
A GP2 nunca decepciona. E nesta sexta-feira (24) não foi diferente. Quem acordou cedo para acompanhar a primeira bateria da etapa de Mônaco pôde se divertir com um mega-acidente na largada, envolvendo 17 dos 26 carros que disputam o campeonato. A batida começou com Johnny Cecotto Jr, que havia largado na pole-position, e errou a tangência da primeira curva. A partir daí, praticamente todo mundo que vinha atrás acabou se envolvendo.
Após a prova, os comissários consideraram o venezuelano culpado pelo acidente e o baniram da corrida curta, deste sábado.
Embora Cecotto seja um dos pilotos mais polêmicos da GP2, a pena foi mal recebida até mesmo por quem o critica. Outros pilotos, além de jornalistas que cobrem a categoria, consideraram que o que aconteceu nesta sexta foi apenas um erro de corrida, que acabou causando um grande acidente. Portanto, a suspensão de uma prova é exagero.
Como os comissários não divulgam exatamente o motivo da punição – apenas afirmam que o venezuelano foi o responsável pelo acidente da largada –, apontar tudo o que deliberaram não deixa de ser apenas especulação. Por isso, é impossível cravar que o piloto da Arden recebeu um gancho por este ou por aquele motivo.
De qualquer forma, na minha opinião, o que pesou em Mônaco foi o conjunto da obra. Cecotto já havia se envolvido em ao menos dois outros incidentes nesta temporada e passado relativamente ileso por eles. O primeiro aconteceu logo na abertura do campeonato, na Malásia, quando o sul-americano empurrou Sam Bird propositalmente para fora da pista ao não ter ficado satisfeito por ter sido bloqueado na volta rápida da classificação.
Depois, há duas semanas, na Espanha, o venezuelano se estranhou com o não menos polêmico Sergio Canamasas. Quando o espanhol tentou ultrapassá-lo, Cecotto jogou o carro para cima, fechando a porta do rival. Embora os comissários tenham considerado a manobra como legal, houve quem pedisse – incluindo próprios atletas – que ele fosse banido da etapa de Mônaco.
Como o venezuelano escapou da punição, mas causou o que causou nesta sexta-feira, então os comissários resolveram aplicar um gancho não só pelo que aconteceu hoje, mas por toda a obra. Por isso, quem analisa o que o piloto fez apenas na primeira corrida de Mônaco acha que a punição foi exagerada.

O problema é que muita gente que criticou a pena recebida por Cecotto aplaudiu quando Mans Grenhagen recebeu um gancho parecido na última etapa da F3 Europeia, em Brands Hatch. Na corrida 1, o sueco tomou um drive-through por ultrapassar um rival quando havia bandeiras amarelas acionadas. Apesar disso, os comissários deixaram claro que a exclusão do piloto da Van Amersfoort da segunda bateria foi também por “vários outros incidentes ao longo da temporada 2013”.
Porém, como eu disse anteriormente, não é possível saber o que a direção da GP2 decidiu na hora de suspender Cecotto. Por isso, há espaço para uma segunda interpretação. Neste caso, o venezuelano teria sido excluído da corrida do sábado pelo resultado do que aprontou: ter tirado outros oito carros da prova, incluindo gente como Fabio Leimer, Marcus Ericsson, Alexander Rossi e Robin Frijns, que em tese lutam pelo título.
Traçando um paralelo com as outras infrações de Cecotto, essa é uma teoria bem aceitável. Como a manobra na Espanha – contra Canamasas – não tirou ninguém da prova, então não houve motivo para punição. Na Malásia, contra Bird, ele estragou a classificação do britânico e por isso recebeu uma punição semelhante, com a perda de dez posições no grid de largada.
Infelizmente, com essa Lei de Talião, a GP2 não está ajudando ensinar os jovens pilotos. Pelo contrário. O que a categoria passa é que eles apenas reagem a cada acidente na pista, como uma forma de limpar a própria imagem. É como se dissessem “viu só? Nós vimos o que acontecemos e já aplicamos uma punição”, mas sem se preocupar se foi ou não apropriado.