piquet foi o outro brasileiro da geração a ter um top-3.

Pietro Fittipaldi, que em 2015 tinha feito um pulo bastante grande da F-Renault Inglesa para a F3, pontuou de forma constante em um dos grids mais competitivos da história da categoria, enquanto Guimarães, em 2014, deixou o certame após seis etapas. Fantin, Nasr, Leist e Drugovich estiveram em pouquíssimas corridas cada um.

Para terminar, uma aviso: eu chequei as informações da primeira versão da F3 Euro em duas fontes diferentes, mas havia algumas discordâncias entre elas. Por isso, talvez possa ter algum erro por causa dessas diferenças. Aí basta avisar nos comentários que eu corrijo este post.

Veja abaixo um comparativo entre as duas gerações de brasileiros na F3:

br f3 euro

 

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