Um dos principais nomes da nova geração do automobilismo brasileiro, Pietro Fittipaldi sofreu um grave acidente no treino que definiu o grid de largada da etapa de abertura do WEC, em Spa-Francorchamps, neste fim de semana.
Recapitulando para quem não acompanhou nos últimos dias, por causa de uma falha mecânica no equipamento, o brasileiro perdeu o controle na Eau Rouge, uma das curvas mais perigosas do circuito belga, e bateu de frente na barreira de pneus.
Teve fratura exposta na perna esquerda, quebrou o tornozelo direito e rompeu os ligamentos do joelho direito. Foi operado e se recupera bem. Deve ficar, na mais otimista das previsões, ao menos dois meses afastado das pistas e, portanto, não vai disputar as 500 Milhas de Indianápolis, marcadas para o fim deste mês.
Como neste ano Fittipaldi tem se dividido entre Indy, WEC e Super Formula, houve comentários ligando o acidente à agenda cheia que ele tem, ainda mais por ser um novato nos três campeonatos e pelo desgaste de viajar dos EUA (Indy), para o Japão (Super Formula) e para a Europa (WEC).
Se fosse no fim da temporada, até faria algum sentido, e daria para falar em fadiga. Mas essa era apenas a terceira corrida dele no ano. Alguém pode afirmar que foram três provas em continentes diferentes. É verdade, mas a própria F1 já passou por Oceania, Ásia e Europa, e nenhum piloto está reclamando de cansaço.
Além disso, a equipe Dragonspeed suspeita que houve uma pane elétrica no carro de Fittipaldi, que o deixou sem direção hidráulica na Eau Rouge, e o carro não fez a curva. Cansado ou não, o brasileiro não teve culpa do acidente pelo que se sabe até agora.
Outro argumento que surgiu após a batida é que o brasileiro, aos 21 anos de idade, deveria focar em um campeonato só, em vez de tentar três de uma vez e correr o risco de não se desenvolver em nenhum.
Não é como se ele tivesse escolha. Depois que foi campeão da World Series, no ano passado, Fittipaldi dizia que a F2 não era o caminho óbvio para ele. Negociava com Indy, Indy Lights e Super Formula.
Primeiro veio o teste pela Indy Lights, em fevereiro, e na mesma semana andou pela Dale Coyne, na categoria principal. Impressionou a escuderia e acertou contrato para fazer metade da temporada da Indy.
Aí apareceu a equipe LeMans, da Super Formula, que o chamou para um teste. O brasileiro novamente foi bem e ganhou a vaga na esquadra para fazer a temporada completa da categoria nipônica, tirando os dois choques de data com a Indy.
Ou seja, enquanto ele negociava com a Super Formula, entre o fim do ano passado e começo deste ano, ainda não havia acordo com a Indy. Então fazia todo sentido que uma das equipes se interessasse por ele.
Só depois que veio a chance de fazer duas corridas no WEC, pela Dragonspeed: uma agora em Spa e, em outubro, em Fuji, no Japão. Assim, tirando este fim de semana, que era uma exceção, Fittipaldi passaria o ano correndo em dois continentes, não em três.
Para terminar, quanto ao argumento de que não é o ideal um piloto de 21 anos se dividir entre tantas categorias, o que dizer de Kelvin van der Linde? O sul-africano tem a mesma idade de Fittipaldi e só neste ano já disputou Imsa, Adac GT Masters, 12 Horas de Bathurst, Blancpain Sprint Series, Blancpain Endurance Series e até a Stock Car, isso para alguém que começou a carreira em carros de turismo e depois mudou para os GT.
Outro exemplo é Felix Rosenqvist, que em 2016, ano ano seguinte ao título da F3 Euro, correu de Indy Lights, Blancpain Endurance Series, Blancpain Sprint Series, Imsa, Adac GT Masters, DTM e Formula E. A situação era parecida com a do brasileiro: queria se firmar no esporte a motor depois de se profissionalizar e aproveitou todas as portas abertas.
Se é positivo ou não disputar vários campeonatos ao mesmo tempo, portanto, não tem relação com a idade do piloto. O argumento que faz sentido no caso de Fittipaldi é que o brasileiro ao longo da carreira teve problemas de adaptação por onde passou.
Na F-Renault Inglesa e na World Series, por exemplo, ele teve uma primeira temporada com poucos bons resultados, enquanto foi campeão de forma dominante no segundo ano nesses certames. Ou seja, o ideal era que ele participasse da temporada completa da Indy em 2018 para pegar experiência e ser mais competitivo no ano que vem. Mas isso nada tem a ver com o acidente na Bélgica.
Daria para dizer que, se competisse em todas as etapas da categoria americana, Fittipaldi não teria corrido no WEC na Bélgica e, consequentemente, não teria sofrido o grave acidente deste fim de semana.
Mas batidas podem acontecer em qualquer lugar, seja na Eau Rouge, seja em Indianápolis, onde a Indy passará o mês de maio testando. E Sébastien Bourdais e James Hinchliffe sabem muito bem como uma batida no oval americano pode machucar e retirá-los da temporada.
Você pode clicar aqui para ver os resultados completos da etapa de abertura do WEC, assim como os das principais categorias do esporte a motor no fim de semana.
Perfeita analise! O acidente não tem qualquer relação com as decisões da carreira de Pietro! Sensacionalismo puro! Foi uma tremenda falta de sorte, isso sim, de acontecer a pane justi ali naquele ponto.
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Essa relação que estão estabelecendo entre o acidente e as decisões da carreira dele é sensacionalismo, típico de comentarista de resultado pronto. O farol do carro claramente dá uma piscada no momento que perde o controle, o que indica mesmo uma pane. Mas independente disso, como foi dito, acidentes graves infelizmente acontecem o tempo todo, não distinguindo o tipo de carreira que o piloto escolhe.
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