Jann Mardenborough foi personagem de um post aqui do World of Motorsport, no fim do ano passado, quando afirmei que o jovem piloto britânico podia reescrever a história do automobilismo. Você pode clicar aqui para relembrar.
Para quem não se recorda, Mardenborough é um dos integrantes do programa GT Academy em que a Nissan, junto com a Sony/Playstation tenta revelar novos pilotos a partir do jogo Gran Turismo, de PS3. Jann foi um dos vencedores desse programa, competiu no campeonato britânico de GT no ano passado, e por causa do bom desempenho foi escalado para disputar algumas corridas nos monopostos neste ano.
A estreia aconteceu na edição de 2013 da Toyota Racing Series, lá na Nova Zelândia, e o garoto vem sendo uma das gratas revelações da temporada. Mesmo jamais tendo competido nesse tipo de carro, ele se colocou como um piloto constante no pelotão intermediário, chegou a largar na segunda colocação em uma corrida e tem como melhor resultado a sexta posição em três ocasiões. Além disso, ele lidera a classificação entre os novatos.
Ainda é cedo para falar que Mardeborough está revolucionando o esporte, mas ao menos o automobilismo inglês mudou por sua causa.
Nesta semana, os organizadores do GT britânico anunciaram que os pilotos do programa da Nissan estão proibidos de disputar a temporada completa do campeonato de 2013. O problema é que a existência desses garotos no esporte é algo tão extraordinário que não tem como aplicar as regras do automobilismo a eles.
Vou explicar. O regulamento do GT inglês está baseado em duplas Pro-Am, assim como acontece aqui no Brasil. Ou seja, para um carro ser inscrito ele precisa, além de um piloto profissional, ter também um gentleman driver endinheirado, que corra por diversão. Para isso, os competidores são classificados em Bronze, Prata, Ouro e Platina. Assim, se você tiver experiência na F1, automaticamente é Platina. Mas se o automobilismo for apenas um hobby, então você é Bronze. Quem define a classificação de cada atleta é a entidade que organiza o campeonato baseada em critérios da FIA.
Como os pilotos do GT Academy jamais guiaram um carro de corrida de verdade, eles foram considerados Bronze. Aí veio o problema. No ano passado, Mardenborough competiu ao lado de Alex Buncombe, um veterano de corridas GT4. O desempenho dos dois foi tão impressionante, que a organização do campeonato precisou mudar a classificação de Jann para Prata durante a temporada, além de aplicar uma série de punições para tentar segurar a dupla. Mesmo assim, eles terminaram com o vice-campeonato.
Para esse ano, a Nissan queria inscrever dois carros para os quatro pilotos vencedores da última edição do GT Academy: Wolfgang Reip, Mark Shulzhitskiy, Peter Pyzera e Steve Doherty. A resposta do certame foi direta: não, afinal eles são muito rápidos para correr.
Segundo o campeonato inglês, a inscrição foi recusada porque é impossível classificá-los. Por não terem experiência, deveriam ser Bronze, mas o desempenho de Jann em 2012 mostrou que eles podem estar no mesmo ritmo dos demais competidores profissionais. Ou seja, se quiserem competir no GT britânico, os quatro pilotos não vão poder disputar todas as etapas nem somar pontos no campeonato.
Frustrada com a decisão do certame, a Nissan já afirmou que está buscando uma nova categoria para competir.
Eu não tenho dúvidas de que essa é a grande história do automobilismo nos próximos anos. Se em poucas edições a Nissan conseguiu filtrar alguém como Jann Mardenborough, imagina o que pode acontecer quando esse tipo de seleção começar a ser feita por grandes equipes do automobilismo. Pode demorar um pouco, mas ver uma equipe do esporte de base anunciando um campeão mundial de kart ao lado de um garoto de 15 ou 16 anos que fez a carreira nos simuladores domésticos e destruiu todo mundo como uma dupla imbatível é algo que vai acontecer.
Se o cara tem grana, pode comprar uma vaga na F1 e tudo bem, agora se o cara tem habilidade no video game + anda super bem na realidade só que não tem grana, dai não pode nem correr no Gt ingles….. complicado..
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Felipe, primeiramente, parabéns pelo blog e por esta matéria.
Faz tempo que eu jogo o Race07 e posso dizer que a “realidade” me impressiona. Assim, não me admira haver garotos capazes de desbancar até quem tem muita experiência de pista. Além do que, nestes games, a pessoa convive com acerto de carros e tomadas de tempo baseados no melhor traçado, praticando a todo instante o tempo certo de freada e aceleração nas saídas de curva.
Contudo, o que era para ser brincadeira pode sim influenciar sobremaneira o esporte nos próximos anos, dando oportunidade a quem normalmente jamais teria chance de começar uma longa carreira de investimentos, partindo do kart. Isso pode, inclusive, salvar o Brasil da falência no esporte futuramente. Basta enumerar o número de competidores e competições virtuais que temos hoje no país. Restando a Nissan e outros, nos descobrir no mapa mundi.
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Tem uma coisa que eu acho curioso no seu comentário. Você diz que para salvar o Brasil da falência do esporte futuramente depende da Nssan e de outros nos descobrirem no mapa. Em outras palavras, você sugere que a gente sente e espere um milagre acontecer. Se ele não vier, o esporte vai pro buraco.
Eu já acho que alguém aqui dentro do Brasil precisa tomar a iniciativa. Seja descobrir pilotos pelos simuladores, seja organizar o kartismo e as categorias de base de um modo eficiente. Acho que já ficou claro que o modelo atual, vigente desde a época de Piquet e Senna, não funciona mais.
Se eu acho que alguma coisa vai mudar no esporte de base? Não. Pelo menos nos próximos muitos anos ainda vamos esperar pilotos talentosos surgirem por acaso, como Felipe Nasr e cia.
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Caro Giacomelli, não é bom que pensemos assim, pois espero de verdade ver uma grande revolução na F3 Sul-Americana, já na temporada 2013…!!
Sinceramente, após este feriadão, espero ansioso alguma notícia da VICAR, referente à nossa sensacional F3…! Digo sensacional porque, como já disse o Robertinho Mourão, promotor do F3 Brazil Open, quem pilota bem um F3 SUDAM, anda bem em qualquer outra categoria…! Nosso carro é o mais rápido dentre todos os F3 (Europeus e Asiáticos) e “ninguém” é doido de deixar acabar nossa categoria de base…!! E digo mais: quiça não teremos novamente, ainda este ano, 20 carros no grid…??!!!
Quanto ao Kart, parabenizo aos pilotos criadores do SKB, pois creio que, a continuar assim, este se tornará o maior evento da modalidade no Brasil…!!
Apesar dos pesares, vamos continuar acreditando no nosso automobilismo, pois temos pessoas inteligentes, competentes e grandes, grandes talentos!!!
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Olha, eu ficaria muito feliz se tivermos um grid de 20 carros na F3 Sudam, mas para isso acontecer é preciso de um verdadeiro milagre no automobilismo brasileiro. Basta ver que não tem piloto. Os poucos que existem não têm dinheiro. E tem tudo isso de carro por aí?
Outra coisa, esse discurso de quem anda bem aqui anda bem em qualquer lugar é mentira. Basta ver o desempenho de Leonardo Cordeiro, Pedro Nunes e Fabiano Machado na Europa. São dois campões e um vice da F3 que juntos somaram…. cinco pontos na GP3.
Por fim, não sei se o carro daqui é o mais rápido, mas certamente é o mais defasado. O F308, da divisão A, já foi substituído pelo F312 nesses países, enquanto o F301 foi aposentado na Europa faz quase dez anos.
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Felipe, é difícil falar tudo num breve comentário… Mas temos que levar também em consideração que o “andar bem” não se resume em ser campeão ou vice quando estamos falando da F3 Sul-Americana…!!
Basta ver quantos pilotos e qual a qualidade dos mesmos que tivemos disputando os últimos campeonatos de F3…
Dos que você citou, o Pedro tem, ou tinha, muito patrocínio, mas pouco talento; já o Fabiano Machado foi campeão em 2011 correndo contra meia dúzia de pilotos sem expressão… Destes, penso que o melhor é o Cordeiro, mas mesmo assim só foi campeão em sua 3ª temporada na F3…
Assim, melhor dizendo, “andar bem” no meu ponto de vista é ganhar, ou pelo menos andar junto, de bom nível e com experiência, como fez, por exemplo, Felipe Guimarães em 2007… Com apenas 16 anos, venceu corridas e andou junto com pilotos bem mais experientes como o excelente Clemente Faria Jr, além de Mário Romancini, William Starostik, Fernando Galera, Fábio Beretta, Denis Navarro, entre outros…
Quanto ao número de carros de F3 SUDAM, creio que, se “apertar”, teríamos uns 15…!
Já o número de pilotos, será um problema se não houver incentivo da Organização…
Porém, se acontecer o “milagre”, no qual eu creio, carro não será problema, pois podemos ter pilotos da Argentina, Venezuela, Colômbia e até da Europa, além do retorno das equipes que migraram para a Stock Car…!!!
OBS.: O F3 “A” é chassi Dallara F 309 AS
Cara, acredita!!!!!
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Felipe, você tem razão. Apenas isto não basta. Mas, o programa tem realmente se mostrado um bom caminho; capaz de revelar muitos talentos escondidos por aí. Mérito de quem o organiza.
No fundo, sinto por não termos, ainda, algo parecido por aqui.
Eu mesmo, adoraria me inscrever.
Abs.
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Felipe, obrigado! A notícia desta “revolução” veio acalmar meu coração. É a única chance de vermos quem tem talento, mas não nasceu em berço de ouro, ascender no automobilismo e chegar às categorias mais altas. Dependermos somente dos filhos dos industriários, bancários e outros milionários, seria propiciar a cristalização e o extremo do poder do dinheiro, por exemplo, como está acontecendo exageradamente nos novos pilotos que chegam à F1. Uma luz no fim do túnel.
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Sou um dos torcedores dos pilotos vindo dos simuladores! Para uma maior democratização de um esporte tão elitizado quanto apaixonante que é o automobilismo. Continue nos informando da saga dos pilotos virtuais no mundo real, Felipe!
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Não é de hoje que digo que a F1 se tornou um “Vídeo Game”!…
Ou os organizadores tomam alguma providência ou num futuro próximo não será necessário mais pilotos vindos das categorias de base como o Kart e as demais Fórmulas…!
A volta do câmbio manual, entre outras coisas, seria de grande relevância, embora contrarie os interesses das grandes equipes como Ferrari, Renault, Mercedes…!
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O treinamento de pilotos em simuladores já é uma realidade há anos. Todos sabem que com as restrições de treino na F1, a base dos treinos dos pilotos e até preparação dos carros é feita em simuladores. Quem se lembra da disputa entre Hamilton e Alonso na McLaren, quando o primeiro fazia às vezes treinamentos de 1000 voltas virtuais antes de ir pra pista real? E a contratação atual de Pedro de La Rosa como piloto de teste da Ferrari? Todos sabem que a Ferrari tinha uma série de outras opções mais jovens, mais baratas e até mais rápidas. Mas a própria Ferrari já disse que a missão dele como piloto de teste é justamente melhorar o simulador da Ferrari, que parece não estar no nível da equipe…
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Quando falo de simuladores domésticos falo de iracing, rfactor e até mesmo alguns jogos de ps3, algo que qualquer pessoa pode ter. Nao as maquinas das equipes.
E vendo o teste em jerez hoje de manhã, parece que o De La Rosa não foi um bom exemplo…
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Ah sim. Desculpa aí!
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“a Ferrari tinha uma série de outras opções”
Fala sério, cara, a Ferrari não tinha interesse nenhum em um novo piloto de testes além do Gené, o único fator que motivou a contratação do de la Rosa foi “o Alonso pediu”.
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