
A.J. Allmendinger foi o grande destaque do primeiro dia de treinos coletivos da Indy em 2013, nesta terça-feira, dia 19. O americano, que passou os últimos seis anos competindo na Nascar, foi convidado pela Penske para testar o carro que havia sido de Ryan Briscoe na temporada passada.
Além da migração curiosa, já que é mais comum os atletas trocarem a Indy pela Nascar e não o contrário, o retorno de Allmendinger ainda ganhou importância por se tratar da volta por cima do próprio piloto após ter sido afastado pela Nascar, no ano passado, ao ser flagrado pelo exame antidoping.
Ainda que haja esse fator dramático, é inegável que a chance dada por Roger Penske é uma questão técnica. Há um carro vago na Penske para 2013, e o dirigente espera que o americano seja o melhor nome disponível no mercado para ocupá-lo. Há também alguma gratidão? Sim, mas RP não marcaria o teste se não acreditasse que Allmendinger fosse capaz.
Por isso, é natural que a maior comparação nesse momento seja entre A.J. e Dario Franchitti, que também trocou a Indy pela Nascar, em 2008, mas retornou à categoria no ano seguinte, vencendo três campeonatos de maneira consecutiva pela Chip Ganassi.

Mas há algumas diferenças entre esses dois pilotos. Quando o escocês deixou a Indy, ele já era campeão e ficou apenas uma temporada fora. O californiano, por outro lado, era apenas um nome muito promissor, em 2006, tentando se firmar. E isso há seis anos. Além disso, a experiência de Allmendinger em monopostos é com os carros da Champ Car, enquanto a ndy mudou de carro no ano passado.
Por isso, talvez a melhor comparação neste momento seja com Rubens Barrichello. Quase exatamente um ano atrás, o brasileiro foi a grande atração dos treinos da Indy em Sebring, quando pilotou pela KV, a convite de Tony Kanaan, logo depois de perder a vaga na Williams na F1.
Depois disso, deu no que deu. Barrichello sofreu com uma KV perdida principalmente em estratégias, fez uma temporada digna para um novato, mas sequer subiu ao pódio. Pouco para alguém que era comparado a Nigel Mansell depois de ter liderado os treinos coletivos na Flórida.
E olha que Allmendinger sequer chegou perto do desempenho do brasileiro nesta terça-feira. Enquanto Barrichello deixou Sebring há um ano tendo sido o mais rápido, o americano foi o 12º entre os 13 pilotos que testaram. Nada mais natural para alguém que ficou tanto tempo fora.
Mesmo com essa discrepância, o provável piloto da Penske vai assumindo o espaço que era do brasileiro na temporada passada: uma atração apenas. Alguém trazido por uma grande equipe da Indy na tentativa de aproveitar o que fez outra categoria e em outra época para tentar dar uma alavancada na audiência, além de atrair algum patrocinador.
Quanto ao desempenho, este deverá ser parecido entre os dois pilotos. Não tenho muitas dúvidas de que se Barrichello tivesse escolhido uma equipe mais estruturada para 2013 poderia ter resultados muito melhores se permanecesse na categoria. Com Allmendinger, será parecido, ainda mais com a ajuda da Penske.
Como as 500 Milhas de Indianápolis sempre deixa o resultado em aberto até os últimos momentos, Allmendinger tem alguma chance de vencer já neste ano, ainda que muito pequena. Nas demais etapas, deve andar no meio do pelotão, assim como fez o brasileiro.
Caso ele tenha a chance de permanecer na categoria por mais alguns anos, o rendimento deve melhorar. O que para a Penske seria ótimo. Ter um piloto americano abre possibilidades de negócios e patrocínios para a tradicional equipe. Até porque Will Power e Ryan Briscoe, embora bons pilotos, sempre disputaram um mesmo nicho de investidores.