Dos quatro novatos confirmados para a próxima temporada da F1, três deles já apareceram aqui no World of Motorsport, nesta tradicional lista de jovens promissores que faço todos os anos. Deve ser algum tipo de vitória.

Em 2013, escrevi sobre um tal Antonio Giovinazzi, que tinha começado a carreira na Ásia e estava chamando a atenção em seus primeiros passos na Europa. No ano seguinte, Lando Norris tinha acabado de fazer a transição para os monopostos quando apareceu por aqui. Depois, falei que George Russell tinha a chance de se firmar no esporte a motor após os altos e baixos do começo de sua trajetória (na verdade, ele só vingou em 2017, quando assinou com a Mercedes, mas é detalhe).

Faltou, do quarteto estreante, Alexander Albon. Mas nem sempre dá para ficar de olho em todo mundo. Da mesma maneira, na lista que publiquei o ano passado foi um erro ter deixado Dan Ticktum fora. Ele tinha acabado de ganhar o GP de Macau de F3 pela primeira vez e começava a mostrar ser muito acima da média, mesmo tendo vindo de uma campanha de altos e baixos na F-Renault Eurocup.

Aliás, dos seis que coloquei aqui em 2017, só um piloto ficou foi campeão: Max Fewtrell, na F-Renault. Também dá para dizer que Logan Sargeant, com o quarto lugar nesse certame, não fez feio. De resto, Gianluca Petecof e Ulysse de Pauw venceram provas na F4, mas passaram longe da briga pela taça, enquanto Neil Verhagen saiu de promessa do Red Bull Junior Team para um ano sem pódios.

Pior foi Richie Stanaway. Anunciado como grande contratação da Supercars, da Austrália, acabou demitido após uma única temporada por figurar constantemente nas últimas colocações.

Dito isso, vamos aos cinco pilotos para ficarmos de olhos em 2019, lembrando que o objetivo não é colocar nomes mais do que conhecidos, como Mick Schumacher ou Sergio Sette Câmara – favoritos ao título da F2 no ano que vem. Até porque eles também já foram assunto desta lista em anos anteriores…

5) ZANE MALONEY

Zane Maloney fb

Vindo de Barbados, pequena ilha localizada no mar do Caribe e praticamente sem tradição no automobilismo, este piloto de 15 anos de idade tem acumulado bons resultados no kartismo. Foi o quarto colocado no Europeu, neste ano, na divisão OK, e, no ano passado, terminou o Mundial em quinto, na OKJunior.

Ao longo do segundo semestre de 2018, Maloney se dedicou à transição para os monopostos, participando de diversos treinos de F4. Sempre pela Carlin, equipe que volta ao certame britânico, na próxima temporada, após um ano sabático.

Correr por essa escuderia costuma ser sinônimo de conquistar vitórias e lutar pelo título. Afinal, todos os campeões da F4, de 2015 a 2017, eram da Carlin, e Maloney quer aproveitar a experiência já acumulada com o equipamento para se tornar o próximo nessa lista.

Se tudo der certo, em um futuro não muito distante, ele pode se tornar o primeiro piloto barbado a chegar à F1 desde Nick Heidfeld. Desculpem.

4) TODD GILLILAND

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Parece que os deuses do automobilismo não queriam que este americano de 18 anos ganhasse uma corrida da Nascar Truck Series em 2018. Em duas etapas, ele abriu a última volta na liderança. Só que, em uma delas, em Mosport, foi jogado para fora da pista, na curva final, pelo próprio companheiro de equipe. Na outra, no Texas, ficou sem combustível depois de liderar 60 dos 147 giros previstos.

Antes da Truck, Gilliland foi avassalador na divisão K&N. Somando os campeonatos do Leste e do Oeste dos EUA, disputou 51 corridas entre 2015 e 2018 e venceu 20 delas. Foi bicampeão da West e uma vez vice da East.

Se é questão de tempo para que ele receba a bandeira quadriculada na frente, o mesmo pode ser dito sobre ter uma chance na principal divisão da Nascar. Até porque, ele faz parte do mesmo programa da Toyota que revelou Erik Jones e Christopher Bell, então não será surpresa se, a partir de 2021, tiver seu nome especulado no time de Joe Gibbs.

BÔNUS: CAN ONCU

Can Oncu Moto3

Essa é uma lista dos mais promissores nas quatro rodas, mas também tem espaço para quem está andando bem nas duas rodas.

E o que dizer deste jovem piloto turco de 15 anos, ganhador logo na estreia na Moto3, em Valência, debaixo de um temporal? Com o triunfo logo em sua primeira corrida da carreira na categoria, ele repetiu uma façanha que não acontecia desde 1991, há 27 anos.

Em comparação, Marc Márquez, considerado outro fenômeno da motovelocidade, precisou de 33 provas na então 125cc para subir pela primeira vez no degrau mais alto do pódio.

Para o ano que vem, Oncu já assinou com a Ajo para fazer a temporada completa da Moto3. Apesar da precocidade, ele corre por fora. Veteranos como Romano Fenati – que retorna ao certame, pela Snipers, após a polêmica deste ano, na qual puxou o freio de um adversário no meio da corrida – e Aron Canet, agora competindo pela equipe de Max Biaggi, aparecem como favoritos.

3) VICTOR MARTINS

Victor Martins F-Renault Eurocup

Falando em prodígios, em 2016, este francês se tornou o primeiro novato a ser campeão mundial de kart na divisão OKJunior. A expectativa era que, assim que fizesse a transição para os monopostos, repetisse o domínio que vinha mostrando.

No entanto, pequenos detalhes comprometeram seus dois primeiros anos em carros de fórmula. Em 2017, chegou na frente em três de suas primeiras quatro provas na F4 Francesa, mas depois só voltou ao degrau mais alto do pódio na última etapa do ano. Como consequência, a taça escapou para um adversário mais experiente, Arthur Rougier.

E, neste ano, Martins foi correr de F-Renault Eurocup com apoio da montadora francesa. Não dá para dizer que tenha sido um ano ruim para ele. Foi o quinto colocado na tabela, com direito a duas vitórias. O problema é que um certo piloto dinamarquês, também estreante e integrante da academia da Renault, roubou a cena ao lutar pelo título até a última etapa.

Assim, para 2019, Martins segue na F-Renault Eurocup e, pela primeira na carreira Martins, vai poder usar tudo o que aprendeu no ano anterior para enfim sagrar-se campeão. O porém é que a categoria terá novo equipamento, equivalente a um F3. Ou seja, todos os competidores vão começar mais ou menos do zero.

2) CHRISTIAN LUNDGAARD

Lundgaard

Então, o certo piloto dinamarquês que ofuscou Martins também está na lista deste ano. Lundgaard começou 2018 com um grande ponto de interrogação. Ele chegou à F-Renault credenciado pelos títulos da F4 Espanhola e da F4 Norte-Europeia no ano anterior. Só que esses são campeonatos com grids enxutos e um pouco mais fracos.

Sem problemas! Das 16 primeiras corridas da F-Renault, somente em duas o dinamarquês ficou fora dos cinco primeiros. Assim, assumiu a liderança do campeonato e colocou uma das mãos na taça.

Mas dois abandonos na penúltima etapa, em Hockenheimring, somados a dois triunfos de Max Fewtrell no circuito alemão fizeram com que o britânico – também membro da academia da Renault – virasse o jogo. Lundgaard até reagiu na rodada final, mas seu colega é que foi o campeão, por apenas 17,5 pontos.

Em 2019, ele deve correr na F3 Internacional pela ART, equipe que levou um de seus pilotos ao título da antecessora GP3 em seis das nove temporadas realizadas. Terá como companheiros o próprio Fewtrell e David Beckmann, nome mais forte da segunda metade da GP3 2018. Mas, pelo que mostrou neste ano, Lundgaard tem condições de superar os fortes adversários para ser o primeiro colocado.

1) JURI VIPS

Juri Vips

A primeira vez em que escutei falar deste estoniano foi em 2016, quando ele assinou contrato para defender a Prema na F4. Coitado. Na ocasião, a equipe apresentou três pilotos. Ele, Juan Manuel Correa, que havia feito parte do programa de desenvolvimento da Lotus, e Mick Schumacher. Nem precisa dizer qual deles recebia todas as atenções.

No ano seguinte, Vips renovou com a Prema para buscar o título da F4 Alemã. Mas sua vida não foi nada fácil, uma vez que o time italiano trouxe o promissor Marcus Armstrong, da Academia da Ferrari, para substituir Schumacher.

Vips nem se importou. Foram só duas vitórias naquela temporada, é verdade. Mas ele oscilou menos que o companheiro de equipe e que Felipe Drugovich, ganhador de sete corridas no ano, e terminou como campeão.

Na subida para a F3, sem espaço na Prema, foi parar na Motopark, esquadra cujo objetivo era levar Dan Ticktum ao título. Como o acordo foi feito de última hora, Vips perdeu parte da pré-temporada e precisou de duas etapas para pegar o jeito do carro. A partir daí, se tornou o melhor piloto do grid em classificações, cruzou a linha de chegada em primeiro em quatro oportunidades e até flertou com a faixa de campeão, embora não tenha sido páreo para o polêmico domínio de Schumacher nas etapas finais.

Seu desempenho não passou despercebido. Antes mesmo de 2018 acabar, Vips assinou com o Red Bull Junior Team, fazendo a estreia no GP de Macau de F3. Não fez feio ao terminar em sétimo no Circuito da Guia. Mas jamais chegou perto do desempenho de Ticktum, seu colega de equipe e de energéticos, que conquistou o bicampeonato.

Em 2019, ele vai disputar F3 Internacional pela Hitech, em um grid monopolizado por ART e Prema. Mas não será a primeira vez que o estoniano pode começar o ano correndo por fora e terminar como vencedor.

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