Antes mesmo de o grid da F4 Francesa ter alinhado para a abertura da temporada 2018, no começo de abril, em Nogaro, Caio Collet já era considerado o favorito para ficar com o título.
O brasileiro chegava credenciado por ter ganhado uma das provas da F4 dos Emirados Árabes, em fevereiro, e por ter vencido o Volant Winfield, uma seletiva feita por uma escola de pilotagem cujo prêmio era uma bolsa para disputar a F4 Francesa.
Nessa seletiva, os principais adversários de Collet foram justamente os pilotos que depois correriam contra ele no restante do ano.
Mas ser o favorito para a temporada da F4 Francesa nem sempre é um bom sinal. No retrospecto da categoria, nomes badalados foram constantemente derrotados por adversários mais experientes.
E a lista de quem ficou no quase inclui Giuliano Alesi (filho do ex-F1 Jean Alesi), Dorian Boccolacci (que era do programa da Lotus da F1) e Victor Martins (campeão mundial de kart em 2016), entre outros.
Mas Collet não foi pelo mesmo caminho de seus antecessores e construiu sua campanha com bom ritmo de prova e consistência de resultados.
Na verdade, dá para dividir o desempenho do brasileiro em duas partes. Em uma, contando com as cinco primeiras etapas do ano, Collet assumiu a liderança da tabela tendo abandonando só uma corrida e terminado as outras (com exceção da prova com o grid invertido em Pau) entre os quatro primeiros.
Só que nesse período o brasileiro somou só três vitórias em 15 corridas. O lado bom é que ninguém foi tão consistente quanto ele. Nas outras 12 provas, sete pilotos subiram ao degrau mais alto do pódio e nenhum outro competidor triunfou mais que duas vezes.
Na segunda parte da campanha, Collet não foi apenas constante. Foi imbatível. Em Magny-Cours e, neste fim de semana, em Jerez de la Frontera, obteve ambas as poles, venceu de ponta a ponta as corridas em que largou na frente e ainda subiu ao pódio nas provas com o grid invertido.
Sem falar que na terceira bateria em Jerez, que lhe garantiu o título por antecipação, chegou 13s na frente de seu adversário mais próximo, em uma prova com 12 voltas.
Assim, com uma vantagem de 74,5 pontos para o belga Ulysse de Pauw, Collet é o primeiro brasileiro a ser campeão da F4 Francesa, já que apenas 65 estarão em jogo na etapa final, em Paul Ricard.
FUTURO
Geralmente, os pilotos que vencem essa categoria costumam se transferir para a F-Renault Eurocup no ano seguinte. Só que este campeonato não deve ser disputado em 2019, deixando um ponto de interrogação sobre o futuro imediato de Collet.
Assim, há dois caminhos mais prováveis. A FIA tem interesse em criar uma nova F3 na Europa em 2019, mas ainda não decidiu quem será o organizador. A Renault tem trabalhado nos bastidores para ser a dona da categoria, assim como os promotores da F4 Italiana. Independentemente de quem organizar o certame, pode ser um bom caminho para Collet, desde que o anúncio do campeonato – e a entrega dos carros para as equipes – não aconteça muito em cima do início da temporada 2019.
Outra opção seria acertar com a Prema, para correr em outra F4 ou em alguma F3. Ele, inclusive, disputou a última etapa da F4 Alemã com a escuderia italiana, andando entre os cinco primeiros na época.
A opção pela Prema não é por acaso. Além de ser uma das melhores equipes nas categorias menores, a imprensa inglesa afirmou que ela foi vendida por Lawrence Stroll para Nicolas Todt, empresário de Collet. Assim, seria natural que o executivo colocasse seu pupilo no time que acabou de adquirir.
Falando em Todt, também dá para dizer que o piloto brasileiro vai criando um currículo importante para quem quer um dia chegar à F1. É que, além do título da F4, ele tem a carreira gerenciada pelo mesmo empresário de Charles Leclerc, Felipe Massa e Daniil Kvyat, então dá para ter alguma tranquilidade ao saber que sempre terá como negociar as melhores vagas.
Só fica o aviso para não repetir Alex Baron. Quando tinha 17 anos de idade, este piloto francês foi o campeão da F4 de seu país, em 2012, com nove vitórias em 13 corridas, desempenho que chamou a atenção de Todt. No entanto, Baron não foi bem nos anos seguintes, acabou demitido pelo empresário, se mudou para as categorias dos EUA, mas até hoje não consegue disputar uma temporada completa de campeonato algum.
E lembrando que este foi o terceiro título brasileiro em 2018. Antes, Felipe Drugovich já havia vencido o MRF Challenge e a Euroformula Open.
Você pode clicar aqui para ver os resultados completos de Caio Collet em Jerez, assim como os das principais categorias do esporte a motor no último fim de semana.