A F1 encerrou nesta semana, em Abu Dhabi, o chamado treino dos novatos. Essa atividade foi criada, há dois anos, a partir de uma reclamação da FIA e de outros figurões das categorias de base para que os jovens pilotos passassem a ter mais oportunidade de testar os carros da F1, principalmente após a proibição de treinos ao longo da temporada. Por isso, apenas atletas sem experiência na categoria – além de Gary Paffett – podem participar.
Só que o treino dos novatos foi desfigurado em 2012. A discussão começou já no fim do último campeonato, quando a FIA divulgou o calendário da atual temporada. Com a inclusão do GP dos EUA, ter o treino em Abu Dhabi apenas uma semana antes da viagem a Austin, se tornou um pesadelo logístico. Assim, algumas equipes quiseram mudar a data para o mês de julho, em Silverstone, em plena temporada europeia.
Dez das 12 equipes concordaram com a mudança, apenas Red Bull e Toro Rosso bateram o pé e afirmaram que só aceitavam testar em Abu Dhabi. Sem escolha diante desse impasse, a FIA liberou que cada equipe escolhesse quando e onde iriam andar.
Por causa disso, o treino foi dividido em três partes. Williams, Marussia e HRT seguiram o plano original e testaram em Silverstone, em julho. No entanto, essas equipes só puderam ter dois dias de pista, já que a atividade foi marcada em cima da hora. Outras três equipes – Ferrari, Mercedes e Force India – optaram por seguir para Nevers Magny-Cours, entre os dias 11 e 13 de setembro, para evitar a logística de Abu Dhabi, mas garantir os três dias de treinos. As últimas seis – Red Bull, McLaren, Lotus, Sauber, Toro Rosso e Caterham – estiveram na Marina de Yas, nesta semana.
Devido a essa fragmentação, é difícil analisar a atividade como um todo. Por exemplo, como avaliar o desempenho de Valtteri Bottas, que liderou todos os dias que participou, com cerca de 2s de vantagem para os demais adversários, mas só competiu contra os piores carros do grid? Para tentar responder isso, o World of Motorsport faz uma lista de cinco pilotos que se destacaram ao longo dos oito dias de treinos dos novatos de 2012.
1) Kevin Magnussen – McLaren
Ninguém aproveitou o treino dos novatos tanto quanto o jovem dinamarquês. Depois de fazer uma boa temporada na World Series by Renault, quando terminou com três pole-position e uma vitória, Magnussen chegou a Abu Dhabi menos badalado que seus companheiros de categoria António Félix da Costa e Robin Frijns.
Para piorar a situação, o dinamarquês ainda teria que enfrentar concorrência dentro da própria McLaren, já que Oliver Turvey e Gary Paffett – ambos com larga experiência na F1 – também iam testar. Só que Kevin não se importou com nada disso. O piloto terminou na liderança geral no primeiro dia, em Yas Marina, e foi o vice-líder no terceiro dia de atividades.
Na comparação dentro da equipe inglesa, Kevin colocou 0s7 de vantagem em Paffett e 0s8 em Turvey, tendo testado com o mesmo carro e no mesmo dia dos companheiros. Assim, o dinamarquês sai do país asiático deixando de ser apenas mais um na linha sucessória da escuderia para se tornar, sim, uma opção para um futuro não tão distante.
2) Jules Bianchi – Ferrari e Force India
Se Magnussen foi o maior nome dos treinos de Abu Dhabi, Bianchi aproveitou as atividades de Nevers Magny-Cours para impressionar. A eterna promessa da Academia da Ferrari tinha chegado ao circuito francês em um início de temporada bastante irregular da World Series by Renault: havia conquistado duas vitórias, mas terminado quatro vezes fora da zona de pontos.
Mesmo assim, nos testes ele não fez feio. Treinando pela Ferrari, o piloto dominou os dois primeiros dias, colocando mais de 1s no segundo lugar. Até aí tudo bem, isso era mais do que esperado. Só que o grande momento de Bianchi aconteceu no terceiro dia de treinos, quando trocou a escuderia italiana pela Force India.
Aí, trabalhando com o mesmo time em que participa dos treinos livres da F1, o piloto deslanchou. Mesmo com uma equipe mediana, o gaulês voltou a dominar os treinos, sendo 1s4 mais rápido que o próprio carro da Ferrari, dessa vez comandado por Davide Rigon. Sam Bird, na Mercedes, também não foi páreo para o colega de World Series, fechando 1s atrás.
Com esse desempenho, não restam dúvidas de que Bianchi está pronto para a F1. O problema é que não há muitas vagas para o próximo ano. A única chance, provavelmente, seja a própria Force India.
3) Davide Valsecchi – Lotus
A participação de Valsecchi no treino dos novatos não deixou de ser uma surpresa. O atual campeão da GP2 não havia sido especulado em nenhuma equipe, mas acabou descolando uma vaga na Lotus ao lado de outras eternas promessas como Edoardo Mortara e Nicolas Prost.
Contando com o bom equipamento da equipe britânica, que havia vencido o GP de Abu Dhabi com Kimi Raikkonen, o italiano pôde mostrar que o título do campeonato de acesso não veio por acaso. Competindo contra Magnussen e Esteban Gutiérrez, além de Robin Frijns – no duelo particular entre o campeão da GP2 contra o vencedor da World Series –, o piloto terminou na liderança do terceiro dia de treinos em Yas Marina, na única vez em que testou.
O resultado, porém, não deve ser o suficiente para garanti-lo na F1 no próximo, pelo menos como titular. Com apenas Force India e Caterham com vagas em aberto, o italiano pode usar o desempenho em Abu Dhabi para tentar comprar a função de reserva em algum time. Por outro lado, talvez seja melhor pensar no automobilismo fora da F1 e levar um currículo recheado e vitorioso para algum outro campeonato.
4) Valtteri Bottas – Williams
Como eu disse lá em cima, é bastante difícil falar qualquer coisa sobre Bottas, já que o piloto da Williams teve apenas os carros da Marussia e da HRT como rivais em Silverstone. No entanto, o finlandês fez o que era esperado. Dominou os treinos sem maiores problemas, colocando um século de vantagem para os rivais e mostrando que está cada vez mais próximo da função de titular da equipe inglesa.
Porém, é difícil comparar o Bottas do treino dos novatos do piloto que ele se tornou neste final de campeonato. Na época dos testes, ele ainda era o reserva da Williams, que tentava se adaptar à F1 após o título da GP3. Agora, alguns meses depois, o nórdico já se credenciou como um piloto de F1. Pior para Bruno Senna, que deverá abrir a vaga na equipe inglesa.
5) António Félix da Costa – Red Bull
Alguns leitores portugueses aqui do blog dizem que eu implico com Félix da Costa. Acho que eles têm razão. Por exemplo, o piloto luso teve os mesmos resultados de Magnussen em Abu Dhabi: terminou o primeiro dia na vice-liderança e foi o mais rápido no segundo dia, então, por qual motivo o piloto da McLaren ficou com a primeira colocação dessa lista, enquanto o da Red Bull fechou o top-5?
A resposta é simples. Todo mundo esperava que FDC terminasse na frente nos dois dias de treinos, enquanto o dinamarquês, no máximo, estaria ali no meio do pelotão. O que aconteceu foi o contrário. Magnussen encenrrou na ponta, vencendo o confronto direto contra o próprio piloto português.
Isso, no entanto, não tira o mérito de Félix da Costa. Sem dúvida nenhuma, ele foi o jovem piloto de 2012. A grande questão agora é saber o que vai fazer em 2013. Será que ele terá a oportunidade de participar de treinos livres pela Toro Rosso? Ou então repetirá Daniel Ricciardo e entrará como titular da HRT? O mais provável é que ele dispute novamente a World Series by Renault enquanto trabalha no simulador da Red Bull.
Para encerrar a lista, quem também merece uma menção especial é Luiz Razia. O brasileiro foi um dos poucos pilotos – ao lado de Bianchi e Frijns – a testar por duas equipes diferentes e teve o melhor desempenho em Magny-Cours, quando ficou apenas 0s5 atrás da Ferrari, andando pela Force India. Talvez seja baseado nesse desempenho, que o vice-campeão da GP2 espera arrumar uma vaga na F1 em 2013.
Caro Filipe, não quero opinar sobre se implica ou não com o Félix da Costa. Isso é consigo, e o blog é seu.
Mas há opiniões que são estranhas.
Há alguns posts atrás, afirmou que o mais rápido destes testes iria ser o Frijns, ou então um dos pilotos Mclaren. Nem sequer mencionou o Félix da Costa. Agora afirma que o Félix da Costa ficou abaixo das expectativas porque ”todo o mundo” esperava que ele fosse o mais rápido. Devo concluir que o Filipe não é deste mundo? Ou que todo o mundo quase acertou e o Filipe falhou na aposta principal?
O Félix da Costa ficou, num Red Bull carregado de sensores / aparelhos de teste, provavelmente a trabalhar para as corridas de Austin e Interlagos, a apenas 18 milésimos de segundo do Mclaren mais rápido. No fim de semana de grande prémio, o melhor Red Bull na qualificação tinha ficado a 348 milésimos do melhor Mclaren, uma diferença 19 vezes maior.
Isto tudo para dizer que o Félix da Costa parece ser melhor no ramo dele do que o Filipe parece acreditar. Mas tudo bem. Só que, pelo que leio noutros seus posts, também o Filipe é melhor do que parece lendo só a sua opinião sobre o piloto português.
Força para o blog. Espero que fale de Macau, é já este fim de
semana.
Cumprimentos.
Luís Almeida
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Realmente eu discordava do Felipe Giacomelli quando ele dizia que implicava com o Félix da Costa. Mas agora observando melhor este mesmo post, já penso o contrário: implica com o Félix.
Digo isto porque se teve com atenção aos treinos viu obviamente que o carro do Félix esteve sempre pesado e sempre com alguns “add’s” para uma melhor coleta de dados de aerodinamica. E mesmo assim vemos quanto é ele veloz comparado com um carro perfeitamente funcional da Mclaren nesta pista.
Em título de comparação para vermos quanto ele é bom veja-se com o mesmo carro a quantos décimos ficou atrás do Félix o Frijns.
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Só mais um coméntario.
“A resposta é simples. Todo mundo esperava que FDC terminasse na frente nos dois dias de treinos, enquanto o dinamarquês, no máximo, estaria ali no meio do pelotão. O que aconteceu foi o contrário. Magnussen encenrrou na ponta, vencendo o confronto direto contra o próprio piloto português.”
Peço desculpa mas este comentário é piada não Felipe? Eu posso estar errado mas com este comentário vejo que realmente não gosta do FDC. Porquê? Ao fazer este comentário nota-se claramente que para diminuir o português você diminui o próprio dinamarquês!!! Ou seja, disse que o Magnussen só com muita sorte ficaria no meio da tabela quanto mais na frente. Isto é muito mau. Qualquer pessoa atenta ao mundo das bases da formula 1 saberia de antemão que o Magnussen seria ou o 1º ou o 2º. Ele é um excelente piloto também e tinha um Mclaren. Por amor de deus, é óbvio que ele iria acabar em cima, e não como os seus colegas de equipa menos talentosos que ele.
Ps: leve isto como uma crítica construtiva e não como uma crítica barata, eu adoro o seu blogue não me interprete mal 🙂
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Ótimo blog, mas é fato que o colunista implica com o Félix da Costa. Colocá-lo em quinto nessa lista é a maior prova disso…
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Podiam fazer os testes de novatos em Interlagos em 2013…*sonho*
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Felix da Costa passou o tempo quase todo com o carro pesado a experimentar muita coisa para a Red Bull. Alem disso teve problemas com o KERS na altura em que montou os macios e fez a sua melhor volta. De resto, estes testes nao foram assim tao representativos quanto aos tempos, porque as equipas em geral estavam mais preocupadas em testar coisas do que dar as melhores condiçoes para os jovens tentarem voltas muito rapidas. O ano passado e ha dois anos foi diferente porque Abu Dhabi tinha sido a ultima corrida das respetivas temporadas. Em 2010 Felix da Costa ja tinha testado com a Force India e fez ate um tempo mais rapido do que o Paul di Resta. Portanto ja tinha mostrado um excelente potencial logo no seu primeiro teste, ainda com 19 anos.
Agora acredito que sera o melhor dos pilotos novos que estao as portas da F1 e nao e por ser portugues que o digo. Nunca tinha visto um jovem ganhar duas corridas do mesmo fim de semana por duas vezes, em categorias tao diferentes como a GP3 e a WSR, num tao curto espaço de tempo e com grelhas invertidas para os 8 primeiros nas segundas corridas. Nem entrar a meio nas WSR e ganhar 4 das ultimas 5 corridas. Acho que poderia fazer melhor do que o tao badalado Valtteri Bottas se entrasse numa equipa media da F1 ja em 2013. E bom que se diga que Bottas so entrara como titular porque Toto Wolff investiu na sua carreira e quer aproveitar a experiencia que o jovem adquiriu nos treinos livres que fez e que custaram tantos pontos a equipa e ao piloto que lhe cedeu sempre o carro. O finlandes e certamente veloz mas dificilmente tera a consistencia necessaria para fazer melhor do que Bruno Senna poderia fazer numa segunda epoca com a equipa, sobretudo nao tendo mais a obrigaçao de ceder sempre o carro nos FP1. Enfim, esperemos que tudo acabe bem para todos, com Bottas na Williams e Senna na Force India.
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Correçao: em 2011 o ultimo GP foi no Brasil e nao em Abu Dhabi. Talvez por isso so em 2010 se tenham visto tempos tao bons dos jovens pilotos, especialmente o Ricciardo, que bateu largamente o tempo da Pole do Vettel, aproveitando tambem uma pista com mais aderencia.
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realmente o felix arrebentou nesse segundo semestre.favorito ao titulo da ws em 2013
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Felipe, parabéns pelo Blog! Achei por acaso e já está nos meus favoritos! Um abraço!
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Oi Ricardo, obrigado pelo elogio!
Volte sempre
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