
Dá para dizer que seria impossível a Ferrari fazer uma escolha melhor para a nova formação de sua Academia de jovens pilotos que Charles Leclerc.
Não são só os resultados que falam pelo monegasco. E olha que aos 18 anos de idade ele já foi quarto colocado na F3 Euro, vice-campeão da F-Renault Alps e vitorioso no Troféu Academia da FIA, no Mundial de kart na antiga divisão KF3 e no europeu de KF2.
Se Stoffel Vandoorne, hoje, é o jovem piloto mais badalado fora da F1. Não é absurdo dizer que Leclerc vem logo em seguida.
Mas o que torna o monegasco tão certo para a vaga é ter sido protegido de Jules Bianchi, o antigo membro da Academia da Ferrari, morto no ano passado em decorrência do grave acidente no GP do Japão de 2014.
Leclerc começou a correr de kart na pista da família Bianchi, onde acabou se tornando amigo de Jules, apesar dois oito anos que os separam. Assim como o francês, o monegasco se destacou nos karts e assinou para ter Nicolas Todt, o mesmo de Felipe Massa e Pastor Maldonado, como empresário.
Com os bons resultados na carreira e com o fácil acesso de Todt a Maranello, ele chamou a atenção da Academia da Ferrari, em que Bianchi sempre foi o principal aluno, neste ano de reestruturação.
A Academia vem de um 2015 bem ruim em todos os aspectos. O pior, claro, foi enterrar o piloto francês.
Na pista, o desempenho deixou a desejar. Lance Stroll se envolveu em dois graves acidentes na F3 Euro, sendo banido por uma corrida e vencendo apenas uma etapa entre as 33 disputadas. Ele havia sido o vencedor da Toyota Racing Series no começo do ano.
Guanyu Zhou, com três triunfos, foi o vice da F4 Italiana, embora a equipe Prema tenha se mostrado imbatível na categoria. Antonio Fuoco foi o sexto na GP3, sem vitórias, enquanto Raffaele Marciello foi o sétimo, na GP2, também sem triunfos.
O desempenho tão ruim e a aposta da Ferrari na F1 por veteranos iniciaram especulações sobre o fim da Academia da Ferrari no ano passado. O programa não acabou, mas passou por mudanças profundas.
A primeira foi a saída de Luca Baldisseri do comando. Ele foi substituído por Massimo Rivola, antigo diretor-esportivo da Ferrari. Baldisseri vai trabalhar com Stroll, outro a deixar Maranello e tendo se juntado à Williams.
Marciello, que não convenceu após dois anos na GP2, também está fora. Para os dois lugares vagos, chegaram Giuliano Alesi e Leclerc.
Quanto ao filho de Jean Alesi, o que mais conta é o histórico, já que o pai foi piloto do time. O garoto francês até começou bem a temporada passada da F4 Francesa, com duas vitórias, mas acabou caindo de produção na parte final. Assim, o pulo para a GP3 parece grande demais para ele.
E queimar etapas tem sido um problema para a Ferrari. Fuoco, que em 2016 pela primeira vez terá a chance de repetir uma categoria, ainda não voltou a brilhar como em 2013, no título da F-Renault Alps. E Guanyu Zhou, sem mostrar nada, saiu da F4 para a F3. Parece que a Ferrari não aprende.
Leclerc, por outro lado, terá a chance de levantar o moral da organização. Se o ânimo estava baixo em 2015, nada melhor que ter o protegido de seu falecido principal piloto e que também é considerado uma das grandes promessas do esporte para voltar a empolgar os membros da Academia da Ferrari.
Veremos, a academia Ferrari é a maior esmagadora de jovens, o maior sucesso é o Massa, e nao teria sido um espanto se eles tivessem preterido o Bianchi pelo Räikkonnen em 2015 também.
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