
Você lembra a última vez que o hino alemão não tocou no alto do pódio da F1? Já faz tempo. Seja para pilotos, seja para construtores, a canção esteve presente em todas as etapas desde o GP de Mônaco do ano passado. Antes disso, foi Fernando Alonso e a Ferrari que interromperam essa sequência.
Esse bom momento da Alemanha na F1, claro, tem muito a ver com a era Schumacher. Os sete títulos do germânico motivaram uma nova geração de pilotos – incluindo Sebastian Vettel – e aumentaram o investimento do país na categoria, fazendo com que a Mercedes hoje tenha uma equipe de fábrica.
Essa não é uma situação tão diferente do que o Brasil viveu entre a década de 1970 e os primeiros anos da década de 1990. Nesse período, o país viu Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna se tornarem campeões mundiais, chegou a ter equipe própria, e diversas empresas daqui se animaram em fazer parte do certame.
Por isso, não é um absurdo comparar a situação desses dois países para entender como o automobilismo se desenvolve em cada um deles. Começando pela Alemanha, é verdade que lá existe um projeto sólido para a preparação de jovens talentos em categorias como a BMW Talent Cup, a Adac Masters e a F3 Alemã. Mas isso não é certeza de conseguir revelar alguém.
Enquanto Sebastian Vettel venceu os últimos quatro campeonatos da F1 e a Mercedes está dominando neste momento, a fábrica de talentos germânica parece ter tirado um descanso. Fora Daniel Abt, na GP2, e Marvin Kirchhöfer, na GP3, não há outro piloto do país próximo de conseguir uma chance na principal categoria do automobilismo mundial.
Pior do que isso, os campeonatos de base começaram neste fim de semana com grids preocupantes. A Adac Masters deu o pontapé inicial com apenas 15 carros, sendo que a média do ano passado foram 21.

A situação da F3 Alemã é ainda mais desesperadora. Tendo mudado o regulamento de motores para 2014, a categoria viu diversas equipes irem embora, e o resultado foi apenas dez carros em Oschersleben. Desses, apenas dois pilotos da casa: Maximilian Hackl, competindo para a pior escuderia do grid, e Markus Pommer, de 23 anos e que estreou no certame no já distante ano de 2009.
Nem mesmo a F3 Europeia ajuda nessa matemática. Embora conte com o apoio de fábrica da Volkswagen e da Mercedes e sirva como plataforma para o DTM, o certame não tem pilotos do país neste ano. Aliás, se alguém quiser encontrar alemães em outros países, vai precisar se contentar com Marek Böckmann e Dennis Anoschin andando na metade do pelotão da F-Renault Alps e Keyvan Andres Soori na USF2000. De resto é só.
Curiosamente, os campeonatos de lá vivem uma situação oposta a dos brasileiros. Se a F3 Alemã sofre para colocar um grid competitivo, a brasileira teve 15 participantes nas duas primeiras etapas. Se lá existe uma Adac Masters para quem saiu do kart, aqui já há opção da F4 Sudamericana, das categorias do Rio Grande do Sul e até mesmo da divisão Light da F3. Ao mesmo tempo, embora neste ano haja menos jovens brasileiros no exterior, eles estão em maior número e mais espalhados que os alemães.
O que isso tudo quer dizer? Provavelmente após tantos anos de grid fracos, os campeonatos brasileiros aprenderam uma coisa ou outra para voltar a atrair competidores e garantir a sobrevivência. O que surpreende, na verdade, é essa fase de vacas magras das categorias alemãs mesmo com o país em pleno auge na F1.
Você pode clicar aqui para conferir os resultados da F3 Alemã e da Adac Masters neste fim de semana.