Ao menos por mais duas temporadas Lewis Hamilton vai pilotar para a Mercedes na F1. O tetracampeão anunciou nesta quinta, dia 19, a renovação do contrato com a escuderia alemã até o fim de 2020.
Será que é coincidência os novos vínculos de Hamilton com a Mercedes, Sebastian Vettel com a Ferrari e Max Verstappen com a Red Bull todos terminarem ao mesmo tempo?
Não é.
Alguém pode imaginar que o motivo é os pilotos poderem negociar com mais equipes quando chegar o fim do contrato. Assim, em 2020, caso não se aposente, Hamilton poderia cogitar se mudar para Ferrari ou Red Bull, onde, portanto, também haverá vagas abertas.
Mas a principal razão são os acordos comerciais da F1. Os atuais foram negociados por Bernie Ecclestone e terminam justamente em 2020. A partir de 2021 vão valer os que a Liberty fizer.
A nova dona da F1 já deu a entender que pretende distribuir o dinheiro de uma forma mais igual entre os times – embora mantendo o bônus da Ferrari por ser a única escuderia presente desde 1950 – e também premiar as fornecedoras de motores.
Mas, mais do que isso, a Liberty quer colocar um teto de gastos na F1. No momento, especulado em US$ 150 milhões.
Caso o teto entre em vigor, o salário dos pilotos sofrerá cortes. Só ver que, com o novo vínculo, Hamilton ganhará mais de US$ 50 milhões por ano. Ou seja, a partir de 2021, significaria um terço do orçamento da Mercedes apenas para pagar seu principal piloto, e restaria menos de US$ 100 milhões para todas as demais despesas.
Mas ainda não é certo que o limite no orçamento entre em 2021. Algumas equipes querem adiá-lo para 2023. Com esses dois anos a mais, elas teriam mais tempo para, por exemplo, entrar em outros campeonatos, transferir seus funcionários e evitar numerosas demissões provocadas pela restrição de custos.
Nesse cenário, os pilotos poderiam negociar salários astronômicos para 2021 e 2022 como uma forma de compensar os cortes a partir do ano seguinte – na prática, é o que Hamilton fez agora.