
Ao menos por enquanto a novela envolvendo o teste secreto da Mercedes após o GP da Espanha da F1 acabou. A equipe alemã recebeu uma advertência do Tribunal Internacional da FIA e, como ela mesma havia sugerido, ficou proibida de participar do treino dos novatos, marcado para os dias 17 a 19 de julho, em Silverstone.
Equipes como Ferrari e Red Bull consideraram essa punição leve, já que a Mercedes levou vantagem com os treinos na Espanha, mas praticamente não recebeu uma pena. Tomou uma advertência e vai ficar de uma atividade sem muita importância para a maioria dos times.
E isso é verdade. Desde 2009, quando o treino dos novatos foi criado, foram poucas as equipes que realmente se empenharam na atividade. Entre os times que a ignoravam estavam a McLaren, sempre escalando o megaveterano Gary Paffett (além de Oliver Turvey) para desenvolver o equipamento, e escuderias como Toro Rosso, Sauber, Force India e Caterham, que vendiam suas vagas a garotos endinheirados para fazer alguma graninha.
A Mercedes, porém, sempre esteve no outro grupo, daqueles que levavam o treino mais a sério. A equipe alemã foi uma das poucas escuderias que surpreendeu nos testes, realmente dando oportunidade a jovens pilotos de andar em um carro de F1 pela primeira vez na carreira.
Em 2009, a escuderia levou uma dupla à pista: Marcus Ericsson e Mike Conway. Naquele ano, o sueco estava estreando na GP2 e era apontado como um piloto bastante promissor após conquistar o título da F3 Japonesa, além de ser bastante popular tanto no Reino Unido – onde fez carreira – quanto na própria Suécia.
Conway, por sua vez, já havia sido piloto de testes da Honda – que virou Brawn e Mercedes – e estava na Indy. Empresariado por Martin Brundle e Mark Blundell, o britânico aproveitou a atividade para sondar uma oportunidade de voltar à F1, mas acabou permanecendo na América do Norte.

No ano seguinte, a Mercedes colocou Sam Bird para andar. Hoje essa escolha parece banal, já que acostumamos a ver o alado britânico como reserva da escuderia. Naquela época, porém, ele ainda estava estreando na GP2 e havia se mostrado um piloto bastante rápido e agressivo, mas um pouco inconstante. Estava em quinto na tabela de pontos, mesmo sendo um novato.
O trabalho de Bird foi tão bom que ele acabou efetivado como reserva, embora soubesse que a chance de correr na F1 seria apenas em caso de os titulares, Nico Rosberg e Michael Schumacher, se machucarem. Apesar disso, ele foi mantido na equipe e participou dos treinos dos novatos de 2011 e de 2012.
O inglês ganhou um companheiro na última edição. Com o treino do ano passado sendo conturbado, pois algumas equipes não queriam andar em Abu Dhabi, já que as provas de Austin e do Brasil aconteceriam nas semanas seguintes, a Mercedes foi um dos times liberados para treinar em Nevers Magny-Cours.
Na pista francesa, Bird e Brendon Hartley ganharam a chance de guiar os carros prateados. Na ocasião, o neozelandês, que é o piloto do simulador da escuderia alemã, retornava a um carro da F1 após ser reserva da Red Bull antes do surgimento de Jaime Alguersuari. Apesar disso, com um único dia para se acostumar ao equipamento, o piloto acabou ficando muito atrás do britânico.
Para este ano, alguns rumores apontavam a Mercedes mais uma vez tendo Sam Bird e promovendo a estreia de Daniel Juncadella, terceiro piloto do time e um dos integrantes da montadora no DTM. Esses mesmos boatos dizem que o espanhol negocia com a Williams para 2014 e pode entrar no time inglês como um desconto no fornecimento de motores.
Sem a Mercedes, o catalão, portanto, torce por um acerto com a Williams para estrear em um carro da F1. Enquanto isso, quem gostava de ver jovens pilotos tendo uma chance de andar com o equipamento da principal categoria do automobilismo mundial sem precisar desembolsar fortunas certamente lamenta a pena aplicada à equipe alemã.