
Ainda não é oficial, mas a F3 Inglesa acabou. Neste sábado, dia 18, a revista ‘Autosport’ publicou uma reportagem dizendo que os planos de fusão da categoria com a F3 Alemã para o ano que vem não deram certo. Por isso, os organizadores do certame decidiram extingui-la neste momento, devido à falta de interesse de pilotos e equipes. Para se ter ideia, o grid de 2014 contou com apenas cinco carros em algumas etapas.
O plano, de fato, não era muito bom para os alemães. A proposta feita pela SRO, organizadora da F3 Inglesa, era um calendário com oito etapas, sendo quatro no Reino Unido e outras quatro na Alemanha, e um pacote de regras que contemplaria o regulamento de ambos os campeonatos, diminuindo a necessidade de as equipes fazerem alterações nos carros que já possuem.
O problema é que o grid da F3 Alemã este ano foi ao menos duas vezes maior que o da colega inglesa. E as equipes germânicas sairiam em desvantagem com a fusão. Elas não só seriam obrigadas a correr quatro vezes na casa das adversárias, mas também teriam um equipamento defasado, pois alinham o modelo F308 da Dallara contra os novos F312 dos britânicos. Desse jeito, elas não quiseram nem saber da união.
Só que também não dá para colocar a culpa nos germânicos pela extinção da colega. Trevor Carlin, dono da equipe de maior da história do certame britânico, disse que a F3 Inglesa era como um idoso nas últimas forças. Ou seja, todo mundo já sabia que mais cedo ou mais tarde ia padecer.
Até porque a crise não é nova. Durante toda a década de 2000, pilotos e equipes fizeram de tudo para fortalecer o campeonato. Recusaram a ajuda da Toca – a Vicar inglesa –, mas conseguiram atrair Red Bull, Telmex e Racing Steps Foundation, entre outras empresas. O problema é que a maior parte dos investimentos sempre se concentrou na Carlin, que desandou a ganhar títulos.
Depois, com o plano da FIA de fortalecer a F3 Europeia em detrimento dos campeonatos nacionais, a conta chegou na F3 Inglesa e aí já era tarde demais. Em 2012, eu escrevi um texto resumindo a crise que a categoria viveu nos últimos anos, basta clicar aqui para relembrar.

Assim, sem outra alternativa, a escolha da organização do campeonato foi fechar as portas. E junto com a F3 Inglesa morre também uma parte da história do automobilismo brasileiro. Afinal, que outro certame teve 12 brasileiros diferentes campeões e ainda revelou vários outros nomes, como Ricardo Maurício, Helio Castroneves, Oswaldo Negri e Lucas Di Grassi, que não conseguiram levantar a taça?
Consequentemente, esse é um momento que também atinge os pilotos daqui. Se por 50 anos os brasileiros sabiam que o melhor caminho para a carreira era ir para o Reino Unido, agora chegou a hora de desbravarem novos caminhos.
Ou não. Apesar de a F3 Inglesa ter acabado, alguns campeonatos estão surgindo na Ilha da Grã-Bretanha. A F-Renault UK retorna no ano que vem, ao mesmo tempo em que surgirá a MSA F4, que já conta com o atual campeão mundial de kart, Lando Norris. Isso sem falar da F4 Inglesa, que revelou bons nomes nos dois primeiros anos de vida.
Assim, se há alguma chance de a F3 Inglesa um dia voltar é a partir destes campeonatos. É haver uma demanda por parte de pilotos e equipes de dar o próximo passo da carreira ainda na Inglaterra antes de se mudar para as categorias europeias. O problema é que se isso não aconteceu até agora, nada garante que no futuro acontecerá.
Pelo que eu entendi, existe um plano da FIA de padronizar as categorias de acesso, porque os nomes “F3” vinham sendo utilizados sem ter muito a ver com o conceito da Fórmula em si. Eles querem fazer o seguinte: F4 serão as fórmulas de acesso nacionais. F3 ficarão restritas às categorias continentais. E a F2, que englobará no futuro a GP2 e a Fórmula Renault 3.5, como fórmula de acesso mundial. Essa é a ideia, mas a FIA tem que derrotar muitos interesses de federações fortes, como a alemã e a inglesa. A princípio, é um caminho sem volta. Na Inglaterra, o Jonathan Palmer é dono da marca “F4”. Então a FIA criou a MSA para rivalizar com a F4. Resta saber até quando o Palmer vai resistir. A tendência é unificar tudo, mesmo. O Gerhard Berger está fazendo um bom trabalho à frente desta comissão na FIA. Abraços, amigos!
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Caro Felipe, você errou em uma parte do texto, o Antônio Pizzonia foi campeão em 2000 correndo pela Manor-Motorsport.
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Bem apontado. Confundi com o Burti. Vou corrigir aqui.
Obrigado!
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O último brazuca a vencer na F3 Inglesa foi FELIPE GUIMARÃES!
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