Danica Patrick, neste domingo, entrará pela última vez na carreira no cockpit de um carro. Aos 36 anos de idade, ela retorna à Indianápolis, pista que a fez surgir no esporte a motor.

Foi durante as 500 Milhas de 2005. Novata naquela temporada, ela estava na liderança da prova quando faltavam apenas sete voltas para o fim, mas acabou ultrapassada por Dan Wheldon, terminando no quarto lugar.

O troféu não veio, mas o bom desempenho abriu portas para que ela se tornasse um dos principais nomes da Indy nos anos seguintes. Foram sete temporadas na categoria e mais sete na Nascar, onde ficou até o fim do ano passado

E, para fechar o ciclo, neste fim de semana, terá uma última chance de vencer as 500 Milhas de Indianápolis, o triunfo que escapou há 13 anos.

Como Danica não está entre as favoritas, é improvável que termine com a primeira colocação. Mas nada que tire o mérito dela: se aposentará como uma das maiores pilotas da história do esporte a motor.

E basta olhar os números dela para entender o motivo. Foram 14 anos de carreira em altíssimo nível.

Nas sete temporadas na Indy, venceu uma vez, conquistou outros seis pódios e largou na pole em três oportunidades. Somente em seu ano de estreia terminou fora dos dez primeiros na tabela de pontos, tendo sido a quinta colocada em 2009, como melhor resultado.

Na Nascar não foi tão bem. Teve uma pole – em Daytona – e sete top-10.

Por estar constantemente em propagandas e entrevistas, enfrentou desconfiança. Seus críticos questionavam se ela conseguia vaga em boas equipes pelo talento ou pelas oportunidades de marketing para equipes e patrocinadores.

Mas mais uma vez os números mostram que Danica estava um nível acima de qualquer outra competidora.

Sarah Fisher, outra que também figura entre as mulheres com maior sucesso na Indy, obteve uma pole e dois pódios em 11 anos na categoria. Ela também tentou a Nascar, mas nem sequer chegou às três maiores divisões – Danica ficou seis temporadas na principal. E Simona de Silvestro conquistou apenas um pódio em quatro anos na Indy, jamais terminou entre os dez primeiros em sua passagem pela Formula E e, atualmente na Supercars, da Austrália, ainda não alcançou um top-10.

Se voltarmos um pouco mais no tempo, fica complicado comparar os resultados de Danica com os de Janet Guthrie e Leila Lombardi, por exemplo. Pioneiras na Indy e na F1, respectivamente, na década de 1970, foram elas que abriram caminho para que outras mulheres – como a americana que está se aposentando – chegassem ao esporte a motor. Suas conquistas não podem ser mensuradas só em números.

Mas mais de 40 anos se passaram desde que Guthrie e Lombardi competiram, e as pilotas continuam enfrentando todo tipo de problema nas pistas. Quem acompanhava o rádio de Danica na Nascar, no ano passado, dizia que muitas vezes ela era ignorada em suas observações, e não havia interesse de engenheiros e/ou mecânicos trabalharem para melhorar o carro dela. Ao longo dos anos na Nascar, também se envolveu em acidentes nos quais não tinha culpa, outros pilotos batiam nela para não serem ultrapassados.

Ela também tomou decisões ruins em sua passagem pela principal categoria de stock car dos EUA. Em 2014, pediu para que seu chefe de mecânicos, Tony Gibson, fosse substituído por um engenheiro de formação, assim como são os da Indy.

Gibson era um dos principais comandantes da Stewart-Haas. Junto com ele, a americana conquistou um sétimo lugar no Kansas e um sexto, em Atlanta em 2014. Com seus sucessores, Daniel Knost e Billy Scott, terminou mais três vezes apenas entre os dez primeiros de uma corrida nas três temporadas seguintes.

Mas Danica sempre reconheceu que teve uma adaptação difícil na transição de categorias – problema também enfrentando por Dario Franchitti, Sam Hornish Jr. e A.J. Allmendinger, entre outros.

Somando falta de apoio, de patrocínio e de bons resultados que a fez tomar a decisão de parar no fim do ano passado. Quis ainda uma turnê de despedida correndo em Daytona, na Nascar, e agora na Indy.

E neste retorno ao campeonato de monopostos, fica a dúvida do que poderia ter acontecido se, em 2011, não tivesse ido ganhar mais milhões na Nascar. Uma pista já temos: o sétimo lugar no grid das 500 Milhas, mesmo sem competir na Indy há quase uma década.

Você pode clicar aqui para ver os resultados completos do fim de semana nas 500 Milhas de Indianápolis, assim como os das principais categorias do automobilismo mundial no fim de semana.

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