Uma das principais equipes do automobilismo mundial, a Carlin teve um fim de semana de estreias. Enquanto a etapa do Bahrein marcou a chegada do time à F2, em Phoenix, nos EUA, a escuderia teve sua primeira experiência em um oval na Indy.

Há diversas semelhanças entre as duas novas empreitadas, mas os resultados não foram uma delas. No Bahrein, Lando Norris e Sergio Sette Câmara lideraram a dobradinha na F2, com o brasileiro ainda chegando ao pódio na segunda prova da rodada dupla. Mas, no oval, Charlie Kimball e Max Chilton foram apenas 17º e 18º, respectivamente.

Uma das explicações para a diferença no desempenho é a qualidade dos pilotos. Da dupla da F2, Norris é apontado como o próximo fenômeno da F1, e Sette Câmara é considerado capaz de enfrentar qualquer adversário quando está em seus melhores dias, ainda que peque por inconsistência.

Na Indy, Kimball conquistou apenas uma vitória e outros cinco pódios em sete anos com a Ganassi, uma das maiores escuderias da categoria, enquanto Chilton teve destaque apenas nas 500 Milhas de Indianápolis do ano passado, quando liderou o maior número de voltas por causa da estratégia. O britânico é mais conhecido como um piloto que erra pouco, mas que não é extramente veloz: foram só sete vezes entre os dez primeiros ao longo de duas temporadas na mesma Ganassi.

Outra diferença é o tamanho das adversárias. Na Indy, a Carlin enfrenta, por exemplo, a Penske, cujo dono, Roger Penske, é um dos homens mais ricos do mundo, com fortuna estimada em US$ 1,6 bilhão. A escuderia também compete na Nascar, na Imsa e até na Supercars, da Austrália.

Na F2, as principais rivais são Prema e ART, dominantes nas categorias de base, mas com pouco – ou nenhum – sucesso nos campeonatos profissionais. É impossível comparar o volume de dinheiro que passa por esses times com os de Penske, Ganassi ou Andretti, o que também acarreta na contratação de engenheiros, mecânicos e pilotos mais qualificados.

Sobre as semelhanças entre as duas empreitadas, a Carlin precisou sair de alguns campeonatos para entrar nos novos. No ano passado, a equipe disputou a F4 Inglesa – onde foi campeã – e a Indy Lights, mas anunciou ter tirado um 2018 sabático nesses dois torneios para se dedicar à F2 e à Indy.

E a mudança de categoria se deu principalmente pelo dinheiro investido por um dos seus pilotos – Norris (na F2) e Chilton (filho de um dos sócios do time), na Indy. Aliás, os pais desses dois competidores também estão na lista dos mais ricos do mundo.

Outro ponto em comum é que eles têm como segundo piloto alguém que veio para completar orçamento e trazer experiência. Kimball tem sete anos de Indy contra dois de Chilton. Sette Câmara estreou na F2 no ano passado, pela mediana MP, enquanto Norris é um novato.

FUTURO

Um caminho que a Carlin pode seguir para se fortalecer na Indy é integrar a equipe ao trabalho que já faz na Europa. Lá, é comum que um piloto comece na escuderia quando ainda está na F4 ou acabou de sair da categoria, passando também por F3 e F2. É o caso de Norris.

Ou seja, a equipe deveria usar esse sistema para desenvolver novos talentos também para correr nos EUA. O ideal seria alguém que tivesse talento suficiente para a F1, mas não contasse com inúmeros patrocinadores nem apoio de equipes do grid.

Não há muitos nomes assim entre seus pilotos atuais da Carlin na base. Quanto à dupla da F2, é provável que Norris vá chegar à F1, enquanto Sette Câmara deve brigar para fazer parte do grid.

Na F3 Euro, a esquadra conta com Sacha Fenestraz, do programa de pilotos da Renault, e com Jehan Daruvala, da Force India. Para eles, o objetivo é a F1.

Mas talvez o canadense Devlin DeFrancesco (que algum tempo atrás assinou para ser piloto em desenvolvimento da Ganassi, mas nunca mais falou-se sobre isso) pudesse fazer a transição da Europa para os EUA. O mesmo vale para Cameron Das, americano que compete pela Carlin na Euroformula Open.

Isso sem falar em Clement Novalak, que ainda está dando seus primeiros passos nos monopostos após bons resultados no kartismo. No caso dele, ainda é cedo para falar se tem chances de chegar à F1, mas pode ser uma oportunidade de a Carlin começar a levá-lo para assistir a umas corridas da Indy, de olho em um plano B.

Aliás, há alguns pilotos na Indy que passaram por esse programa da Carlin. Robert Wickens, destaque na Sam Schmidt, foi campeão da World Series pela escuderia, enquanto Ed Jones venceu a Indy Lights após correr na F3 Euro.

Mas o principal nome é Takuma Sato. Foi com o japonês – e apoio da Honda, então fornecedora de motores da categoria – que a Carlin se tornou uma potência da F3 Inglesa no começo da década passada. Quem sabe ele não pode fazer o mesmo na Indy?

Você pode clicar aqui para ver os resultados completos da F2 e da Indy, assim como os das principais categorias do esporte a motor no último fim de semana.

foto de Flavio Quick/Divulgação

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