Com a escolha de Brendon Hartley para substituir Pierre Gasly, a Toro Rosso viverá uma situação curiosa no GP dos EUA: terá dois pilotos diferentes dos que disputaram o GP do Japão, na última semana.
Afinal, além de Gasly estar no Japão na decisão da Super Formula, Daniil Kvyat volta, uma vez que Carlos Sainz estreia na Renault, na vaga de Jolyon Palmer.
E você se lembra da última vez que uma equipe trocou seus dois pilotos de uma prova para outra no meio da temporada?
Foi a Lotus, em 1994, entre os GPs de Portugal, no Estoril, e o da Europa, no circuito espanhol da Jerez de la Frontera.
Naquele ano, a equipe britânica já vinha enfrentando problemas financeiros, tanto que começou a temporada com uma versão atualizada do carro desenvolvido para o campeonato de 1992, embora contasse com o motor Mugen-Honda como novidade.
Se esse já não era o começo ideal, a situação piorou quando Pedro Lamy sofreu um forte acidente em testes em Silverstone e foi substituído por Alessandro Zanardi, que retornou à F1 após uma batida no ano anterior.
Para tentar equilibrar as contas (ainda mais após reconstruir o carro de Lamy), a Lotus anunciou que o belga Philippe Adams (vice-campeão da F3 Inglesa em 1992, atrás de Gil de Ferran) disputaria os GPs da Bélgica, de Portugal e da Europa no lugar de Zanardi. Segundo notícias da época, ele teria pagado um milhão pela vaga.
Em Spa, ele sofreu vários acidentes nos treinos e se classificou em último, 6s atrás de Johnny Herbert, no outro carro da Lotus, e mais de 13s atrás do pole, Rubens Barrichello, da Jordan. Na corrida, abandonou depois de 16 voltas após rodar e ficar com o carro preso na brita.
Para o GP da Itália, Zanardi voltou para o carro e terminou na 13ª colocação, antes de entregar o equipamento para Adams mais uma vez. No Estoril, o desempenho do belga melhorou. Ficou só 2s atrás de Herbert no grid e terminou em 16º.
Só que o resultado não foi o suficiente para que ele continuasse em Jerez. Não há um motivo único para a Lotus tenha decidido trocá-lo apesar de o acordo inicial ser para três provas. Algumas notícias da época dizem que a equipe cansou do mau desempenho dele e resolveu chamar Zanardi de volta. Outras apontam que o dinheiro prometido pelos patrocinadores – que incluíam o próprio pai do piloto – nunca chegou.
Enquanto isso, após o GP da Itália, a Lotus anunciou que entraria em administração. Foi o mesmo que aconteceu recentemente com Caterham e Manor. Para evitar fechar as portas, a empresa (no caso, a equipe) passa a ser administrada por alguém nomeado pela Justiça, que tem o objetivo de manter a dívida controlada e encontrar um comprador.
Foi quando Tom Walkinshaw (um polêmico dono de equipe) pagou a rescisão de contrato de Herbert, depois do GP de Portugal, para levá-lo para a Ligier (e depois para a campeã Benetton).
Herbert, aliás, disse até que tinha chances de vencer o GP da Itália naquele ano, se não tivesse sido tocado por Eddie Irvine logo no começo da prova.
Sem Adams e com a saída de Herbert, a Lotus teve dois novos pilotos em Jerez: Zanardi, voltando ao carro, e Éric Bernard, que havia acabado de perder a vaga na Ligier justamente para o Herbert.
E as trocas não pararam por aí. Bernard só correu na Espanha. Depois, ele entregou o equipamento a Mika Salo, para os GPs do Japão e da Austrália. A ideia era que o finlandês liderasse a Lotus em 1995, mas a equipe fechou as portas antes.
Eram outros tempos… na verdade um tempo muito bom da F1 que muito difere de hoje, uma categoria engessada pela política, excesso de regras, punições e tecnologia.
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